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Closer - Perto Demais

(Closer, 2004)
8,1
Média
1104 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

Um romance moderno e sensual, em um trabalho extremamente feliz de Mike Nichols.

8,0

Perto Demais é um refresco de qualidade para o gênero romântico no cinema. Irônico é saber que o filme vem de um diretor tão experiente quanto Mike Nichols, um sujeito de 74 anos, e não um novato qualquer. Nichols já mostrou entender muito sobre relacionamentos e romance em A Primeira Noite de um Homem, que dirigiu no longínquo ano de 1967. Isso para não falar de seu muito mais pesado Quem Tem Medo de Virginia Woolf? – um estudo complexo sobre verdades e mentiras em um casamento. Perto Demais é um filme bem ousado, moderno e realista, da forma que a personagem de Julia Roberts – Anna – define o livro escrito pelo personagem de Jude Law – Dan – na primeira metade do filme. Realmente, definição melhor não há!

O filme possui uma linguagem extremamente contemporânea, comparando-se com a média dos filmes lançados atualmente. Termos adultos, provocações sensuais entre os personagens, traições, decepções, felicidade e tristeza fazem parte do mundo que Nichols criou para suas quatro marionetes – Dan, Anna, Alice (Natalie Portman) e Larry (Clive Owen). É um mundo de muitas mentiras e poucas verdades, onde o objetivo de cada um é o mais óbvio possível: a felicidade. O roteiro não tem nada de especial ou extraordinário, porém por ser escrito com tanto realismo (embora, claro, haja alguns exageros), consegue se destacar. O filme não tenta ter um final surpreendente ou comodista – ele funciona como a realidade funciona, ou seja, nem tudo dá certo para todos. Retifico-me: sobre o final, na verdade, ele tenta sim ter um elemento surpreendente (a placa na praça), mas de forma tão sutil que acabou não estragando nada do realismo do roteiro.

O que faz o filme fluir muito bem são as interpretações. Mesmo Julia Roberts, uma atriz que sempre considerei superestimada, faz maravilhas com seu texto. Talvez todos estejam tão bem justamente pelo aspecto realista do filme, que o torna, de certa forma, fácil de ser interpretado. Pelo menos para atores desse calibre, que em conjunto formam um elenco jovem, mas já muito experiente. A direção de atores realizada por Nichols também é perfeita, conseguindo fazer deste um filme sólido e com um ritmo muito bom (mesmo que, muito raramente, repetitivo), sempre tentando surpreender o espectador com uma nova cena ou acontecimento, mas nunca rindo da inteligência dele. Muitas pessoas certamente se identificarão com os textos do filme, afinal é assim que se fala no dia-a-dia, sem maquiagens. Mais um ponto positivo!

Perto Demais consegue ser um filme incrivelmente sensual sem mostrar quase nada em termos de sexo. Os personagens apenas falam, sugerem o assunto e, mesmo que existam cenas como as do clube de striptease, onde Alice trabalha, em nenhum momento torna-se apelativo. Classe total do senhor Nichols. Os fãs de Natalie Portman, por exemplo, poderão ir à loucura com o filme, ainda que não consigam ver sua "maior preciosidade". A menina faz aqui o filme mais ousado de sua carreira. Dizem que há uma cena no clube de striptease ainda mais ousada, que por pedido dela foi cortada na sala de edição.

A trilha sonora é outro ponto importante do filme. Formada por canções lindíssimas, como "The Blower’s Daugther", escrita e interpretada por Damien Rice, é espetacular e combina perfeitamente com a história. Outras canções incluem "Cold Water", também de Damien Rice, muitas músicas italianas (combinam também perfeitamente) e até mesmo nossa Bossa Nova (cena da mostra de fotografias). O filme também tem uma fotografia belíssima, tanto que conseguiram transformar a quase sempre sombria e cinzenta Londres em um lugar para querer estar, ainda que continue sombria e cinzenta.

Não é um filme extremamente original, mas é divertido, ágil, sensual, engraçado, bem interpretado e dirigido. Um romance dos melhores dos últimos anos no cinema, não por coincidência vindo do diretor que veio. Creio que Perto Demais seja o mais próximo da perfeição que um romance de "cafajestes" conseguiria chegar. Não precisei nem citar a sinopse do filme, mas quem leu até aqui já deve ter entendido do que se trata. Recomendado para qualquer adulto que goste de cinema e conheça um pouco sequer de relacionamentos.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | sábado, 23 de Novembro de 2013 - 18:30

É um romance sem vítimas, sem mocinhos. Todos são egoístas e buscam exclusivamente a própria felicidade, e não a do companheiro. Os embates entre Clive Owen e Jude Law são massacrantes para o segundo. É a batalha do homem contra o menino. A cena de abertura é linda.
PS: noto que o pessoal não comenta muito as críticas do Koball. Porquê será? Será que é porque o Koball não comenta muitos blockbusters??

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