O filme dos Minions (idem, 2015) era exatamente aquilo que esperava: história, narrativa e ambientação fracas, mas carisma de sobra. Os bichinhos, que surgiram como coadjuvantes da problemática série Meu Malvado Favorito (Despicable Me, 2010), tiveram apelo popular instantâneo e praticamente imploravam por um filme solo, que foi só questão de tempo até tomar as salas do mundo, previamente marketeado a preço de ouro com diversos souvenires para encher ainda mais os cofres da Universal. A confiança no produto é tanta que até a introdução da empresa foi personalizada com os pequenos amarelos cantantes, tratamento vip que apenas os carros-chefes dos estúdios conseguem.

Na história, conhecemos o surgimento dos Minions, desde antes da pré-história, até sua busca incessante por um mestre do mal a quem servir. A maioria dos trailers divulgados focava nessa parte, porque de fato é a mais engraçada de toda a narrativa – boas tiradas com nomes famosos do entretenimento fantástico. Mas tá quase tudo lá, porque quando a vilã Scarlett Overkill entra em cena, o filme cai de nível de maneira inacreditável.

Tirando os Minions, que são uma atração à parte, os outros personagens só fazem gritar ou fazer careta – parece até que estamos vendo um filme do Adam Sandler. Em uma obra focada em vilões, ter uma personagem tão fraca deixa também o seu filme exposto, sem pegada forte com o público. Historicamente, sabemos que grandes filmes de ação (coisa que Minions, em certo momento, tenta ser) precisam desses personagens para dar certo, e Overkill é fraca, chata e sem motivação convincente que nos faça entender suas ações – coroa da Inglaterra? Ah, pelo amor de Deus...

Mas aí entram os agora protagonistas... Os Minions foram realmente um acerto da franquia. Personagens divertidos, inocentes, atrapalhados, que sempre acabam tirando um sorrisinho ou outro com suas ações estabanadas, principalmente quando as piadas vêm da contra expectativa em cena; ou seja, quando esperamos algo e o filme nos surpreende com outro totalmente diferente. Confesso que tenho uma enorme simpatia por eles, e só de ouvir seus sons já dá vontade de rir.

Um dos meus medos acabou se confirmando: como coadjuvantes, eles sempre funcionaram. Como protagonistas, essa simpatia acaba se desgastando uma hora por simplesmente se acostumar com sua presença em tela e você passa a notar a trama desinteressante, mal contada e com personagens fracos. Em uma sessão lotada de crianças, todas riram bastante, então pelo menos com elas o filme funciona. Não terá o mesmo efeito dos trabalhos da Pixar, que funcionam tanto para os pais quanto para os baixinhos, principalmente por não ter um tema que as famílias possam dialogar.

É uma diversão totalmente descompromissada, bem infantil mesmo, sem profundidade alguma e que só não vai ficar no esquecimento com os anos por causa de Kevin, Stuart e Bob.