UM PASSO À FRENTE, APÓS MUITOS PARA TRÁS
Roteiro de estréia dos irmãos Wachowski (Matrix) dirigido por Richard Donner (Os Goonies; Superman - O FIlme; A Profecia; Máquina Mortífera), pode-se dizer que Assassinos (1995) veio na hora certa na carreira de Sylvester Stallone, que vivia uma fase complicada na carreira nos anos 90, sem aquele entusiasmo e sagacidade que o consagrara na década passada.Para tal, bem como na trama, um rosto novo se fazia necessário para injetar um pouco mais de ânimo à situação. Antônio Banderas havia acabado de chegar à Hollywood e, depois de uma série de participações em diversos filmes - chamando um pouco mais a atenção em Filadélfia e Entrevista Com o Vampiro - e ter estrelado A Balada do Pistoleiro, caiu muito bem no papel de assassino novato e ambicioso que deseja tomar o posto do atual número 1 - papel delegado a Sly.
E essa quase auto-análise dos dois personagens/astros envolvidos nesse bom e velho embate de gerações, tão recorrente no cinema, é o que sustenta a dinâmica da trama, que é bem ágil, mas carece daquele plus que nos mantém acesos até o final. O problema maior do roteiro dos (enganadores) Wachowski, que têm muito mais êxitos em seus roteiros do que em suas direções, foi pré-julgar os personagens, numa nítida tentativa de condicionar a opinião do público. Robert Rath (Stallone) é apresentado como o típico matador profissional cheio de princípios éticos e dilemas morais, íntegro e charmoso. Um anti-herói daqueles que até esquece-se do fato de ser um assassino.Principalmente depois de formar casal com Electra (Julianne Moore), num artifício canastrão para aproximá-lo do público. Miguel Bain (Banderas), por sua vez, é maldoso, sádico, sem escrúpulos e sem qualquer código de honra e conduta. Colocado intencionalmente de forma a ser visto como vilão da trama. Por sorte, Banderas consegue uma boa empatia conosco em sua atuação, fazendo com que, mesmo sabendo de seu desfecho de antemão, fiquemos ansiosos pelo derradeiro embate. Aliás, todas as cenas em que os matadores se cruzam são muito bem dirigidas por Donner, que sempre manteve uma dinâmica e uma regularidade muito boas na carreira.
Encerro este brevíssimo comentário acerca deste filme dizendo que os planos de Donner favorecem demais os cenários e embelezam cada um das cenas do filme. Poucas vezes em um filme de ação um pântano e um cemitério foram tão bem aproveitados pela direção. Assassinos foi um dos poucos filmes estrelados por Sylvester Stallone nos anos 90 que se salvaram e tornou-se importante por recolocar a carreira do astro de novo nos trilhos, deixando as comédias pastelonas de lado e voltando à ação e um pouco ao drama (depois deste, Daylight e Cop Land reergueram o status do astro e devolveram-no um pouco do prestígio perdido). Só por isso, Assassinos já merece uma boa dose de carinho.
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