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Críticas

Cineplayers

Bastante engraçado, filme peca pelo roteiro fraquíssimo. Mas vale pelas boas risadas que proporciona.

5,0

Em parte por sua personalidade um tanto quanto arrogante, Eddie Murphy não é exatamente o queridinho de Hollywood. Sendo assim, os críticos e mesmo parte do público que acompanha os bastidores do cinema aproveitam para transformar seus insucessos em verdadeiras catástrofes. Enquanto filmes como Norbit e The Adventures of Pluto Nash sejam realmente fraquíssimos, eles não podem ser considerados tragédias cinematográficas (essas seriam as sátiras a filmes famosos que Hollywood insiste em produzir e, aqui no Brasil, filmes da Xuxa). Não foi surpresa, então, quando a nova investida cômica do ator chegou aos cinemas e fracassou em todos os sentidos - de forma crítica e nas bilheterias.

O Grande Dave foi uma aposta arriscada, pois sendo uma comédia de ficção científica recheada de efeitos especiais, custa muito caro para ser produzida. E somando isso a um ator com uma carreira tão instável quanto Murphy, as chances do conjunto não dar certo são muito grandes. Financeiramente, o filme bombou. Criticamente, mais ainda. O público aderiu e acabou deixando o filme passar em branco. Mas seria O Grande Dave uma grande bomba? Certamente que não. Apesar de ser mais um caso onde a maioria das boas piadas (e outras não tão boas assim) estarem no trailer, trata-se de uma sessão de 90 minutos com algumas piadas engraçadas e uma história levíssima, típica de matinê.

Há, para cada piada, vários problemas, quase todos eles centrados no roteiro cheio de furos e descuidados. Não há nenhum sinal de acabamento nos textos escritos pelos roteiristas Rob Greenberg e Bill Corbett. Esse fato pode ser entendido conhecendo-se o histórico de ambos - novatos no cinema, mas com vários trabalhos anteriores na televisão. Há pouca noção de continuidade (por exemplo, por que ao fugir da delegacia Dave não continuou sendo perseguido pela polícia?) e desenvolvimento de personagens precário. Os trechos de romance do filme, envolvendo Dave e Gina e, dentro da nave, o Capitão e "número 3", são óbvios e infantis ao extremo, de certa forma denunciando a origem televisiva dos roteiristas, onde imperam roteiros baratos e simplistas, pois quem assiste televisão (de forma geral) é um público muito menos pensante.

Não há, porém, como reclamar dos trejeitos de Eddie Murphy como Dave. Suas expressões faciais são impagáveis, e o timing das falas e de seus atos geralmente é brilhante, creditando a esses elementos os melhores momentos cômicos do filme. Apesar de serem piadas óbvias e muitas vezes gratuitas, que não somam nada à história central, elas têm o poder de vencer mesmo os espectadores emburrecidos, por causa das situações absurdas às quais somos apresentados. Já o enredo secundário envolvendo a busca dos policiais por Dave é irritante e forçado ao extremo - e mais um exemplo de roteiro escrito às pressas. No geral, pode-se dizer que somente quem tem realmente algo contra Eddie Murphy vai desaprovar o humor de O Grande Dave.

Burro ao extremo, mas bastante divertido. Esse é mais um filme que sairá dos cinemas, chegará às locadoras e logo cairá no limbo. Mais uma mancha negra na carreira de Murphy, só que dessa vez não exatamente por sua culpa (não há aqui o pretensiosimo visto anteriormente em Norbit, mesmo sendo dirigido pela mesma pessoa, Brian Robbins, e isso é um alívio para quem ainda tem esperanças de ver uma nova boa comédia de Murphy no futuro). Dessa vez, os pré-conceitos acabaram atrapalhando bastante. Certamente um filme que vai se dar melhor em vídeo, com um público menos exigente e mais aberto a bobagens divertidas. Não é o melhor dos elogios, mas o resultado pelo menos não é negativo.

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