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Críticas

Cineplayers

Vontade de acertar não basta quando não há talento suficiente para tanto.

2,0

Não faço ideia de como o argumento da obra analisada foi vendido a seus produtores. Arremedo de Lynch? Noir moderno? Trash proposital? Tudo isso junto? Provavelmente a ultima opção tem mais a cara do produto final, que em mãos hábeis com certeza renderia mais que diversão durante a projeção e bocejos aborrecidos ao final. Mas se falta ao diretor talento pra criar imageticamente (e ao roteirista experiência; e ao projeto como um todo estofo) uma atmosfera que remeta a clássicos como Veludo Azul (Blue Velvet, 1986), O Ano do Dragão (Year of the Dragon, 1985) ou Mate-me Outra Vez (Kill me Again, 1989), sobra cara de pau a todos os envolvidos, a começar por Robert De Niro ao aceitar participar dessa cretinice descompromissada - inclusive com a realidade.

De Niro interpreta um homem poderoso e violento (inclusive deixando isso claro numa cena tão boa quanto deslocada com uma secretária) que contrata um típico 'loser' (John Cusack) para levar até um hotel fuleiro de beira de estrada uma mala que ele vai pegar com um capataz desse 'chefão' (?!?). Após negociação não vista onde o capanga é morto e fica passeando no porta mala do carro do protagonista, Jack vai parar no tal hotel. E aí vira um jogo de contagem de bizarrices: um aleijado que anda é o gerente, uma prostituta altíssima que se veste como a Mulher Maravilha, dois cafetões nada usuais (entre eles um anão russo!), um cemitério com névoa londrina atrás do hotel, e muito mais, coisas que aparecendo ao longo da projeção enquanto nosso anti-herói espera o resgate da tal mala, que jamais poderia se aberta por recomendação do contratante do serviço. Lá pelas tantas descobrimos que a prostituta é israelense - ou não - porém interpretada pela brasileira Rebecca da Costa, que o xerife da cidade é ironicamente vivido pelo Dominic Purcell, que vivia fugindo da cadeia em Prison Break e que mortos podem voltar a vida depois de enterrados. Enfim, tem de tudo.

Só falta consistência. E talento. Não ao elenco, obvio... o filme até cria umas cenas especiais pra De Niro e Cusack, mas tudo desce pelo ralo quando não é amarrado com qualidade por todos os outros envolvidos. Não há nada digno de nota, só tentativas de sair do lugar comum do que poderia se facilmente um policial mediano de sábado a noite da Globo. A verdade é que eles tentaram... mas quando não há capacidade para se atingir os objetivos, o que resta se não tentativas vãs?

Não há dúvida de que houve um claro empenho para que estivéssemos diante de um produto diferenciado dentro de um gênero combalido, algo parecido como um neo-noir. Mas, tirando cenas espaçadas e desempenhos competentes aqui e ali, sobra a pretensão de ser mais do que a capacidade permitia.

Comentários (5)

Patrick Corrêa | domingo, 27 de Abril de 2014 - 22:51

Tem algo errado com o link da crítica na página inicial.
Ao passar com a setinha em cima da foto, aparece que o autor é Francisco Bandeira.

Caio Henrique | segunda-feira, 28 de Abril de 2014 - 08:15

Era uma boa cadastrar esse Kill Me Again que surgiu na crítica...

Douglas Alves | segunda-feira, 28 de Abril de 2014 - 10:47

Tem algum bug no site, toda vez que Francisco Carbone dá uma nota e publica a crítica do filme, aparece a mesma nota para o Dalpizzolo, aconteceu o mesmo com Divergente.

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