NO SUB-MUNDO DO CRIME, NEM SEMPRE SEU MAIOR INIMIGO REPRESENTA O VERDADEIRO PERIGO
Quando pensamos em filme sobre o maior mafioso da história dos EUA, é quase que instintivo que o nome de Os Intocáveis, clássico do mestre Brian De Palma, venha à nossa mente. Também pudera. O filme é uma Obra-Prima, tem Robert De Niro, Sean Connery e Kevin Costner. Só falando assim por cima. Porém, dentre tantos outros filme que contam a história de Alfonso, seja de um jeito ou de outro, há um filme que cjama a atenção - pelo menos a minha: Capone - O Gângster (1975). Chama-me a atenção pelo fato de mostrar a ascensão de Al Capone (Ben Gazzara) na máfia, subindo de um reles encarregado ao grande senhor do contrabando de bebidas durante a lei seca implantada nos anos 20, mas curiosamente o faz sem focar 100% na figura do protagonista apenas, mas também abrangendo a tensão entre as famílias dominantes - mostrando inclusive os primeiros passos das divisões territoriais afim de evitar conflitos entre essas - e dando espaço para alguns codjuvantes crescerem com o decorrer do filme. Dentre esses coadjuvantes que vão crescendo ao longo do filme está o guarda-costas e futuro sucessor de Capone no comando da máfia, Frank Nitti, personagem de Sylvester Stallone - motivador desse comentário.
O diretor Steve Carver impõe um tom e uma sensação de tensão crescente e cenário decadente muito interessantes, enaltecido pelo congelamento de certos frames na cena de abertura, tomados completamente pela cor vermelha (cor esta que predomina no filme, seja em sua supremacia em cena, seja em seu emprego em pequenos detalhes ao fundo de cada cenário) que, em certos momentos, chega a deixar o filme com um aspecto sinistro até. E esta descaracterização da imagem em quanto registro em prol da narrativa, de imediato funciona muito bem, embora se tornando um artifício repetitivo e previsível em momentos chaves do filme. Daí, soma-se a trilha sonora característica de filmes de máfia na época - todas bebendo da inesgotável e infindável fonte do clássico absoluto de Francis Ford Coppola - e Capone - O Gângster torna-se um filme de apreço fácil e de acompanhamento agradável.
O roteiro faz questão se enfatizar a maneira com que não só Capone, mas também os demais homens desse ramo crescem no meio. A meritocracia fica em segundo plano em detrimento à remoção - digamos assim - dos obstáculos que se apresentam. Assim como Johnny Torrio (Harry Guardino) fez com seu amigo em seus tempos de capanga de Fank Yale (John Cassavets) e Capone viria a fazer com o próprio, Frank Nitti (Sly) acabaria por fazer também com Capone: ganhar a confiança do mestre através de farsas e, quando sentir-se grande o suficiente para ser mais do que um simples encarregado, encomendar a morte do patrão. Esse ciclo parece sempre anunciar seu fim toda vez que um membro começa a prejudicar os negócios. Quando este momento chega, é hora de alguém assumir este posto. Primeiro foi Torrio, depois Capone e agora Frank. E este sabe que sua vez irá chegar. Sem drama excessivo, roteiro e direção acertam nesse ponto.
O que de pior Capone - O Gângster tem à oferecer diz respeito às atuações, que não são ruins, apenas pouco inspiradas. Porém, pode-se dizer ser este um filme que não só clama como também merece uma maior parcela de conhecedores, pois equivale-se aos bons filmes do gênero e traz algumas perspectivas diferentes das costimeiras. Altamente recomendado para fãs do gênero e de Sly, recebendo aqui seu primeiro papel de destaque em Hollywood.
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