Mais um filme da série do espião com licença para matar, "007 - Somente para Seus Olhos", ao contrário do personagem principal, não corre muitos riscos.
Para começar, a história contada é das mais simples, sem tramas mirabolantes e reviravoltas estapafúrdias. Nem as características conspirações internacionais estão presentes – talvez já estivessem perdendo apelo no início dos anos 80. De qualquer forma, a trama parte do ataque a um navio britânico que continha (adivinhem?) uma arma secreta, que “em mãos erradas”, poderia se tornar uma ameaça enorme. É claro que o escolhido para investigar o caso – e todos os seus desdobramentos, que incluem, naturalmente, pessoas suspeitas, agentes duplos e mulheres fatais – é James Bond.
Vivido por um Roger Moore sem carisma e em idade avançada para o papel (53 anos), o agente é retratado da forma mais simples possível. Sua tradicional canastrice é a mais leve (ele chega a rejeitar uma ninfeta nua em sua cama), seu humor não existe, ele tampouco demonstra momentos de grande perspicácia que o diferenciam dos reles mortais. É um 007 sem nada de extraordinário, a não ser a habilidade de sobreviver aos criminosos que fazem de tudo para acabar com ele.
Se Roger Morre acrescenta pouco como 007, o elenco de apoio também não ajuda. A bondgirl, belíssima e inexpressiva Carole Bouquet, não tem a menor química com James Bond. O tradicional jogo de sedução protagonizado pelo par central (que acontece com perfeição, por exemplo, no recente Cassino Royale) praticamente inexiste, e eles trocam apenas um beijo no fim do filme, apenas porque manda o protocolo.
Outro ponto interessante de observar é como o filme é datado. Não seria preciso buscar a informação para saber que foi lançado em 1981 – é a cara daquele período de transição entre os anos 70, cujo visual ainda é presente, e os anos 80, que se prenunciam com o estilo new wave da música-tema e da abertura e com o visual dos carros e dos aparelhos “futurísticos” – típicos de uma era pré-digital.
Se parece que nada funciona no filme, é preciso desfazer essa idéia. Somente para Seus Olhos é válido exatamente pela descomplicação da trama e da fluidez narrativa, que o tornam um produto leve e de fácil digestão, sem ofender demais o espectador que sabe estar diante de James Bond. Além disso, a produção oferece todos os itens que poderiam constar em um guia “Como fazer um 007: clichês básicos” – apenas em porções mais brandas, reduzindo o resultado a um 007 light, uma diversão sem calorias e um tanto segura.
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