Uma nova versão de cinderela, bem mais pop, que deve ser visto apenas ao acaso, sem pretensão.
Gatas borralheiras nos tempos modernos costumam aparecer com freqüência em filmes norte-americanos. Com A Nova Cinderela não foi diferente: o filme transporta a manjada história da filha injustiçada para os dias da Internet e do consumismo supérfluo, resultando num enredo bastante previsível.
Sam Martin (Hilary Duff) era uma garota normal, que vivia com o pai viúvo numa bela casa em San Francisco. Entretanto, após um terremoto que acaba por matar seu pai, Sam é obrigada a viver com a madrasta, Fiona (Jennifer Coolidge), uma mulher repugnante, fútil e desagradável, que faz questão de transformar a vida da menina num inferno: Sam deve obedecer a todas as ordens a ela dirigidas e é obrigada a trabalhar na lanchonete de Fiona (que outrora era de seu pai). Como se já não bastasse, Sam deve aturar suas "irmãs", filhas de Fiona, que são, a todo momento, paparicadas e mimadas, além de terem tudo que a gata borralheira não possui.
Felizmente, tudo parece mudar quando Sam conhece, pela Internet, um admirador secreto com o pseudônimo de "Nômade". Os dois se correspondem por algum tempo e prometem se encontrar no baile de Dia das Bruxas, que ocorrerá em breve na escola. O romance secreto é levado adiante com a ajuda dos amigos de Sam, como a garçonete Rhonda (Regina King) e o estudante Carter (Dan Bryd).
No dia do baile, Sam (fantasiada de Cinderela mascarada) e o Nômade se conhecem. Ela percebe, então, que ele é Austin (Chad Murray), um atleta do time de futebol americano da escola e provável futuro presidente do grêmio estudantil. Após um encontro meloso, de cenas certamente dispensáveis, Sam vai embora, esquecendo acidentalmente seu celular. A partir daí, então, começará a desesperada busca de Austin pela verdadeira identidade da Cinderela mascarada.
Com uma trama previsível e desnecessária como esta, nem há muito que dirigir. O diretor Mark Rosman certamente não teve nenhum trabalho com este filme. A estrutura da película já estava planejada antes mesmo de terem escolhido o elenco, uma vez que o roteiro é o mesmo visto há décadas. Adicionam-se a isto alguns clichês de filmes adolescentes e o filme está pronto, tão reciclável quanto se poderia imaginar, facilmente executável por qualquer diretor.
Igualmente, boas atuações são tampouco necessárias. Um nome que se destaca no elenco talvez seja o de Regina King, certamente a atriz mais madura ali. Quanto aos homens, existem apenas dois nomes: Chad Murray e Dan Bryd, ambos apagados e desinteressantes, aparentando pouca capacidade interpretativa. Talvez em outros filmes todos os atores tenham sucesso, mas, neste, não há espaço para evoluir. Padrões extremamente clichês devem ser seguidos para a composição das personagens, não oferecendo desafios para os atores. Além disso, são papéis leves e sem conteúdo, vistos a todo momento neste tipo de filme.
A produção técnica dispensa comentários. Mais uma vez aparecem regras que devem ser seguidas, para que se obtenham os mesmos padrões de sempre. Fotografia sem graça, figurinos que realçam a futilidade da sociedade norte-americana, músicas alegrinhas do gênero pop-rock, cujas letras são tão sem conteúdo quanto o filme. Algum ou outro efeito de câmera interessante, mas nada além disso.
Enfim, A Nova Cinderela é um filme para ser visto ao acaso, quando se pode desperdiçar dinheiro, ou seja, nunca. Alugar a película e assistir a ela em casa vale mais a pena, porque nessa ocasião pode-se reunir amigos e familiares para uma tarde de diversões. Talvez as garotas gostem mais desse filme que os meninos, uma vez que ele parece ser realmente feito para esse público. Mesmo assim, a mensagem tantas vezes repetida de "seja quem você de fato é" pode servir e agradar a todos, bem como o final estilo "e eles viveram felizes para sempre". Certamente, pode-se viver feliz para sempre sem ter que se assistir a um filme como este.
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