Mais uma comédia divertida (e vulgar) dos irmãos Farrelly, não especialmente inspirada, porém.
Os irmãos Farrelly, há anos sem emplacarem um sucesso igual a Quem Vai Ficar com Mary?, resolveram, de certa forma, reciclar aquele filme e misturar alguns de seus ingredientes em uma refilmagem do filme homônimo (The Hearthbreak Kid) de 1972. O resultado é um trabalho engraçado, divertido, mas bastante medíocre. Conquistar uma segunda vez o nível de inspiração de “Mary” é um esforço extraordinário, e ainda não foi dessa vez que foi conseguido. Apesar de ser recheado de boas intenções, os Farrelly novamente passaram um pouco do ponto e fizeram um filme mais agressivo do que o necessário.
Lotado de estereótipos para todos os lados, característica comum no cinema dos Farrelly, o filme tem aquele clima um pouco anárquico que também é característica dos filmes dos dois irmãos – palavrões, ofensas a minorias e muita vulgaridade. Há até uma cena de sexo que acabou ficando bastante deslocada dentro do filme, e que também deve ter ajudado a manter o público longe, afinal esta foi uma das bilheterias mais baixas dos últimos filmes dos irmãos e de Ben Stiller. Falando em Stiller, ele interpreta o mesmo tipo que vem fazendo em quase toda a sua carreira: na superfície calmo, mas pronto para estourar a qualquer momento, quase sempre se contendo em prol da boa convivência com os que o cercam.
Apesar de ter uma duração um tanto quanto grande para o gênero (quase duas horas), o filme tem sim suas qualidades. Além das belíssimas locações do litoral mexicano e de San Francisco, os personagens são bem interessantes, ao contrário de seus destinos, pois o filme é tão previsível que fica fácil saber, conhecendo-se a sinopse, com quem Eddie (Stiller) ficará ao final. Mas aqui o mais interessante mesmo não é o final, e sim a jornada. Há várias piadas bastante inspiradas, e pelo menos uma ou duas que farão muitos racharem o bico de tanto rir. Há humor visual e há humor sutil, presente em alguns diálogos que somente o público mais atento ou menos preguiçoso notará. No final das contas, mesmo com tanta diversidade, não há nada de novo nisso tudo.
Vale o aviso de que, pela natureza de algumas cenas, não é um filme recomendado a crianças, até porque elas não entenderiam o tema muito bem, de qualquer forma. A personagem de Malin Akerman (a loira estúpida com quem Eddie se casa) é um manual de como não ser uma mulher. Apesar de bonita, a personagem é totalmente fútil, burra e irritante. Obviamente esse foi o objetivo do roteiro – mostrá-la como um belo monstrinho, para que a busca de Eddie por outra durante a sua própria lua-de-mel fosse bem justificada. Nesse sentido, o filme distancia-se de Quem Vai Ficar Com Mary?, pois Lila é o total oposto de Mary.
Tentando repetir o sucesso de “Mary” e dando a impressão de querer mostrar que ainda são os comediantes mais ousados de Hollywood, os irmãos Farrelly entregaram outro filme razoável, mas irregular e vazio. Como seus outros recentes filmes, é garantia de uma sessão de cinema divertida, mas que deixa um sentimento de inutilidade total após os créditos subirem. Muitos se identificarão com o tema (Stiller interpreta novamente um cara comum como muitos que você conhece, ou até mesmo como você próprio já foi ou se sentiu), e para essas pessoas Antes Só do que Mal Casado fará bastante sentido. Para todos os outros, será apenas uma experiência medíocre de cinema.
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