Na maioria das ficções-científicas em que vemos a Terra devastada e habitada apenas por um grupo de coitados remanescentes, lutando para sobreviver apenas com o que restou, o foco da trama é ocultar um terrível segredo que explica como tudo chegou àquele ponto. Até que o tal mistério seja desvendado – e na maioria das vezes nem graça ou importância tem – o jeito é acompanhar o grupo liderado por um cara reservado, cheio de traumas do passado, bonitão, e o único com um pouquinho de inteligência para se livrar todos de situações perigosas. De uns anos para cá, os ecochatos merchandisings politicamente corretos deram um jeito se usar essa premissa padrão para inserir “urgentes” mensagens sobre o meio-ambiente, e de como a Terra está sendo aos poucos destruída e blábláblá. Foi-se a sutileza e o interesse com que esse tema foi abordado, em trabalhos como Nausicaä do Vale do Vento (Kaze no tani no Naushika, 1984), e sobrou o didatismo pedante que pode ser encontrado em Oblivion (idem, 2013), novo filme estrelado por Tom Cruise, que agora tenta se associar a todas as boas causas possíveis para recuperar sua imagem de bom moço, após seu escandaloso divórcio relacionado com a religião que segue.
No caso de Oblivion, a premissa não foge muito à regra dessa já citada acima. Baseado em uma graphic novel do próprio diretor, o filme relata as desventuras de um casal, no ano de 2077, que estão em missão na Terra, depois que esta foi destruída quando alienígenas explodiram parte da Lua, ocasionando uma tremenda revolta da natureza, como tsunamis e terremotos, e acabando com toda a forma de vida humana. Agora o planeta está empestado por radiação, dominado por alguns extraterrestres, e tendo os seus recursos naturais que restaram, principalmente a água do mar, sendo armazenados por enormes estruturas metálicas que os redirecionam para uma das luas de Júpiter, local para onde os seres humanos sobreviventes estão se refugiando. Jack Harper (Cruise) e Victoria (Andrea Riseborough) estão em missão para manter essas máquinas sempre funcionando, e protegê-las da intervenção desses alienígenas que ainda habitam alguns cantos da Terra. Em breve eles estarão voltando para a lua de Júpiter, mas a chegada da misteriosa Julia (Olga Kurylenko), uma mulher que sempre atormentou Jack nos sonhos, abala as convicções do agente.
O grande conflito da história está denunciado em seu próprio título. Jack e Victoria tiveram suas lembranças antigas deletadas da memória, pelo bem da missão que receberam. No entanto, Jack ainda mantém resquícios de algumas lembranças, que o atormentam principalmente nos sonhos. Por alguma razão que nem ele mesmo sabe explicar, Jack não quer deixar a Terra e insiste em querer saber quem ele era antes de tudo ser destruído. Enquanto a nova era de seres humanos prega que tudo o que havia antes na Terra deve ser esquecido por completo, ele sente que não pode deixar que parte da história humana seja simplesmente apagada como se nunca tivesse existido.
É um conflito interessante, e a ideia de aproveitá-lo também o é. Mas infelizmente o foco da direção é trazer uma mensagem muito didática e boba sobre preservação do meio-ambiente, com aquelas lições que todos já estão cansados de ouvir, sendo que seria muito mais rico explorar o outro caminho que Oblivion percorre apenas timidamente. Implícita na história está a mensagem de que, mesmo atualmente, o mundo está sendo sufocado pelo excesso de tecnologia e pela paranoia de uma futura hecatombe ecológica, a ponto de estar perdendo sua identidade e deixando para trás uma parte de sua história (a insistência de Jack em preservar um livro que acha durante uma missão, mesmo vivendo em uma época em que papéis já não são necessários, é uma boa sacada). De fato, muitos observam que o preço a se pagar pelo avanço cada vez maior da tecnologia é o inevitável esquecimento de alguns valores que antes regiam a vida cotidiana do ser humano. E, assim como Jack, jamais poderíamos continuar evoluindo se perdermos a conexão com o nosso próprio passado.
No entanto, essa boa ideia do roteiro é sufocada – melhor dizendo, soterrada – por uma infindável sequência de lugares-comuns. O começo da projeção, que se dedica a retratar a rotina de trabalho solitária de Jack e Victoria, é tão tedioso que muitos na sessão de cinema estavam dormindo logo de cara. Depois aparecem os personagens periféricos, que sempre são usados para causar certa surpresa quando todos acham que não há outros seres humanos ainda vivos na história (Morgan Freeman está entre esses, mais uma vez desvalorizando sua carreira com personagens inócuos), e na reta final eles ousaram colocar um personagem moribundo balbuciando ao protagonista suas últimas palavras antes de morrer, fora o vilão cibernético à lá Hal 9000, de 2001: Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odyssey, 1968). O final-surpresa é revelado de forma tão acelerada que ninguém tem tempo de digerir a reviravolta da trama, então só resta acompanhar o clássico embate final, especialmente anticlimático. Comandando tudo está Tom Cruise, fora de forma, desconfortável no papel, e tendo a cena roubada por Olga Kurylenko.
Oblivion discute sobre a necessidade de lembrar, de preservar ideias com a mesma competência que tentamos preservar o planeta. Não apenas proteger a Terra física de morrer, mas também preservar sua história para as próximas gerações, para que uma ameaça nuclear não ocasione a destruição perpétua de nossa existência passada. Se não parecesse um jogo de videogame (fora a insistência de que no futuro o ser humano usará aqueles macacões prateados cafonas e dirigirá carros flutuantes, estilo Os Jetsons) nem sofresse com tamanha irregularidade na narrativa e no ritmo, Oblivion talvez pudesse marcar de alguma forma. Não é o que acontece, e a grande ironia de tudo é ver que na ânsia de discutir o medo do esquecimento, tenha se acabado em puro oblívio.
Um bom filme de ficção científica, com Cruise até bem sustentando um personagem solitário e cheio de questionamentos sobre o novo mundo. A parte visual é muito bonita e o roteiro apesar dos seus clichês, agrada.
Só não agradei muito do final que acabou saindo um pouco do clichê, onde [SPOILER] o personagem principal morre e no seu lugar volta um clone seu .
Maçante ao cubo, mais do mesmo, e Tom Cruise para mim, sempre, mortalmente previsível.
Em algumas cenas até uma boa fotografia, mas é só.
Um filme mediano. Você até aprecia durante um tempo, mas logo começa a querer que acabe de uma vez.....
Eu gostaria de ler uma critica dos críticos q deram nota 7, ao invés de um critico q deu nota 4, até por meio de comparação.