Uma aventura divertida e muito movimentada. Uma surpresa vinda dos estúdios Disney.
O que esperar de um filme Disney onde o enfoque são piratas, com um horrível subtítulo infanto-juvenil, baseado em uma atração de um parque temático da Disney?
Por incrível que pareça, uma ótima aventura - talvez a melhor aventura leve e descontraída do ano - onde um razoavelmente bom e bem humorado roteiro determina o andamento, e não os efeitos especiais, o que era de se esperar de um filme como esse.
Dirigido por Gore Verbinsk - diretor do agradável “Um Ratinho Encrenqueiro”, do bom “O Chamado” e do ruim “A Mexicana” - e orçado em torno de 140 milhões, Piratas do Caribe é um filme que tinha tudo para naufragar, ou no máximo ter uma atuação medíocre, mas a competência do elenco eliminou esse risco, nos garantindo um filme de um gênero que a muito não se via novidades, e que depois desse, pode voltar a brilhar, afinal é um tema onde ainda se pode extrair muita coisa boa.
Com uma despretensiosa trama, o filme cruza o caminho dos personagens Elizabeth Swann (Keira Knightley), Will Turner (Orlando Bloom), Jack Sparrow (Johnny Depp) e a tripulação do navio pirata Pérola Negra, comandados pelo capitão Barbossa (Geoffrey Rush) e sua tripulação de amaldiçoados em uma aventura onde todos tem algum motivo para embarcar - Will Turner que nutre uma paixão por Elizabeth, que é seqüestrada pelos piratas quando eles buscam uma jóia capaz de quebrar uma maldição que lhes foi jogada no passado (tempos depois de se amotinarem, tomar o navio e abandonar seu capitão original, Jack Sparrow, em uma ilha deserta). Ou seja, uma encruzilhada que em algum momento une o passado e o destino de todos.
Piratas cara-de-pau, com olho de vidro e com cara de mau
Jack Sparrow é certamente um dos personagens mais interessantes que o cinema já produziu. Dono de um andar cheio de trejeitos, uma enorme confiança em si próprio e um hilário humor negro, o personagem extrai cada gota de uma inspirada atuação de Johnny Depp, a quem considero um dos grandes de Hollywood, dono de uma característica própria de atuar, onde cada personagem é um personagem único e nunca semelhante ao anterior, Jack-Depp-Sparrow comanda o andamento do filme, nem sempre de forma dinâmica, mas em momento algum deixando cair na morosidade e sempre entregando os detalhes no momentos certo, o que torna o filme agradável e até mesmo um pouco imprevisível.
Mas Johnny Depp não é o único a brilhar no filme, ainda sobra espaço para Barbossa, que ao lado dele é um dos melhores personagens do filme. O duelo entre os dois, tanto nos diálogos quanto na espada agrada em cheio e eleva consideravelmente o nível da película.
Orlando Bloom, o Legolas de "O Senhor dos Anéis" também surpreende e junto com Keira Knightley mostra que podemos esperar grandes atuações de ambos. - Keira Knightley também pode ser vista no bom “Driblando o Destino”, em cartas no cinemas.
Além desses principais personagens o filme ainda conta com um ótimo time de elenco, que nos trás tipos curiosos de piratas. Todos muito bem caracterizados e detalhadamente produzidos. Tem de tudo, desde o pirata malvadão, que não perdoa nem mesmo a mocinha indefesa, ao desajeitado pirata com um olho de vidro.
Caveiras que não tremem
Apesar de não ser o grande destaque do filme, os efeitos especiais estão lá, e competentemente criados pela industria Light & Magic, tanto na criação de ambientes quanto na movimentação de personagens digitais, que é excelente e se movem suavemente na tela, sem a costumeira tremedeira que personagens digitais costumam ter.
É perfeita a interação dos personagens digitais com os personagens reais, e raríssimas vezes se torna artificial, e ainda assim caso se preste bastante atenção. Esses detalhes colocam os efeitos a um nível acima do que já foi visto até hoje. Apenas alguns cenários digitais não convencem muito, dando aquele gostinho artificial, mas os bem elaborados ambientes sombrios cobrem essas falhas.
Além da competente parte digital, o filme ainda nos brinda com ótimas seqüências de luta, muito bem ensaiadas e sem aquele forçado show de efeitos que infelizmente após Matrix se tornou freqüente em filmes de ação.
Disney em novos mares?
Apesar desse ser o primeiro filme da Disney com censura, é perceptível a intenção desse ter sido um filme de verão adolescente. Algumas cenas são desnecessárias e quebram o andamento, como por exemplo a cena que mostra os piratas-caveira jogando Elizabeth Swann para o alto. Recursos característicos de filmes infanto.
Outro ponto que, não chega a ser negativo, mas poderia ser mais um positivo, é o pouco aproveitamento da tripulação pirata, que apresenta muitos tipos interessantes, que poderiam enriquecer bastante a trama. Mas para isso precisaria esticar ainda mais ainda o filme, que já é um tanto longo.
O filme contém uma boa dose de violência, onde os piratas são realmente maus e matam quem se opuser a seu caminho. E a receita parece ter agradado, já que o filme teve uma boa aceitação nos EUA, que estreou com cerca de 46 milhões, e já havia acumulado 70 milhões nos primeiros 5 dias.
Para finalizar o filme ainda apresenta uma excelente e cativante trilha sonora. Certamente a música vai ficar na cabeça de muita gente após deixar a sala. Aliás, é bom saber que no final dos créditos tem uma cena a mais. Bobinha, mas interessante para quem gosta de um "algo a mais" no final.
Esse primeiro filme vale o ingresso, a seqüência da última batalha entre caveiras e humanos certamente vai agradar e deixar um gostinho de quero mais. E a seqüência já esta garantida, agora vamos ver em que novas aventuras Jack Sparrow pode nos apresentar nessa que, se for bem aproveitada, será mais uma ótima franquia Disney.
A genialidade de Johnny Deep mais uma vez, faz com que seu personagem, se torne mais memorável que o próprio filme em si.
Filme muito divertido. Jack Sparrow já é um ícone