Você já assistiu ao Super Cine, da Rede Globo, um sábado à noite? Então, com certeza, você já viu Encurralados, mas, obviamente, disfarçado de outro nome. O filme de Mike Barker é daqueles suspenses convencionais quadrados, com sacadas “pseudo geniais” de irritar qualquer espectador um pouco mais exigente.
Neil (Gerard Butler) e Abby (Maria Bello) vivem felizes em seu casamento. Quando Neil é convidado para passar o fim de semana no chalé de seu chefe, propõe para sua esposa que ela aproveite para passar o mesmo fim de semana com sua melhor amiga. Para isso, Abby contrata uma babá para tomar conta de sua filha enquanto eles estiverem fora de casa. Porém, a tranqüilidade do casal é ameaçada logo no início do fim de semana, quando um homem, Ryan (Pierce Brosnan), aparece de surpresa no banco de trás do carro do casal, enquanto eles estavam a caminho de seus respectivos destinos.
O ponto de partida já não é dos mais originais e, para piorar, o roteiro de William Morrisey consegue detonar com qualquer esperança de qualidade. Além de não envolver com o início óbvio demais, o roteiro ainda massacra o espectador com diálogos horríveis, que provocam uma vontade incontrolável de dar risada. Logo no início, a amiga diz para Abby: “Ele é o melhor marido do mundo”, referindo-se a Neil. Pronto, já é o suficiente para sabermos que há algo de errado por trás da perfeição de Neil. E as fraquíssimas falas continuam. Apenas para ilustrar vale destacar a ridícula passagem em que, no meio do seqüestro relâmpago, Neil diz para a esposa: “Você tinha razão sobre a babá”. Referindo-se ao fato de ela ter desconfiado da moça, em função da idade mais avançada.
Até quase o final da projeção, durante os momentos em que o casal encontra-se em poder de Ryan, Encurralados é muito fraco, sem nenhuma passagem que presta. Quando, quase ao final, são feitas todas as revelações sobre os personagens, incluindo os motivos de Ryan para o seqüestro, o filme, enfim, consegue surpreender, fazendo o espectador perceber o erro nos julgamentos que havia feito no decorrer da trama. Mas, a boa impressão que o final possa, talvez, deixar no espectador é ilusória. Todo o restante é tão ruim que as revelações apenas não nos deixam com tanta raiva de ter visto um filme de qualidade mais do que duvidosa.
Além da fragilidade da história, o elenco não colabora em nada. Pierce Brosnan é o menos preguiçoso em cena, esforçando-se para convencer como um vilão que age por motivos desconhecidos. A boa vontade do ator é explicável, já que Brosnan é um dos produtores do longa. Já Maria Bello, brilhante em Marcas da Violência, faz companhia a Gerald Butler, de 300, no quesito interpretações artificiais. Os dois são os grandes responsáveis por fazer com que o público não dê a mínima para o destino de seus personagens. Confesso que até cheguei a torcer para que o seqüestrador amordaçasse os dois, o que evitaria o jeito irritante de Butler falar, além de nos poupar dos fracos diálogos.
Encurralados é, de maneira geral, muito fraco, o que o torna um exemplar dispensável do gênero.
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