Depois de se ver febre no final dos anos 80 e começo dos 90, Robocop havia caído no ostracismo. A máquina do futuro, justiceira, impiedosa, já não atendia mais aos anseios do público, que além da superexposição do personagem, teve que aguentar duas sequências que afundaram ainda mais sua imagem. Passados vinte e sete anos desde a obra-prima de Verhoeven, coube ao brasileiro José Padilha recomeçar a franquia. E depois de ver este novo RoboCop (idem, 2014), percebe-se o porquê de sua escolha: alguém, em algum momento, assistiu aos seus dois Tropa de Elite (idem, 2007, e Tropa de Elite 2, 2010), de temática muito parecida; para o bem ou para o mal, há muito mais da trama e essência da crítica política e social de Tropa nesse RoboCop do que havia no original.
Para o bem, é verdade que os anos fizeram bem aos efeitos especiais e eles estão todos espetaculares, especialmente o desenho de som. Cada ruído do robô é cuidadosamente colocado, o modo como ele se move pela primeira vez que ganha liberdade já deixa claro que aquela movimentação lenta e desajeitada é coisa do passado (ele agora corre e pula) e, apesar de não contar com a maquiagem que estendia o rosto do Murphy original de maneira impressionante, quando este novo RoboCop fica exposto e vemos do que ele é feito convence. Seu redesenho não ficou ruim, mas é uma pena que tenham alterado as cores originais do personagem (que ainda aparece antes de virar todo preto genérico e ter uma ótima tiragem por parte de um coadjuvante).
Detroit não é tão perigosa quanto no filme original. Os Estados Unidos, no filme, têm uma lei que proíbe o uso de máquinas nas ruas por elas agirem de maneira fria, sem emoção, mesmo que elas se mostrem eficientes em outras partes do mundo. A OmniCorp, empresa bilionária e que detém tecnologias robóticas de segurança, decide incorporar um lado humano através da brecha de um policial praticamente morto, Murphy, vítima da corrupção, tendo seu carro explodido em frente de casa e seu corpo 80% queimado. Sua única maneira de sobreviver é apelar para a tecnologia e convencer os senadores de que, sim, um robô com um sentimento mais humano pode ser útil e salvar várias vidas na rua. Foi a situação errada para ele na hora certa para empresa. Assim, Murphy se torna RoboCop.
Diferente do original, que partia em busca de autoconhecimento, este novo já se lembra, desde o início, do que houve e mantém um lado muito mais humano, próximo de um real mártir da sociedade. Ele não apenas pensa, como sente tudo o que está passando. Sobreviver dessa maneira foi a solução encontrada, mas será que há real mérito em viver assim? Por sentir e se lembrar de tudo, começa uma caçada em busca de vingança que passa por bandidos, corrupção policial e interesses políticos conforme a bola de neve vai descendo montanha abaixo. Percebe-se que o cheiro vai ficando mais forte a cada nova mexida naquela sujeira toda. E aí, vejam só, entra a experiência de Padilha em Tropa. Como dito antes, alguém certamente viu seus filmes e sugeriu seu nome pelo casamento da nova abordagem com seu estilo conhecido por nós.
É claro que os americanos detestam esse questionamento de seus valores e o tom mais crítico da obra. O filme abriu pessimamente no box-office de lá, mas o motivo não é esse. A verdade é que esse RoboCop acertou na crítica e se favoreceu do tempo, tecnicamente falando, mas as qualidades param por aí. O filme está mal nas bilheterias e não deve melhorar simplesmente porque não é bom.
Quando se vê um RoboCop, tem-se a ideia de que caras ruins sofrerão. Quando ele puxa sua arma, espera-se também que o alvo irá virar strogonoff de carne de tanto tiro. A violência é sua essência. Mas não. Esse RoboCop é frouxo e vira a câmera no tiroteio. Os cortes não te deixam ver o que está acontecendo (ainda que a sequência no breu tenha ficado sensacional), assim como a câmera próxima demais ajuda na desorientação. Não se vê sangue, não se vê morte, não se choca. Dessa vez, quando ele puxa a arma, ou a câmera irá fugir da ação, ou ele dará um choque para desorientar o alvo. Sim, esse RoboCop tem uma arma taser. Parem e leiam de novo. Um taser. Ele irá desorientar alguns inimigos. É óbvio que há alguma coisa errada nisso.
