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Críticas

Cineplayers

Um filme despretensioso, bobinho e previsível, mas divertido.

6,0

Quando surgiram, em meados dos anos 90, os irmãos Farrelly tornaram-se a salvação da comédia norte-americana. E não foi uma aposta sem sentido, afinal, a dupla havia realizado em seis anos, os ótimos Débi e Lóide, Quem Vai Ficar com Mary e Eu, Eu Mesmo e Irene, além do também divertido Kingpin – Os Loucos Reis do Boliche. É uma pena, que os trabalhos posteriores dos Farrelly não tenham mantido o nível de seus primeiros filmes. Ainda que tenham seus momentos, O Amor é Cego, Ligado em Você e Amor em Jogo são produções pálidas diante do que os irmãos apresentaram no início de carreira.

Antes Só do que Mal Casado é o mais recente esforço dos Farrelly, tentando, de certa forma, recuperar a química que tiveram com Ben Stiller naquele filme com o “gel” no cabelo. Na trama, Stiller interpreta Eddie Cantrow, um homem de quarenta anos e sem muito sucesso em relacionamentos. Quando conhece Lila, ela parece a companheira perfeita, tanto que os dois se casam em menos de dois meses. O problema é que ela muda completamente durante a lua-de-mel, colocando dúvidas na cabeça de Eddie, enquanto ele começa a ter sentimentos por outra mulher hospedada no mesmo hotel.

Os Farrelly de Antes Só do que Mal Casado pouco lembram os cineastas politicamente incorretos que criaram cenas como a do passarinho morto vendido a um cego em Débi e Lóide. Seguindo a linha mais família que vêm ensaiando há um bom tempo, Antes Só do que Mal Casado é mais uma comédia romântica do que uma comédia escrachada, o que acaba por tirar do filme toda e qualquer possível surpresa. Além disso, é claramente visível que os diretores ficam muito mais confortáveis nas cenas cômicas, resultando em uma obra irregular em seu ritmo.

Ainda assim, Peter e Bobby Farrelly sabem fazer rir. Existem aproximadamente vinte minutos hilários em Antes Só do que Mal Casado, mais especificamente, aqueles que seguem o casamento de Eddie e Lila. As cenas nas quais ele vai descobrindo a loucura da mulher são engraçadíssimas, rendendo boas risadas. Pena que o resto do filme não consiga manter essa média, com apenas algumas piadas ocasionais conseguindo acertar o alvo (uma delas é a divertida surpresa no final).

O que também colabora para essa irregularidade é a mudança de foco para a história de amor. Como já disse, o forte dos Farrelly é o besteirol. Se Antes Só do que Mal Acompanhado seguisse por este caminho durante toda a sua duração, certamente seria uma experiência mais do que recomendável. Infelizmente, os diretores repetem o erro dos filmes anteriores e dão atenção desnecessária à trama romântica, que jamais convence e deveria ficar em segundo plano ou servir como motivo para as piadas (a exemplo de Corra que a Polícia Vem Aí). É apenas uma questão de dar ênfase àquilo que se faz melhor.

Enquanto isso, Ben Stiller interpreta mais uma vez o mesmo papel que vem representando há aproximadamente dez anos. Não há nada de novo no personagem do ator, criando novamente uma figura levemente atrapalhada, irascível e que está sempre se metendo em enrascadas. Ainda assim, Stiller é um comediante de talento e, por mais que sua caracterização seja “mais do mesmo”, ele consegue protagonizar cenas engraçadas, como a explosão de fúria com a banda ou a expressão durante a cantoria da esposa no carro.

Já Malin Akerman, no papel da esposa ensandencida, não compromete o filme, porém, não chega a ser responsável por bons momentos. Uma comediante mais experiente talvez pudesse dar mais resultado a algumas cenas. O restante do elenco pouco tem a fazer. Jerry Stiller e Rob Corddry têm parcos bons momentos como o pai e amigo do protagonista, enquanto Michelle Monaghan não precisa de nada além de parecer uma gracinha diante da câmera.

No final das contas, Antes Só do que Mal Acompanhado é uma comédia razoável, que funciona como escapismo por quase duas horas. Não chega perto dos melhores trabalhos dos irmãos Farrelly, mas ver a cara de idiota de Ben Stiller em situações inusitadas sempre vale algumas risadas. Um filme despretensioso, bobinho e previsível, mas divertido.

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