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Signo de Escorpião, O

(O Signo de Escorpião , 1974)
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Críticas

Cineplayers

Inferno astral em uma ilha paradisíaca

7,5

Dizem que, no período de aproximadamente 30 dias que antecedem nosso aniversário, vivemos algo chamado de “inferno astral”, quando as energias de um ciclo começam a se esgotar e, na espera de serem renovadas na data do nascimento, atraem para nosso corpo coisas negativas. Em O Signo de Escorpião (1974), a comemoração de mais um ano de idade de cada personagem não poderia estar mais distante, já que cada um carrega um dos 12 signos do zodíaco, mas todos eles viverão os limites físicos dessa bad vibe ao se encontrarem presos em uma ilha deserta enquanto um a um são mortos por um assassino que só pode ser um deles.

Carlos Coimbra não perde tempo e já nos primeiros minutos joga seus protagonistas no cenário da ação de todo o filme. Apresentando os rostos de cada um nos letreiros dos próprios créditos, que trazem, além dos nomes de intérprete e personagem, também seu signo solar e suas principais características. Enquanto o escorpiano Professor Alex, espécie de Olavo de Carvalho tão pirado quanto, explica que todos estão ali para a apresentação de sua mais nova obra: uma engenhoca bizarra que reúne todo seu conhecimento de horóscopos. Entre bebidas e pegação, logo a primeira pessoa aparece morta, eles descobrem estar presos na ilha isolada e está lançado o mistério principal da trama.

Ainda que evite mostrar as mortes de maneira explícita, talvez pelas limitações orçamentárias, o leonino Coimbra ilustra de maneira criativa os assassinatos, sempre trazendo-os em tela em conjunto com simbolismos interessantes com o signo de cada vítima (a pisciana é encontrada morta em uma rede de pesca, o virginiano sem o órgão genital) que sugerem toda uma gama de violência que faz o filme parecer ter bem mais sangue do que realmente tem. Por outro lado, parece haver um receio (medo da censura que era pesada na época?) do cineasta em ir mais adiante quando o assunto é a putaria inevitável ao juntar um grupo de homens e mulheres jovens, atraentes e cheios de tesão, se limitando a um strip-tease logo no começo que sugere um interesse do olhar para esses corpos, mas jamais vai além para justificar a ideia de punição pela depravação defendida por uma personagem.

O filme transita muito bem entre diferentes vertentes do gênero do horror, ora abraça slasher, ora cria cenas realmente tensas de ocultismo com direito a um “espantalho” que torna difícil não imaginar um desfecho sobrenatural ali. Além disso, é realmente impressionante a maneira como Coimbra em dado momento do clímax consegue transformar os sons do computador do Professor, que começam soando como algo saído de um episódio de Chapolin e aos poucos assumem o papel de uma trilha sonora tensa para a cena.

O desfecho irônico e abrupto soa meio deslocado e quase datado (e a música-título não ajuda muito), mas eu realmente queria que mais filmes tivessem cenas como um personagem dizendo, ao encontrar outro morto com uma âncora no peito, que vê “na composição do quadro um recado do criminoso: 'agora o barco está definitivamente ancorado!'". É um tipo de autoconhecimento bem humorado com zero cinismo que cairia bem demais em algumas produções tão preocupadas com uma pompa toda posada de suas imagens simbólicas.

Crítica integrante do especial Abrasileiramento apropriador do Halloween

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