[Filme de Tony Scott é estrelado por John Travolta e Denzel Washington. O que não ajuda muito…]
Não foi dessa vez que John Travolta voltou a brilhar na pele de um vilão. Quinze anos se passaram desde que Quentin Tarantino ressuscitou sua carreira ao dar a ele o papel do gângster Vincent Vega, em Pulp Fiction. O mesmo Tarantino que foi o responsável pelo roteiro de Amor a Queima Roupa, diga-se de passagem, o último grande filme do cineasta Tony Scott.
De lá pra cá, muitos anos se passaram até chegar em O Sequestro do Metrô 123, adaptação do livro homônimo de John Godey, que já havia ganho uma versão para o cinema em 1974 com o título de Sequestro do Metrô. O que se nota dessa nova empreitada do diretor de Top Gun- Ases Indomáveis é que tanto ele quanto Travolta carecem da polpa tarantinesca que ambos fizeram uso na década passada.
Travolta, aliás, até se esforça e, relativamente, consegue superar as limitações do personagem esquemático que arrumaram pra ele. Ele é Ryder, o líder misterioso de uma quadrilha que sequestra o metrô da estação Pelham, no Brooklyn. Com auxílio dos comparsas, ele rende o maquinista de trem, isola um vagão com reféns e exige da polícia nova-iorquina 10 milhões de dólares em uma hora. Para cada minuto de atraso no pagamento do resgate, um refém é morto em represália.
O encarregado de repassar as informações à polícia é Walter Garber (Denzel Washington), funcionário do alto escalão da companhia que acidentalmente operava a central de comunicação do metrô no momento do sequestro. Ryder, de cara, simpatiza com ele e exige sua presença na negociação, principalmente quando descobre que ele está sob investigação do Governo. As conversas entre os dois revelam um pouco de cada um. Ryder encontra intimidades suas no negociador e passa a usá-las a seu favor.
Até esse ponto da trama, Tony Scott coleciona méritos na sua produção. No entanto, na medida em que o filme avança, mais precisamente do meio para o final, seu castelo de cartas passa a desmoronar. A começar pelas histerias do personagem de Travolta, que ora se mostra cerebral e ora afetado. Suas motivações confusas aliadas ao desfecho histriônico encontrado pelo diretor engessam todo o potencial que o longa detinha. Ao exemplo de Travolta, Denzel Washington ainda se empenha de livrar o barco do naufrágio. Só não impede as deficiências do filme que não estavam a seu alcance.
Além do vilão e do mocinho, o filme teve ainda a colaboração de alguns personagens secundários, entre eles um negociador da polícia (John Torturro, caricato), o prefeito de Nova York (James Gandolfini, caricato – parte 2) e o comparsa de Ryder (Luis Guzmán, apagado até para um coadjuvante). Nenhum deles roubou a cena. Sequer mostraram disposição pra isso.
O Sequestro do Metrô 123 talvez alcançasse resultado melhor nas mãos de outro realizador. Que não tivesse o receio de fugir do previsível. Que fosse mais ousado na resolução dos conflitos da trama. Que desse melhor equilíbrio ao elenco. Enfim, que tivesse mais colhões! Não dá pra dizer que Tony Scott não tentou, mas bem que ele podia ter tido umas aulas básicas sobre o gênero com o Sidney Lumet,ou até mesmo com o Spike Lee
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