FALTOU POUCO PRA NÃO SER NADA
Se existe um tipo de filme que me desagrada bastante são os thrillers genéricos, daqueles típicos do Supercine onde, já no primeiro minuto, você já sabe quem é o assassino. Esse tipo de filme é a antítese daquilo ao que se propõe, pois auto-sabota-se de imediato, colocando-se em uma situação difícil de se contornar e de escapar: o lugar comum.
D-Tox (2002), do diretor Jim Gillespie (Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado), entra nessa armadilha e não encontra nem vestígios de como sair dela. Amontoando personagens vem situações que nada evocam no espectador, se não o tédio, D-Tox chega ao cúmulo de dar como resposta a uma das perguntas feitas pelo detetive Jake Maloy (Sylvester Stallone) ao assassino do filme um descarado "isso não importa" - quando lhe é perguntado como ele havia descoberto o local onde se passa praticamente toda a trama. E esse momento nem chega a ser o mais constrangedor do filme. Quando o assassino, já revelado ao público, questiona a um dos policiais que tanto gosta de vitimar, se este está gostando de estar no lugar da pessoa abordada, é inevitável esperarmos uma explicação sobre este sentimento. Porém, a cena é cortada e nada mais é dito ou mostrado a respeito.
D-Tox vai degringolando ladeira abaixo impulsionado por um de seus principais problemas: a descartabilidade de todo elemento e personagem introduzido na trama. Com exceção do anel de casamento (boa sacada), nada nem ninguém possui função alguma. Portanto, quando as mortes começam naquele lugar frio e isolado, o clima que deveria ser tenso e pesado torna-se amorfo e tedioso. Cada intervalo entre uma morte e outra parece interminável. E, como já sabemos quem é o assassino - pois nem roteiro, nem direção são competentes ao ocultá-lo -, toda vez que ele está em cena torcemos por uma banho de sangue que nunca vem - D-Tox promete muita violência gráfica em seus primeiros minutos, nas depois do primeiro ato somos poupados das mortes com cortes e ângulos medrosos e convencionais.
Recheado de nomes famosos como Tom Berenger, Robert Patrick, Robert Prosky, Kris Kristofferson, Charles S. Dutton e Jeffrey Wright, o elenco de D-Tox parece não acreditar no quão ridícula é a situação e no quão seus personagens são esteriotipados e, ao invés de tentar salvá-los, parecem chutar o balde e abraças a desgraça juntos. Principalmente Patrick, que recebe o mais clichê de todos os papéis.
A conclusão abrupta e repentina não incomoda, já que é um desejo nosso. O que fica com D-Tox é mais um thriller bem convencional e apático, desprovido de emoção ou interesse e a impressão de mais um bom livro desperdiçado.
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