Seguindo a onda de fazer cinebiografias enlatadas de Oscar para promover atores e supostamente homenagear grandes personalidades, Diana (idem, 2013) chega fazendo jus à fama que estas produções ganharam. Comandados por diretores que carregam tudo no piloto automático e jogam toda a responsabilidade nas costas dos atores e da equipe de maquiagem e figurino, filmes como Diana, A Dama de Ferro (The Iron Lady, 2011), Sete Dias com Marilyn (My Week with Marilyn, 2011), e mesmo Hitchcock (idem, 2012) gabam-se e promovem-se por suas virtudes mais tediosas, como a incrível semelhança física dos atores escalados com os homenageados, e a caprichosa reconstrução de época – como se isso fosse o suficiente para garantir uma boa sessão.
Na teoria, essas iniciativas deveriam valer pela oportunidade que trazem de se ver com novos olhos figuras de importância histórica, como políticos, celebridades e membros da realeza, mas na prática o que temos na maioria das vezes é uma visão que se limita a contar aquilo que qualquer um já sabe sobre essas pessoas, e não acrescentam nada de substancial (salvas algumas ressalvas, como J. Edgar [idem, 2011], de Clint Eastwood). Pior, quando tentam acrescentar algo de “novo”, acabam por avacalhar de vez com a ideia e o homenageado acaba tendo sua importância banalizada. E é nesse ponto que Diana comete seus piores deslizes.
Empestado por uma linguagem visual cacofônica de televisão, o filme do alemão Oliver Hirschbiegel, que se propõe a relatar os últimos dois anos de vida da princesa Diana – uma das celebridades mortas mais rentáveis e relembradas de sempre –, faz o impensável ao transformar o que deveria ser uma cinebiografia em uma ficcionalização da imagem dela, ao retratá-la como uma princesa de contos de fada da Disney. A Diana de Hirschbiegel é a típica gata borralheira, que se casa com o príncipe, tem bom coração, ajuda os pobres, luta para ganhar na vida e, eventualmente, sofre com o massacre da mídia, que acompanha cada passo seu. A Rainha Elizabeth II é praticamente a madrasta má. A história de amor com o médico paquistanês Hasnat Khan (Naveen Andrews) tem ares de novela (até porque se baseia basicamente em boatos, nunca confirmados pelo suposto amante), e o evento da comprometedora entrevista com o repórter da BBC Martin Bashir, no qual revelou seus casos amorosos, é tratado com certo sensacionalismo enrustido, digno do jornalismo marrom.
A Diana do filme, sob essa abordagem de Hirschbiegel, é praticamente uma personagem fictícia vivendo uma história de amor trágica, e pouco guarda de semelhanças com a verdadeira. Nem mesmo o evidente esforço de Naomi Watts, uma das melhores atrizes de sua geração, em garantir alguma dignidade ao papel se mostra o suficiente para livrar o filme do ar de produção equivocada, fora de tom e absurda de tão irreal. Se a proposta envolvesse pegar a história de vida de uma personalidade famosa e transformá-la em uma ficção, ainda assim o filme seria ruim, porque nem como cinema mentiroso e inverossímil a receita funciona. O único ponto em comum entre as Dianas, além da semelhança física alcançada por quilos de maquiagem, provavelmente é a antipatia e desgosto que devem provocar em alguns membros da realeza britânica. Mas se for para entender um pouco das birras entre nora e sogra da família monarca mais vigiada do mundo, prefiram o trabalho de Stephen Frears, A Rainha (The Queen, 2006), em que a “princesa do povo” nem ao menos aparece, mas é infinitamente melhor retratada do que nesta baboseira.
Naomi Watts pode dar as mãos ao Matt Damon -- ultimamente só filme chato! Última boa atuação: Trama Internacional. Já sobre o filme, nada a acrescentar, crítica perfeita.
Esperava mais desse diretor Hirschbiegel. Só veria o filme por ele e Watts, agora com essa crítica, melhor me manter afastado deste.
O filme é razoável...melhor do que qualquer filme da Julia Roberts
Aí você quer briga com o Heitor! Hahaha