O tiro saiu pela culatra. A nova aventura de Croft é muito inferior ao original e detona a franquia.
Entre todas as seqüências de filmes de ação que estão saindo nos cinemas nestes últimos meses, Tomb Raider: A Origem da Vida é uma das piores, definitivamente. Filmado e interpretado sem nenhuma personalidade, esta seqüência é bastante inferior ao filme original, que era algo ainda relativamente novo e divertido para a época em que foi lançado (no “longínquo” ano de 2001). A Origem da Vida é dirigido por Jan de Bont que, de bom, até hoje fez apenas Velocidade Máxima. Seus outros trabalhos incluem os horríveis Twister (ok, não é horrível, apenas ruim), Velocidade Máxima 2 (arrrgh!) e A Casa Amaldiçoada (filme de terror que não assusta). Os executivos do estúdio arriscaram bastante ao contratá-lo para dirigir o novo Tomb Raider, e deu no que deu: o resultado do seu trabalho foi uma grande bagunça e, talvez, tenha afundado esta série – o que pode-se dizer que é algo positivo, pelo menos.
O filme é recheado de cenas de ação que não são nem um pouco úteis à história geral, ou melhor, ao fiapo de história, que tem relação com a Caixa de Pandora que está escondida, deve ser achada por Lara Croft para prevenir que caia em mãos erradas, podendo assim evitar a morte de milhões de pessoas, pois essa caixa conteria... Sim, ela mesma: a origem da vida. Interessante? Sim, claro, mas só no papel. O filme deixa a história de lado (apenas retomando seu importante significado lá pelo final, quando é tarde demais para salvar o filme) para exibir uma sucessão de cenas de ação chatas e desnecessárias (forçadas seria um termo mais correto).
O filme começa explorando a sensualidade de Angelina Jolie muito bem, o que é um fator positivo, levando-se em conta que seu público-alvo são os adolescentes do sexo masculino que babam pela figura digital de Croft e agora podem vê-la em carne-e-osso vivida pelo mulherão que é Jolie. Mas depois das primeiras seqüências, a sensualidade da atriz some em meio a vilões, mocinhos e situações sem nenhum carisma, que farão muitos terem sono enquanto assistem ao filme. O que é uma pena, pois o filme original me fez ficar atento o tempo todo. Na seqüência, é provável que todos fiquem atentos ao relógio, contanto os minutos para o tempo passar mais rápido.
A Origem da Vida continua no mesmo esquema do filme original: personagens que são grandes caricaturas, ou estereótipos, de bandidos e mocinhos que exageram nas ações e reações, o que faz lembrar os personagens que encontramos nos games da série. Também há um pouco de humor entre e durante as cenas de ação (o que torna o filme uma grande piada, só que sem graça) e um pouco de conversa mais filosófica, explorando muito mal os elementos sentimentais da história. A lenda em torno da origem da vida ter-se originado de uma caixa é, no mínimo, curiosa, mas como já foi comentado, é explorada apenas superficialmente, lá pelo final do filme. O mais preocupante é que o roteirista de A Origem da Vida está escrevendo o roteiro de Missão: Impossível 3, uma das melhores séries de ação da atualidade (onde os exageros e as caricaturas funcionam), que será dirigida por Joe Carnahan, o mesmo diretor do sucesso, ainda não visto aqui no Brasil, Narc.
Bem, este é Tomb Raider: A Origem da Vida. Usar mais linhas para descrever o filme seria uma perda de tempo para mim, que escrevo, e para você, que lê. Resumindo, é um filme bastante inferior ao original (enquanto alguns vão se chatear com isso, creio que a maioria concordará), com cenas de ação bobinhas para os dias atuais (a cena de Lara socando um tubarão é uma das mais ridículas dos últimos anos no cinema) e personagens sofríveis em todos os sentidos. Os efeitos especiais estão bacanas, esses sim bem superiores aos do filme original, mas longe de estarem perto dos melhores filmes da atualidade neste sentido. É um filme apenas para quem ama a personagem Lara Croft, para quem é louco por Angelina Jolie (mas não espere muita coisa, visualmente falando) e para quem gosta de ser torturado. Esperar pelo vídeo é uma dica valiosa.
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