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Críticas

Cineplayers

Não cabe nem uma análise completa aqui, o filme é muito, muito ruim e ponto.

1,0

Qual o propósito de se misturar uma cópia assumida (veja bem, assumida) de um pequeno clássico de Hollywood dos anos 1960 (O Que Terá Acontecido a Baby Jane?) com uma peça de teatro no cinema? Bom, caso conte com uma história que entretenha e seja interessante ao mesmo tempo, a idéia não seria de todo má, até porque os norte-americanos estão fazendo remakes de filmes europeus e asiáticos o tempo todo, então não seria vergonhoso fazermos o mesmo com os filmes deles. E, além disso, filmes sobre o teatro geralmente rendem produções sólidas, como A Malvada, Topsy-Turvy ou mesmo o recente Adorável Julia.

Temos neste novo filme de Carla Camurati uma mistura entre humor e drama, vencendo o primeiro por larga vantagem. O apelo do filme é mais intelectual, com piadas mais sóbrias e utilização de uma quase metalinguagem (algo que definitivamente não funciona com cinema popular). O problema é que o filme se preocupa tanto em ser inteligente e irônico que se esquece que o que faz rir geralmente é o mais simples: Irma Vap - O Retorno não consegue divertir em momento algum. Se forçar, consegue tirar um sorriso amarelo de algum cidadão com mais boa vontade. O ritmo é corrido, faltam pedaços de cenas aqui e ali, mas mesmo assim a duração parece ser muito maior que seus 80 minutos aproximados.

A fotografia incrivelmente monótona, com ambientes quase que sempre fechados e escuros, não ajuda a criar uma atmosfera favorável ao filme. Para se ter uma idéia, a fotografia em preto-e-branco de O Que Terá... é muito superior e, mesmo sem cores, o filme é muito mais vivo e belo de se ver. A trilha sonora é tão medíocre quanto o restante da parte técnica, reutilizando diversos temas famosos do cinema para tentar agradar aos cinéfilos mais afoitos, que, logicamente, são um dos únicos grupos a se arriscarem a assistir a este filme após o trailer ou pelo material de divulgação.

A única coisa positiva de toda essa experiência é a constatação de que, ainda que o filme seja de uma má qualidade suprema, a dupla de protagonistas Marco Nanini e Ney Latorraca, que interpretam múltiplos personagens com bastante desenvoltura, não sai queimada desse projeto. Absolutamente, a culpa não é de ambos, que visivelmente fizeram um esforço com o pouco texto e a limitação das situações que tiveram que encarar. Constrangedor apenas foi a propaganda antes do filme que eles tiveram que fazer, falando diretamente aos espectadores, o que é irritante sobretudo no cinema nacional, quando as empresas privadas que patrocinam os filmes fazem questão de deixar isso bem claro a todos (ou seja, obviamente o interesse não é cultural, e sim financeiro). Espera-se que essa cena seja cortada do DVD, se bem que não fará diferença: ficarei longe dele.

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