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Críticas

Cineplayers

Apenas mais um.

4,0

Denzel Washington e Antoine Fuqua se encontraram em um momento decisivo na carreira de ambos. O ator, embora muito prestigiado, patinava há anos entre filmes de respeito que lhe renderam bons papéis e produções comerciais esquecíveis que só desvalorizavam seu nome. O diretor tinha alguma experiência, mas ainda não tinha sido colocado no mapa. Dia de Treinamento veio como salvação para a dupla, rendendo a Washington um surpreendente segundo Oscar e a Fuqua o passe livre para se tornar um rentável cineasta de estúdio. Mais de uma década depois eles se reencontram, ironicamente na mesma situação inicial de quando se conheceram. Washington ainda patina entre ocasionais bons papéis (incluindo uma recente nova indicação ao Oscar) e outros nem tão bons assim, e Fuqua precisa se reerguer do fiasco que foi seu último filme, Invasão à Casa Branca.

O Protetor entra nessa equação com a intenção de alcançar o mesmo resultado de Dia de Treinamento, mas sem sucesso. A ideia de reciclar a famosa série dos anos 1980 e colocar Danzel Washington como uma espécie de justiceiro noturno sem a grife de um Batman não foi das melhores, e para Fuqua isso é o de menos, já que fica clara sua intenção de começar uma franquia comercial de sucesso. E, para efeito de pelo menos se divertir, o diretor aproveita para estilizar ao máximo a figura de seu personagem principal, a ponto de chegar uma hora em que tudo parece mais um ensaio fetichista em volta dos atributos físicos do ator.

A história é das mais ordinárias, sobre Robert, um cara aparentemente normal que passa as madrugadas insones lendo clássicos literários em uma lanchonete, até conhecer uma jovem prostituta (vivida por Chloë Grace Moretz) e iniciando uma ocasional amizade com ela. Quando a vida da garota começa a correr perigo, Robert se revela um indestrutível justiceiro que fará de tudo para protegê-la.

Os clichês que Fuqua tanto ama abraçar se fazem presentes desde a primeira cena até os créditos finais, com a desvantagem de estarem diluídos em intermináveis sequências mortas, dessas que pretendem atribuir alguma densidade dramática ao filme, mas que na verdade são apenas tediosas mesmo. É tanto papo furado prometendo um clímax incrível, que a decepção é dupla quando as cenas de ação finalmente chegam e se revelam a reciclagem da reciclagem. Fuqua até tenta, dentro de suas limitações, trazer alguma inovação em sua direção, desde a forma como emprega alguns enquadramentos até a pueril atenção que dá ao tom supostamente intimista do roteiro, mas no fim não consegue se livrar da tendência de apenas endeusar Washington em qualquer situação que seja.

Se em Dia de Treinamento a parceria livrou Antoine Fuqua e Danzel Washington de uma maré ruim, O Protetor não consegue repetir a façanha e anda passando despercebido pela maioria. Caso o projeto de começar uma franquia com base na série dê certo, talvez ainda exista alguma chance de a coisa decolar, mas por enquanto é apenas mais um filme de ação genérico sustentado no carisma de um ator capaz de carregar sozinho todo o show.

Comentários (3)

Renato Coelho | quarta-feira, 21 de Janeiro de 2015 - 13:35

Denzel Washington é o maior ator de todos os tempos.

Carlos Henrique de Almeida Nunes | domingo, 23 de Agosto de 2015 - 20:15

É apenas mais um? Sim! Mas Denzel dá o diferencial criando momentos tensos, sobretudo com indefectível vilão. Neste ponto, achei que deveria ter um clímax à altura de suas potencialidades. Recomendo.

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