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Críticas

Cineplayers

Conheça a história por trás da produção literária do clássico Peter Pan, em uma deliciosa surpresa do Oscar.

8,0

Todos conhecem a história de Peter Pan, o menino que não queria crescer, com o maligno Capitão Gancho, a fada Sininho, o Jacaré com um relógio na garganta e tudo mais. Em Busca da Terra do Nunca, filme de Marc Foster, que tem no currículo A Última Ceia, se propõe a contar a história de como a obra de J.M. Barrie foi escrita, como sua mente funcionava em um mundo fantasiosamente cativante e seu envolvimento com a humilde família Davies, que lhe inspirou na criação da história.

Após um fracasso de seu último trabalho, o renomado escritor de peças teatrais J.M. Barrie (Johnny Deep) precisa de algo novo. Seu financiador, Charles Frohman (Dustin Hoffman), acredita no potencial do rapaz e renova o contrato do teatro e do elenco, mesmo sem ter um novo projeto apresentado por Barrie. Em busca de novas idéias, ele passa algumas tardes nos jardins de Kensington, em Londres. Em uma tarde como outra qualquer, conhece Sylvia (Kate Winslet) e seus quatro filhos, que vivem sozinhos após o recente falecimento do pai da família. A família abre as portas da imaginação de Barrie, que encontra em seus novos companheiros a inspiração necessária para criar uma das maiores obras-primas infantis de todos os tempos: Peter Pan.

O filme baseia toda a sua magia, de forma acertada, na inclusão da fantasia em um drama completamente humano e normal. Utilizando desse método para esconder o clichê, algumas belíssimas passagens são construídas ao longo da projeção. Em diversos momentos, enquanto Barrie brinca com as crianças de Sylvia, o filme os transporta para cenários imaginários da brincadeira, seja um barco pirata ou qualquer outra história que ele esteja inventando para os meninos na hora. Se não fosse a beleza reciclada de Peter Pan, tudo poderia ser monótono em um drama comum qualquer, mas se torna uma virtude devido à boa utilização do material por parte da direção do projeto.

Cada vez que as boas seqüências de fantasia se iniciam, somos transportados direto para dentro delas, como se estivéssemos brincando junto com os personagens. Mas não pensem que, por haver cenas onde os personagens estão em mundos imaginários, é um drama bobo qualquer. Tudo é correto e, mesmo que seja um tanto quanto forçado às lágrimas, não chega a incomodar devido à perfeita construção do background dos personagens. Por ser um filme mais lento, tem tempo para trabalhar a fundo as motivações e conseqüências de suas atitudes, sem parecer piegas ou forçado.

Os cenários são fabulosos, dando um visual surpreendentemente bonito para uma Londres sempre retratada de maneira visualmente negativa. Até mesmo campos verdes poderão ser vistos e, quando colocados em lado com os belos teatros e cenários imaginários magníficos construídos pela arte, cria um potencial visual bastante forte. A seqüência onde é apresentada a Terra do Nunca aos personagens faz chorar não por uma emoção que se define apenas em feliz ou triste. É algo mais complexo, levando às lágrimas pela beleza da fantasia, por nos transportar, junto com todos, para dentro daquele lindo e maravilhoso local.

Johnny Deep não está tão brilhante como sempre, mas faz um bom trabalho ao convencer como o escritor que busca inspiração nos novos amigos. Seus grandes momentos são nas seqüências fantasiosas, onde ele pode colocar em prática tudo o que sabemos que ele é capaz, como alterar a voz, fazer caretas na medida certa e o modo de se movimentar. Quando é Barrie, ele acerta ao não exagerar em absolutamente nada. Kate Winslet não repete a mesma atuação de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, mas segura a onda como a mãe solteira que depende financeiramente de sua mãe (avó das crianças) para manter sua família. Mesmo que a dupla de protagonistas não traga absolutamente nada de novo à suas carreiras, fazem um bom trabalho não nos deixando perceber toda a fantasia em que estão rodeados.

Dustin Hoffman, apesar de ter um nome grande no cartaz e estar no centro do mesmo, tem uma participação absolutamente reduzida na história. Ele fica pouquíssimos minutos em cena e, quando o faz, não há nada demais. É, literalmente, um coadjuvante de luxo para o trabalho, como costumam chamar. As crianças tem as falas um pouco truncadas, mas o destaque fica mesmo por conta do menino que interpreta Peter. Ele tem dificuldades para entrar no mundo imaginário por ter o pé muito no chão quanto a realidade que o rodeia. Não é uma criança comum, é maduro demais para seu tamanho. Quem o interpreta é o jovem Freddie Highmore. Sua seqüência final, particularmente, fará algumas pessoas saírem do cinema com o rosto inchado de tanto chorar. Particularmente, acho a cena da Terra do Nunca mais tocante e emotiva, além de ser mais característica ao tema do filme.

Em Busca da Terra do Nunca prova o nível fantástico que as produções concorrentes ao Oscar de Melhor Filme estão. Se não é tão original, consegue encantar aqueles que ainda tem uma criança escondida dentro de si. Não é aconselhável aos mais jovens, pelo ritmo lento e de muitas falas, pois vai ser difícil eles captarem a mensagem. Fica mais fácil assistirem ao próprio Peter Pan, ou até mesmo a versão mais recente, lançada ano passado. Daqui à alguns anos, quem sabe, talvez estejam prontos para ele. Para nós, já grandinhos, o que importa é aproveitar o momento, sem esquecer o lenço para o final da sessão.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | segunda-feira, 25 de Novembro de 2013 - 17:52

Filme muito bom, apesar de exigir um pouco de paciência do expectador. Mas interessante por demais.

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