Tanto Padilha quanto Joel Kinnaman, o novo protagonista (ótimo no papel, por sinal), brigaram pela classificação R nos EUA. Mas o estúdio negou. O filme acabou sendo lançado com classificação PG13 e isso claramente afetou o resultado final. RoboCop acaba tendo mais ação em seu treinamento do que propriamente indo atrás de pessoas de verdade – afinal, ali ele atirava apenas em simuladores e outros robôs. Tudo poderia ser destroçado. Quando vai para a ação, é confusa e insatisfatória. Nem parece o mesmo Padilha que dirigiu ótimas passagens em Tropa. Até a cena do assassinato, que chocou uma geração inteira ao passar na Sessão da Tarde da Globo (sim, eles passavam isso nos anos 90, com direito a molho de tomate da mão e tudo), aqui soa forçada e sem qualquer impacto. No original, você não esperava ver aquilo e sentia a dor de Murphy. Aqui você até fica com pena dele, mas nem de longe com o mesmo impacto.
A história, por se concentrar muito na transformação de Murphy em máquina, acaba escorregando e ficando corrida quando vai realmente discutir aquilo a que veio, que é sua crítica política e social exaustivamente citada. O filme começa a atropelar acontecimentos, as coisas acontecem sem clima e, quando você vê, já tá tudo chegando ao fim. E não é porque o filme é bom e passou rápido, mas porque as coisas simplesmente acontecem, sem a preparação necessária. Mesmo sendo maior do que o original em duração, acaba fazendo menos. Uma pena.
Quase todos aqui torceram para que fosse um bom filme, principalmente pela presença brasileira na produção, mas o resultado final ficou extremamente insatisfatório. É claro que não dá para negar um sorrisinho emocionado de canto de boca quando o tema ecoa alto pelas caixas de som potentes do cinema, mas esse tema merecia mais. Muito mais.
Porra Katz,onde tu acha essas coisa?!?
O novo Robocop só vai bem em uma coisa: o robô não se afasta de sua família.
O erro do primeiro filme, portanto, foi corrigido.
Mas ficou por aí.
O filme dá vergonha. José Padilha tinha que “pedir pra sair” de Hollywood depois dessa.
A atuação do protagonista não é ruim, realmente não é, mas só isso não ajuda. Não há vilão determinado, não há cena de ação convincente, não há nada.
Nada mesmo.
Deveriam ter assistido Dredd antes de fazer esse filme.
Remake é sempre complicado pois existe uma imensa carga de expectativas, não achei o filme ruim, nem bom no sentido de apresentar novidades, claro considerando idéias no roteiro, porque visualmente ficou bom, para mim as máquinas convencem e como disseram aqui embaixo, ver o homem desmontado foi meio sinistro, para mim o ED-209 é e sempre será uma máquina mortal, muito louco. Se pensarmos em tropa de elite, claro deveria ser mais ousado, mas é um filme pra ver sem pretensões, comendo pipoca e desviando dos tiros. RECOMENDADO PARA FANS E PARA PESSOAS QUE SÓ QUEREM SE DIVERTIR E QUE NÃO ASSISTIRAM O PRIMEIRO.
É um bom filme.. gostei do visual tático, mas descaracterizou demais o personagem, ED 209 está ótimo.. gostei da agilidade e do Software do Robocop, mas deixou de ser um tanque, gostei dele sacar duas armas, mas odiei a arma taser, não gostei das edições sonoras das armas parece tudo muito plástico e sem impacto. Concordo que pra ser bom não precisa ter necessariamente doses cavalares de violência, mas a cidade de Detroit na história do Robocop é violenta, ele foi montado através dela e não só apenas os bandidos, a maioria das pessoas comuns também são cruéis... a cena mais importante que com certeza teria que ser refilmada era a cena da morte ou atendado do Murphy, foi muito fraca e não funcionou.. mas por outro lado a cena dele sendo desmontado porque se recusa a aceitar sua condição foi espetacular assim como achei legal a ideia dos cuidados com o traje e com a parte do que sobrou do seu corpo... mas na ideia geral concordo que o Padilha foi frouxo e infantilizou demais nosso herói.