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Críticas

Cineplayers

Uma ficção científica insana, mas deliciosamente divertida, criada a partir da obra de Douglas Adams.

7,0

O escritor britânico Douglas Adams talvez não soubesse, mas seu humor sarcástico e inteligente influenciaria e conquistaria pessoas até mesmo depois de sua morte. A literatura ficcional britânica certamente nunca mais foi a mesma – prova disso é Discworld, bem-sucedida série de livros escrita por Terry Pratchett, cujas obras têm um quê inconfundível do humor de Adams.

O Guia do Mochileiro das Galáxias é um livro divertido, leve e agradável, mas ao mesmo tempo excêntrico e sarcástico. A abordagem – a destruição da Terra e uma viagem pelo espaço – pode parecer familiar a qualquer fã de ficção científica, mas o modo como a história é apresentada ao leitor faz com que o tema adquira extrema originalidade.

O filme, como uma tentativa dedicada de se reproduzirem fielmente os acontecimentos narrados no livro, conta a história de Arthur Dent, um britânico comum. Sua vida segue normalmente, como a de qualquer outro terráqueo, até que uma companhia de construções aparece em frente à sua casa, ameaçando demolí-la – uma estrada será construída no local. A situação torna-se mais preocupante quando Ford Prefect, amigo de Arthur, anuncia que o mundo será destruído dentro de poucos minutos e dirige-se a um bar para tomar suas últimas canecas de chope. Logo em seguida, surgem em cena extraterrestres que dizem estar preparados para de fato demolir a Terra. Felizmente, Ford Prefect também não é um terráqueo e embarca nas naves extraterrestres, levando consigo o amigo Arthur. A partir daí, a jornada torna-se absolutamente insana – e, claro, deliciosamente divertida.

A opção por atores menos famosos – mas não menos competentes, diga-se – dá ao filme um ar de novidade. A escolha de atores britânicos e norte-americanos propicia uma agradável mistura, seja de sotaques, seja de interpretações. Martin Freeman (que também esteve em Simplesmente Amor), britânico, vive o protagonista, também britânico, e talvez por isso sinta-se bem à vontade no papel. O núcleo de personagens principais é ainda composto por Trillian (Zooey Deschanel, numa interpretação seca), Zaphod Bebblebrox (Sam Rockwell, excêntrico como a personsagem), o simpático e deprimido robô Marvin (voz do britânico Alan Rickman, num timbre adequadíssimo) e, claro, Ford Prefect (Mos Def, numa das melhores atuações do filme).

A direção de Garth Jennings opta por um estilo modesto, cuja prioridade é captar a essência da obra literária, e não apenas produzir um filme arrasa-quarteirões. A película não deixa de ser comercial, claro, mas o que se vê de fato é uma tentativa de recriar o humor de Douglas Adams. Como todas as adaptações, O Guia do Mochileiro das Galáxias suprime várias passagens do livro, o que obviamente deixará os fãs levemente desapontados, mas o enredo reduzido não parece confuso. O consolo para os fãs será o humor sarcástico e as situações mirabolantes que felizmente permanecem.

Para os que não conhecem as obras de Douglas Adams, o filme não deixa de ser uma agradável diversão. Os efeitos visuais e sonoros são bem realizados, e concretizam satisfatoriamente as passagens absurdas do livro. Os quase 120 minutos de projeção passam rápido, por serem cheios de ação frenética e, melhor, humor inteligente. Agora, pelo menos, todos podem vivenciar de um jeito diferente a criatividade de Douglas Adams.

Comentários (1)

Gustavo de Souza Silva | terça-feira, 11 de Setembro de 2012 - 11:44

Se fizesse um filme realmente fiel ao livro, seria genial. Mas não deu...

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