SEM RESPEITAR O PRÓPRIO TÍTULO, CLIFFHANGER NÃO SE ARRISCA A NADA EM MOMENTO ALGUM
Como repetiu em A Ilha da Garganta Cortada, Do Fundo do Mar e O Exorcista - O Início, Renny Harlin se atrapalha todo na direção de Risco Total (1993) e acaba, por consequência, nos deixando completamente desnorteados com relação ao produto final de seu filme. Apesar da promissora cena de introdução (parodiada em Ace Ventura 2 - Um Maluco na África de maneira que ficou muito mais interessante), que aparentava nos introduzir em um filme com tons dramáticos sobre redenção e superação e, principalmente, confiança, Risco Total se estabelece rapidamente como um filme de ação genérico pré-condicionado e pré-condicionante, onde um roteiro 100% esquemático e formulaico aliado a uma direção protocolar e burocrática - pra não citar novamente sua desorganização - impedem qualquer tipo de evolução do fime como obra de entretenimento e ou diversão. Ironicamente, Harlin parece expor seu filme à mesma situação em que seu protagonista, Gabe Walker (Sylverter Stallone) nos é apresntedo: pendurado à boca de um precipício de onde não se vislumbra fim, sustentado por uma sensível e instável corda de segurança. No caso, esta corda seria a nossa paciência e nossa disposição em continuar suportando o peso de tamanha canastrice e comodidade.
E de nada adianta a direção se preocupar em tentar valorizar os efeitos especiais (indicados ao Oscar numa competição de dar pena com Jurassick Park) pois apelo visual não é o forte desse filme - que sofre muito também com a monotonia causada pela repetição dos cenários, sendo o filme ambientado quase que em sua totalidade em uma montanha coberta de neve. E a medida que os vilões vão ganhando mais espaço, mais ridicula se torna sua existência. Visando transmitir a sensação de colapso iminente, os bandidos encontram-se em conflito o tempo todo, mas nunca nos é dado um motivo para tal. Artifício quase amador.
E mesmo tendo um Michael Rooker como um dos coadjuvantes, as atuações de todo o elenco são de apáticas a desastrosas. Mas este desempenho ruim não parece estar ligado a capacidade dos atores, visto que as expressões incrédulas destes se repetem em mais de uma situação, como que não acreditando no que lhes é delegado à fazer e/ou dizer. E algumas dessas situações são difíceis de se engolir mesmo. Dai só nos resta torcer para um final satisf...não, nem adianta torcer ou rezar. É aquele final mesmo que você havia pensado logo nos primeiros minutos. Sem tirar nem por.
Dessa forma, Risco Total comprova a péssima fase de Sly nos anos 90, onde mesmo emplacando alguns sucessos, como O Demolidor, Cop Land e Assassinos, suas opções de projetos foram não só errôneas como também prejudiciais ao seu status de bom ator que realmente é. Que bom que ele acabou por atravessar este momento e reerguer-se, pois esta década - seja pelas contestáveises escolhas ou pela saturação do gênero - quase o derrubou.
O que fica ao assistir e reassistir Risco Total tantas vezes é uma percepção de este se tratar se uma zona de conforto muito grande para a direção e nota-se um medo e uma exitação em arriscar, ou mesmo fugir dos lugares comuns, que de tão previsíveis e ineficientes aqui, chegam a assustar. Texto pobre. Roteiro pobre. Direção pobre.
Pobre de nós.
Eu até que gosto deste, apesar das óbvias limitações. A cena de abertura é ótima. 😎
Eu curtia quando criança, Luiz. Mas com o tempo ele foi despencando - sem trocadilho - pra mim. Mas a cena de abertura é demais msm.