"SIMON PHOENIX É UM BANDIDO À MODA ANTIGA. PRECISAMOS DE UM TIRA À MODA ANTIGA."
Um policial do século XX, acusado de ser o responsável pela morte de reféns em uma operação, é preso juntamente com o mais terrível assassino do ano de 1996, condenados a "Crio-Prisão", ficando congelados até o final da pena. Porém, ambos são despertados antes e soltos em San Angeles, uma união das cidades de Santa Mônica, San Diego e Los Angeles, uma sociedade que desconhece os conceitos de crime, sexo e maldade, controlada por um governante manipulador.
Com essa descarada e escancarada influência da clássica obra literária Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, O Demolidor (1993) é o típico filme que parece ter sido a tônica da carreira de Sylvester Stallone: sucesso de público e de bilheteria, mas bombardeado pela crítica pelos mais diversos e até insensatos argumentos. Tudo bem que O Demolidor parece debochar da utopia de uma sociedade perfeita, sem violência nem transgressões, como que se apegando ao termo "mal necessário", mas criticar um filme de ação - ainda mais dado o contexto (um bandido violento numa sociedade pomposa e despreparada) - por ser "violento demais" é de um levianidade absurda. Você pode criticar os aspectos artísticos da obra, como o fraco roteiro escrito à seis mãos, ou suas quase sempre infrutíferas investidas na comédia (Rob Schneider parece disposto a estragar o filme com aquela cara de paspalho). Aí, tudo bem. Mas não compreender a utilização de uma ferramenta - no caso, a violência (que nem é tanta assim) - para uma fluência natural da trama, chega a ser burrice.
Pois bem, colocando de um lado o impetuoso policial John Spartan (Sly) - a associação aos espartanos não é uma mera coincidência - e do outro o caótico e impiedoso Simon Phoenix (Wesley Snipes) - muito bem neste papel, é bom que se diga - num embate quase antológico dentro de uma fictícia e utópica sociedade desacostumada a criminalidade e a qualquer tipo de maldade (os policiais recebendo instruções de como proceder em caso de encontrar um infrator já nos dá o tom da coisa), o filme traz cenas de ação e de luta de primeira qualidade, algumas perseguições eletrizantes e um ou outro dilema moral e social tratado de forma rasa e ágil pelo diretor Marco Brambilla, que foca bastante na brutalidade do protagonista em meio aquela frescura toda. Daí sim, saem cenas naturalmente engraçadas, como a de Spartan indo ao banheiro e tentando fazer sexo com a personagem de Sandra Bullock.
O Demolidor não era para ser, mas acabou tornando-se um filme de personagens. Ou melhor, de personagem. Simon Phoenix fica com todos os créditos pelo feito (Snipes foi indicado à categoria Melhor Vilão pelo MTV Movie Awards). Irreverente, caótico, imprevisível e divertido, o prazer do personagem em ser sádico é um deleite para nós, que francamente, sempre torcemos mais pelo bandido do que pelo mocinho.
Faturando três vezes o valor de seu orçamento (resultando em algo em torno de U$160 milhões!!!), O Demolidor é tido como um dos clássicos de ação dos anos 90, trazendo dois dos astros mais populares na época em grande forma e a mocinha queridinha da épocaem franca acensão popular (seu papel seguinte foi Velocidade Máxima). É o tipo de filme saturado pelas inúmeras exibições na TV aberta nacional, mas sempre que aparece, bate aquela saudade. Um bom filme de ação, embora pudesse ter aprofundado mas suas interessantes questões sociais e ser um bom filme como um todo. Mas pra mim, já é o bastante.
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