Genérico e esquecível como praticamente todas as superproduções deste verão americano.
Diante do iminente final do verão norte-americano, com todas as superproduções já vistas pelo público e com os dólares contabilizados pelos estúdios, é seguro dizer que a estação foi uma grande decepção em termos de qualidade. Talvez não seja surpresa alguma afirmar algo assim, mas é fato que nenhuma das multimilionárias estreias dos meses mais lucrativos do cinema ianque conseguiu se revelar um grande filme, perdendo-se na repetição de fórmulas e na falta de criatividade que tem caracterizado as obras deste porte que atualmente vêm dos Estados Unidos. Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas (Pirates of the Caribbean: On Strangers Tides, 2011) e Capitão América: O Primeiro Vingador (Captain America: The First Avenger, 2011) são dois dos principais representantes dessa escassez de idéias e originalidade. Além disso, mesmo os melhores exemplares do período, como Super 8 (idem, 2011) ou X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011), revelaram-se nada mais do que divertidas e eficientes produções de gênero, sem oferecer nada pelo qual possam ser lembradas dentro de alguns meses – quem dirá, anos.
Infelizmente, Cowboys & Aliens (idem, 2011) é mais um esforço que se mostra incapaz de cumprir suas expectativas. E elas eram razoavelmente boas: uma premissa bacana, propondo uma possivelmente interessante mistura de gêneros; um cineasta em ascensão na indústria; e astros de primeiro nível estampando o cartaz. Comandado por Jon Favreau, que se tornou o nome da vez por lá quando Homem de Ferro (Iron Man, 2008) se revelou um bom filme, e escrito por nada menos que cinco roteiristas, Cowboys & Aliens jamais atinge seu potencial, em uma narrativa irregular e repleta de lugares-comuns, na qual a criatividade é obscurecida por explosões e efeitos especiais. Não se trata particularmente de uma realização ruim, mas em momento algum o filme consegue oferecer algo de empolgante ou memorável, seja uma cena de ação, seja uma linha de diálogo ou seja, ao menos, um simples plano. Ainda que realizado com alta competência técnica, é tudo genérico e derivativo, em uma falta de imaginação que chega a cansar em certo ponto da projeção.
Claro que nem sempre é simples desenvolver uma ideia promissora em duas horas de história – incontáveis são os casos de excelentes pontos de partida que acabam por se tornar grandes bobagens no decorrer da trama. Cowboys & Aliens até começa bem, explorando as referências clássicas do western de forma eficaz, como o protagonista misterioso e durão, o xerife, o fazendeiro malvado e, claro, o saloon da cidade. Estes aspectos são mais do que clichês; são a alma desse gênero, e ajudam a estabelecer de forma competente o ambiente da narrativa. Porém, o roteiro é incapaz de realizar algo além disso, seguindo por caminhos sempre óbvios e opções que prejudicam a fluidez da história, como os flashbacks que jamais soam orgânicos à trama ou a previsibilidade sobre quem irá morrer ou sobreviver ao final. Aliás, uma das poucas surpresas de Cowboys & Aliens, referente à verdadeira natureza de um dos personagens, faz pouco ou nenhum sentido – algo que o próprio roteiro parece perceber, uma vez que jamais se estende em explicações sobre o assunto ou leva os personagens a se chocarem a revelação.
Por outro lado, não deixa de ser interessante como os roteiristas e o diretor buscam oferecer certo plano de fundo para cada uma das pessoas da história. Sim, o filme talvez sofra um pouco pelo excesso de personagens, mas ao menos tenta transformá-los em algo mais que caricaturas. Do garoto que precisa encontrar a sua coragem, passando pelo índio que admira o patrão e chegando ao protagonista que quer entrar em paz com o passado, o material oferece a cada um deles o mínimo para que se tornem interessantes à platéia. E, mesmo que o desenvolvimento destes personagens também seja marcado pela obviedade, uma vez que é fácil prever todos os arcos dramáticos, os atores são suficientemente carismáticos e talentosos para contornar estes problemas, realmente fazendo deste aspecto, até mesmo de forma surpreendente, um dos pontos nos quais o filme é mais bem-sucedido – exceção feita à Olivia Wilde, que, além de prejudicada pelo tratamento raso dado pelo roteiro à sua personagem, demonstra mais uma vez ser totalmente inexpressiva, apesar de incrivelmente linda (o que são aqueles olhos?).
Mas se um material comum pode se tornar interessante nas mãos de um diretor talentoso, em posse de um cineasta como Jon Favreau ele tem todas as suas fragilidades escancaradas. Favreau, talvez de forma definitiva, comprova ser nada mais que um operário da indústria, deixando claro que o acerto com Homem de Ferro cabia mais a Robert Downey Jr. e à ironia do personagem do que propriamente à condução da trama. Aqui, o trabalho do diretor é apenas razoável, sem qualquer sinal ou tentativa de uma visão artística diferenciada – até mesmo as cenas de ação, normalmente o grande chamariz de filmes como Cowboys & Aliens, são realizadas de forma básica e nada empolgantes, onde a criatividade parece ser mais árida que os desertos da produção. Como se não bastasse, a obra é prejudicada de forma crucial por se levar a sério demais: é complicado apontar como falha algo ao qual o filme não se propõe, mas não deixa de ser inevitável pensar que o absurdo da trama Cowboys & Aliens poderia se beneficiar muito com um pouco mais de descontração e capacidade de rir de si mesmo – são raríssimos os momentos nos quais Favreau parece ter consciência de que seu filme, na verdade, é nada mais que uma simples diversão para a plateia.
É uma pena, portanto, ver uma ideia bacana como a de Cowboys & Aliens desperdiçada em um tratamento comum e tão duro. Mesmo que esperar algo além do que se vê na tela talvez seja muito otimismo, especialmente em um verão norte-americano onde a qualidade não foi a principal palavra, o filme poderia ter oferecido um pouco mais, nem que fosse em termos de diversão ou na brincadeira do cruzamento entre os gêneros.
Do jeito que ficou, pouco após a sessão, o espectador provavelmente estará como o personagem de Daniel Craig no início do filme: sem lembrar de muito do que acaba de presenciar.
Vale a pena assistir no cinema, muito melhor que outras porcarias - Harry Potter.
show de bola esse filme!
Gostei da crítica, eu não esperava nada do filme, e pra mim foi a melhor forma de vê-lo, mas no fim das contas, achei apenas razoável. nota 6.0
Confesso que me decepcionei (e muito!!!) com esse filme. Pensei: \"Cowboys vs Aliens!! Que baita ponto de partida!!!\". E Craig tem o perfil para esse tipo de papel. Mas o filme funciona muito mais na primeira metade, antes dos aliens aparacerem. Afinal, onde está a surpresa daquele povo em descobrir que existem aliens??? Aliás, como foi fácil pra eles deduzirem isso, né?? E aquela mulher/indígena/alien/entidade mística??? Acredito que um diretor mais apoiado no suspense elevaria o conteúdo do filme, Jon Favreau não é caso.