Eu fui procurar pelo O Homem do Sputnik e não encontrei aqui em casa, encontrei outro filme com título Os Cosmonautas (1962, Vitor Lima; com Ronald Golias). Mas tinha um outro filme do Carlos Manga, de título Garotas e Samba. Uma ótima comédia com elenco afiadíssimo: Zé Trindade, Renata Fronzi, Adelaide Chiozo, Sonia Mamede, Zezé Macedo, Suzy Kirbi, Francisco Carlos (ator fez mais de 22 filmes, cantor, compositor e pintor) e Jece Valadão como o vilão da trama. O filme tem milhares de cenas marcantes, com passagens e frases antológicas. Os personagens são estudos muito entusiasmados do que é caricatura e esteriótipo, uma reunião de tipos fantásticos, ordinariamente cínicos. Vale muito ver. Para quem espera alguma coisa das sequencias musicais com bailarinas, ficará um pouco desapontado com o glamour das apresentações, embora a música, em sua maioria marchinhas de carnavais, tem a sua harmonia e são comentários às vezes ácidos, de humor petitan corrosivo, mas sem ferir ninguém, propriamente. O filme é um estágio muito avançado do que vimos em programas como Zorra Total ou A Praça é Nossa, até mesmo de programas como Casseta & Planeta, porque aqui e ali Garotas e Samba também tece sua crítica irônica a algum momento do país ou dos costumes, why not, de classe. Mas esses momentos, às vezes surgem como falsa consciência, como quando uma personagem tenta dar um golpe numa boutique e sair sem pagar pelas roupas de luxo. Existem alguns outros momentos como esse na trama, e vão depender inclusive da nossa capacidade de atender as piadas que disparam e se acumulam na tela. A cópia que vi do filme, tinha um áudio nota sete, um pouco estourado mas audível, Garotas e Samba é um filme que privilegia-se muito de seu trabalho de dublagem, uma segunda incorporação para os atores do personagem onde, aqui, os personagens "criam" vozes para seus personagens, gagos, caipiras, cantore-as de rádio, canastrões, mulheres de todos os tipos, Naná (a ladra da boutique) apronta as suas em francês. E indica bons caminhos para a dublagem brasileira não resvalar num fantasma assombroso que assola a dublagem brasileira para as produções hollywoodianos: um português bem dizido, uníssono, padrão Globo, sem sotaque.
Garotas e Samba (1957, Carlos Manga) é uma boa fórmula de acabar com tudo isso.
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