"MALDITO ROOSEVELT...ESSE PAÍS PRECISA É DE UM DOUGLAS MacARTHUR!!'
Retratando o pioneirismo do sindicalismo norte-americano, linkada direta - embora não oficialmente - à biografia do poderoso líder trabalhista Jimmy Hoffa, que desapareceu sem deixar rastros em 1975 (tendo ocupando a presidência do sindicato dos caminhoneiros entre 1958 e 1971), F.I.S.T. (1978) merecia muito mais carinho e atenção do que lhe foram atribuídos. Tanto por parte do público, quanto da crítica, quanto do próprio diretor Norman Jewison (No Calor da Noite; Um Violinista no Telhado). Digo isso pois fico com a sensação de que o roteiro de Joe Eszterhas (Instinto Selvagem; Jade; Invasão de Privacidade) parece querer expôr idéias demais e embaralhar-se nelas, sendo que Jewinson mostra-se incapaz de condensá-las ou mesmo organizá-las.
Dito isso, vale salientar o quanto o argumento de F.I.S.T. é forte. Mesmo com saltos abruptos na cronologia da trama, inserção e remoção repentinas de personagens e um início apressado e exagerado dramaticamente, F.I.S.T. vai se ajustando aos poucos com o passar do tempo e isso se deve muito, sem qualquer tipo de protecionismo, a boa e segura presença de Sylvester Stallone. O astro - recém colhendo os louros de Rocky, Um Lutador - vai compreendendo o peso de seu personagem e suas falhas e vai moldando sua persona para que esta se ajuste melhor à fase que Johnny Kovak (seu personagem) vive. De um simples trabalhador de depósito apaixonado pela bela moça da vizinhança ao líder sindical da maior força trabalhista da época, as aspirações e as responsabilidades do personagem ganham pesos diferenciados e proporções igualitárias na atuação de Sly. Se a luta de Kovak, no início de sua jornada, era apenas contra relutantes ao movimento e a exploração dos trabalhadores da categoria, anos mais tarde chegaria ao ponto de julgamentos público, sindicâncias, crime organizado e corrupção interna. É muita coisa pra se trabalhar em tão pouco tempo de filme.
Com uma trama iniciada nos anos 30 e estendendo-se até os primórdios dos anos 70, o trabalho de maquiagem e figurino são muito competentes, principalmente na transformação de SLy que, apesar de pouca coisa mudar, assume uma carga impressionante na segunda metade do filme. E se a trilha de Bill Conti (Condenação Brutal; Rocky, Um Lutador) fraqueja em momentos de mais singelos, empolga demais nas passagens que exigem maior tensão e nas cenas de ação - principalmente nos embates com a polícia.
F.I.S.T. não foi um tremendo sucesso de bilheteria (custou U$ 11 milhões e faturou U$ 20 milhões), mas conquistou sua parcela de admiradores e defensores, sempre citado para defender os dotes dramáticos do astro principal. F.I.S.T. é o tipo de filme que exige uma maior duração, para melhor absorção de cada passagem - tipo Uma Mente Brilhante. Mas não desagrada quem espera bom desenvolvimento, embora fique a sensação de que explorar os problemas renderia muito mais frutos do que apresentar as soluções.
Ficaria bem melhor se tirassem 30min de filme.
Já eu preferia mais meia hora e bem trabalhada. kkl