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Terrifier 2

(Terrifier 2, 2022)
5,6
Média
27 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

A violenta palhaçada desmembradora do horror

7,0

A mais nova sensação de recauchute do cinema slasher vem do personagem Art – O Palhaço, dos filmes Aterrorizante (Terrifier, 2016) e Terrifier 2 (idem, 2022), e este presente texto pretender versar acerca do segundo material. O diretor Damien Leone escolhe a bestialidade extrema para representar o mal inexplicável onde, nesta continuação, o tesão pela nojeira de sangue e tripas é maior e mais apelativo. É o superlativo em relação a primeva fita da saga do palhaço. Nosso vilão viçoso e piadista escroto acaba por se tornar um mito de si mesmo na cultura popular interna, que existe como lembrança do mal. Até que volte a agir como se espera dele.

Propõe uma estratégia de enriquecimento dos personagens com toda uma conjuntura que nos faça crê-los como críveis. Nisso somos apresentados a um núcleo familiar que fatalmente vai se envolver com o monstro do picadeiro Art. A motivação desta escolha do diretor fora fundamentada pelo aumento de orçamento diante do primeiro filme, assim como ele parece ter assimilado as críticas a respeito da falta de substância do anterior. Diante disso a solução que Damien encontrou foi aprofundar algumas relações entre eles, dando excessivo tempo de tela para os mesmos. Quando a violência funciona e o ritmo é frenético, a fita pode funcionar com personagens fuleiros ou não, porém Damien arrisca um pouco mais aqui e consegue alguns pontos mediante esta escolha. Primeiro: o sujeito dilata a duração para 138 minutos (aumentando a metragem em 56 minutos em relação ao anterior), assim acaba por inflar determinadas situações que chegam a se arrastar nalguns momentos (a cena do sonho é uma, assim como as variadas reclamações da matriarca da família principal para com os filhos), quase o tornando lento; o ponto segundo seria a vantagem que este tempo propõe desde que os personagens não sejam completos imbecis adolescentes, e nisso Damien logra êxito, já que as figuras possuem dramas genuínos e os defendem decentemente (algumas vezes por culpa do texto). Isto posto, é bom que fique claro que o sarrafo de qualidade do texto aqui é levando em consideração o subgênero, onde o principal mote é a objetividade da destruição carnal.

Já que o tempo é extenso pensar-se-ia que a aposta em meter o Art aqui e acolá seria um risco? Seria, se a presença dele não fosse tão magnética, na qual nos fizesse esperar pelo próximo momento de destroço. Ou seja, além da presença do animal ser funcional e devastadora, o espaçamento de suas aparições evita o desgaste da repetição... Mentira. Por mim aloprava bem mais. Mas, mantém-se balanceado apesar do cansaço citado do parágrafo anterior. Independentemente de toda a frescura que citei acima, o ponto primordial desse material é o Art – O Palhaço e sua aura de morte e desmembramento. Muito bem defendido pela performance de David Howard Thornton, que repete os trejeitos da fita anterior e os amplifica mediante o destroçamento acumulativo das mortes que aplica. Some-se a isto o magnetismo asqueroso que ele concebe mediante o equilíbrio entre barbárie e sarcasmo doentio oferecido, que funcionam bem nas sequências usadas, onde diante de um membro arrancado há em seguida uma risada silenciosa e bastante gesticulada ou um gesto jocoso, que pela personificação assustadora de Art, se faz funcionar. Inclusive acerca do sarcasmo doentio citado há uma percepção referencial ao O Máskara (The Mask, 1994), protagonizado por Jim Carrey, com direito a cena com cornetinha e tudo. Isso sem citar – chovendo no molhado – aos mais variados slashers oitentistas.

Para servir de mosaico visual para o descalabro temos uma gama de escolhas que priorizam uma relação das imagens em menções aos anos 80, desde a utilização de uma paleta de cores abusadas em vários momentos assim como nos usos dos clichês dos filmes da categoria na mesma década. Desde o operar dos adolescentes e suas manias e taras, aos vacilos dos mesmos para se lascarem. Sem falar da trilha sonora bem ajambrada e lotada de sintetizadores. É uma ode ao cinema de horror dos oitenta que consegue contrabalançar bem a gama de referências com sua estória e seu aporte de selvajaria absurda. A montagem vai se ajeitando pra encaixar isso tudo de forma objetiva acertando nos planos no Art dando espaço e tempo pra que ele aterrorize, além de se apoiar em conjunto com as escolhas pelo gore sem concessões. Mostrando tudo com calma. Uma tortura visual que alguns poderiam considerar – o marketing aproveitou bem isso – nauseante.

Enfim chegamos no extremo da selvageria. Graças ao departamento de efeitos visuais práticos e a turma da maquiagem, que tinham um desafio de suplantar o que fora feito no filme anterior que já era brabo nisso. Então para aumentar as apostas a fita visa ser criativamente brutal nas mortes – como adendo incluo a coloração do sangue em várias sequências como mais clara que o vermelho moderno habitual, algo que pode remeter à uma coloração similar à usada nos anos 80 (mais uma homenagem talvez?). Os ataques são formatados com diversos tipos de armamentos, desde armas explodindo cabeças, passando por armas brancas variadas fatiando membros e rasgando rostos e culminando nas próprias mãos do sujeito Art em cena dum desmembramento de um braço feminino após toda a tortura almejada, o que acaba por deixar aquele ser humano como se fosse desossado como um frango. As ações do Art, com toda a sua falta de humanidade, transformam as vítimas em animais quaisquer a serem abatidos com ferocidade e zombaria. A diversão da desumanização. O elemento para ser combatido necessitar-se-ia duma final girl decente que o combatesse. Este é mais um acerto da fita. Pra isso vale o esforço da construção da personagem Sienna (Lauren LaVera), que através de seus traumas e trajetória narrativa, vamos sacando que ela vai chegar junto ao fim. Mesmo que o tom sobrenatural encha o saco lá pelas tantas. E não sem antes apanhar pra caralho. 

Quando só amedrontar não se torna o suficiente, parte-se para a violência desenfreada, nisso o palhaço Art capricha na desgraça. Inclusive já abraça mais um vício. O vício pela saga. Vem mais por aí. Tripas e marmotas macabras à frente.

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