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Críticas

Cineplayers

Reune todos os clichês do gênero 'policial em dupla', porém sem a mesma eficiência de seus melhores representantes.

3,0

As distribuidoras nacionais costumam aderir a alguns sub-títulos para seus longas que, ao invés de atrair o público, acaba afastando-o. Miss Simpatia 2 - Armada e Perigosa poderia até ser um bom filme, mas confesso que temi quando vi que este horroroso sub-título não era uma invenção das distribuidoras nacionais. Pelo menos, não desta vez, pois o nome original é praticamente o mesmo. Antes de entrar no cinema, já estava claro que este filme seria uma comédia menos intensa que a anterior, menos inteligente, com menos profundidade e menos diversão.

Os eventos se passam três semanas após os do primeiro filme, com Gracie Hart (Sandra Bullock) famosa nos Estados Unidos e sofrendo com isso durante os seus trabalhos. Como todos a reconhecem, fica difícil passar em uma missão de identidade secreta despercebida pelo público, o que acaba acarretando o seu afastamento do centro de operações do FBI. Só que Gracie não é demitida, pois todos a adoram e ela nem havia feito nada para tal. Ela apenas troca sua função dentro da agência: deixa de ser uma policial durona para se tornar a nova modelo que melhora a imagem do FBI pelo país.

Lógico que se estivéssemos falando da Gracie que vimos em Miss Simpatia, isso seria um argumento absurdo. Porém, a idéia idiota que o roteiro tem para ela aceitar tal mudança na carreira é fazer com que Gracie esteja magoada com Eric Matthews, que fora seu par romântico no primeiro filme, após um belo fora que a policial levou de seu companheiro de trabalho. Só que Gracie vê a necessidade de deixar de ser uma marionete para voltar a trabalhar quando sua amiga Cheryl Frazier (Heather Burns), vencedora do concurso do primeiro filme, e Stan Fields (William Shatner), o apresentador, são seqüestrados em um distrito diferente de onde trabalha.

Um grande problema do roteiro são os inúmeros clichês do gênero, que vêm em uma verdadeira avalanche do início ao fim da projeção. Entra uma parceira de cena, totalmente diferente de Gracie, para que o contraste entre as duas gere uma boa dose de risadas; o chefe do distrito onde o caso ocorre se mostra totalmente contra os métodos de Gracie e ela tem que fazer tudo escondido, colocando em risco sua carreira; todos que tentam impedir Gracie de realizar sua investigação parecem ser idiotas a ponto de cair em truques onde nenhuma outra pessoa em sã consciência cairia; e muitos, muitos outros.

O pior de tudo são as oportunidades que o filme não aproveita. Gracie parece estar totalmente a vontade como a bonequinha de luxo da polícia, ao contrário do primeiro trabalho, onde todos os esforços para que ela parecesse alguém que não era tornavam tudo mais engraçado e verossímil. O modo como a mensagem do filme é passada no final é absurdamente falso, pois está totalmente deslocado de todo o contexto do filme. Está lá, única e exclusivamente, para dizer que há uma. Os vilões então, estão lá simplesmente para que haja um seqüestro e a história possa acontecer, mais nada.

Leia esse parágrafo se houver visto o filme, senão pule para o próximo - Há um furo colossal de roteiro nesse sentido, pois os seqüestradores deixam claro que estão levando a Miss porque o concurso poderia pagar milhões por ela, mas quando Gracie está assistindo ao vídeo, descobre que eles estavam atrás do apresentador, e não dela. Como assim? Mudaram o roteiro e esqueceram de fazer uma revisão no material filmado? Pois no final, quem era importante de novo era ela, e não o apresentador, que parece ter entrado apenas de gaiato na confusão.

Se imita filmes de ação com duplas policiais e todos os seus clichês, deveríamos deduzir que sairemos gargalhando do cinema, não? Não pense assim. Miss Simpatia 2 é simplesmente um filme para ser assistido e esquecido logo após, mas que nem divertir nesse meio período ele consegue. A ação, que poderia esconder um pouco esse ponto, é praticamente nula e, quando acontece, é insatisfatória. Há uma briguinha aqui, uma cena de ação acolá, mensagens piegas levadas a sério demais e algumas câmeras lentas irritantes, querendo potencializar o poder das personagens. Nada funciona. É um filme que você simplesmente assiste, nunca reage.

O carisma da dupla principal então... Até que Sandra Bullock se esforça, mas sua personagem é artificial demais para que a gente saia do cinema conquistado por ela - algo que não acontecia no original, pois comanda o filme do início ao fim. Sua parceira de cena, Regina King, interpreta da maneira mais estereotipada possível Fuller. Chega a irritar em certos momentos a artificialidade com que ela encarna a personagem, daqueles tipos de norte-americanos cheios de marra e que se acham os melhores.

Sem ação, sem comédia e sem energia. Bem que os produtores nos avisaram: "Armada e Perigosa". Só não poderíamos adivinhar que eles haviam levado no pé da letra o sentido da expressão, porque Miss Simpatia 2, no final das contas, é uma bomba só.

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