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Críticas

Cineplayers

A nova comédia dos diretores e irmãos Coen decepciona pelos seus fracos humor e elenco coadjuvante.

5,0

A julgar por três nomes que estavam envolvidos na produção Matadores de Velhinha já poderíamos considerá-lo um filme que estaria na lista dos mais aguardados por muitas pessoas. Esses três nomes já consagrados seriam o do ator Tom Hanks e os da dupla de diretores Joel e Ethan Coen. Parecia que o sucesso seria iminente. Parecia.

Matadores de Velinha é na verdade uma película baseada no roteiro de William Rose e no filme homônimo de 1955, dirigido por Alexander Mackendrick. Estava realmente ansioso para ver como o filme havia ficado, afinal, Hanks havia protagonizado uma das melhores comédias do ano passado ao lado de Steven Spielberg: Prenda-me Se For Capaz. Mas infelizmente esse novo projeto dos irmãos Coen é também um dos mais fracos da dupla de diretores.

A história do filme retrata a difícil missão do professor G.H. Dorr - e de sua gangue de “especialistas” - de se infiltrar no porão de uma típica senhora evangélica de cidades do interior dos Estados Unidos. A coisa toda passa a se complicar à medida que os problemas vão surgindo e que a bondosa senhora Marva Munson vai se intrometendo nos afazeres da banda. Sim, os brilhantes cafajestes apresentam-se como músicos.

O show de equívocos começa na escolha dos coadjuvantes. É claro que não dá sempre pra exigir que toda equipe de ladrões seja tão magistral e talentosa como a de Onze Homens e Um Segredo, contudo, um mínimo de bom gosto e senso não cairia mal a Rachel Tenner, responsável pela seleção dos atores. O seguinte equívoco, que é ainda mais grave, diz respeito à apresentação da gangue entre si. Isso porque essa apresentação simplesmente não existe. E como já tocamos em Onze Homens e um Segredo, não custa dizer que essa era uma das melhores seqüências do filme: a apresentação do pessoal e a forma de como eles iam se unindo. Pulando toda uma parte que poderia trazer créditos adicionais ao filme (ver como personalidades tão diferentes e conflitantes conseguiram se reunir ao redor de um objetivo), Ethan e Joel Coen preferem simplesmente ignorar essa parte e pular diretamente para os preparativos do roubo.

Ainda com relação aos coadjuvantes, as atuações chegam a serem constrangedoras. Não, não estou exagerando. Hanks, Irma Hall (a “velinha” em questão) e Marlon Wayans (famoso pela série Todo Mundo em Pânico) ainda conseguem se salvar com atuações regulares, mas bastante incompletas e prejudicadas pelo fraco roteiro e pela incompetente direção dos Coen, algo extremamente raro de se ver, diga-se de passagem.

Os artifícios utilizados pelo filme para que o público caia na gargalhada são precários, como o clichê do sujeito com problemas intestinais, ou um brutamontes semi-gago que vive com cara de choro, um chinês que engole o cigarro, entre outras aberrações... A melhor passagem do filme, e a mais engraçada também, é a em que Irma Hall começa a bater em Marlon Wayans por ele estar utilizando “linguagem” de Hip-Hop.

A trilha sonora é praticamente mostrada no trailer inteiro. Música Gospel. O roteiro está repleto de diálogos bobos, feitos com o intuito de induzir ao riso, mas sem graça alguma, com exceções para as passagens entre Hanks e Hall. E para finalizar, o final é ridiculamente fraco. Os Coen, que inexplicavelmente estão irreconhecíveis na assinatura desse trabalho, vinham de uma boa comédia, O Amor Custa Caro, mas infelizmente não conseguiram manter o mesmo nível de produção.

Tudo que podemos fazer agora é esperar pelos próximos trabalhos desses três grandes nomes que, apesar de tudo, nem de longe vêem suas carreiras manchadas por esse irregular filme. O próximo trabalho dos Coens deve ser o filme Romance & Cigarrettes, uma comédia em pós-produção que conta com um elenco fabuloso. Já Hanks estrela O Terminal, que já deve estar chegando aos cinemas brasileiros, trazendo junto ótimas críticas.

Matadores de Velhinha não chega a ser um filme tão ruim assim a ponto de receber uma nota baixa: sua fotografia é boa, bem como os cenários, que dão um visual legal ao filme. Entretanto, não deixa de ser uma decepção pelos nomes envolvidos com o projeto, pelo deficiente roteiro adaptado e pela péssima gama de atores coadjuvantes.

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