[Sustos, ruídos, tensão e criança malvada. Alguém já viu esse filme? ]
Desde que O Chamado popularizou o subgênero remake-de-terror-oriental-com-crianças-fantasmas-e-contorcionistas, a infância perdeu uma parcela de sua inocência no cinema. Na verdade, a reputação dos baixinhos já havia sido manchada há muito tempo em filmes como O Exorcista e A Profecia. Acontece que de uns tempos pra cá o argumento da “criança maligna que faz e acontece” virou a tábua da salvação para os estúdios tirarem uns trocados a mais da mesada do público adolescente.
Depois de Samara, Regan e Damien aprontarem poucas e boas e se transformarem em ícones dos filmes de terror, agora é a vez de Esther, protagonista de A Órfã, comandar suas “travessuras” no mundo dos adultos. No seu caso, sem maldições ou possessões demoníacas. Apenas maldade mesmo.
E como manda o figurino do gênero, se há uma criancinha “amável”, há também uma família a ser atormentada. E se há uma família atormentada há uma casa no meio do nada onde ocorrerão esses tormentos. E é claro: um dos personagens vai ter que carregar a cruz.
É o caso Kate (Vera Farmiga) uma ex-alcoólatra que, por não superar a perda do terceiro filho, decide adotar uma criança. Ela e o marido John (Peter Sarsgaard) vão até um orfanato a procura de uma garotinha, já que o bebê morto em trabalho de parto era uma menina. Esther (Isabelle Fuhrman) é a escolha do casal.
Mesmo com um passado obscuro na Rússia, Esther é uma garota educada e virtuosa, com uma capacidade fora do comum de aprender as coisas. Em pouco tempo, estabelece uma amizade profunda com Max (Aryana Engineer), a filha caçula de Kate, cujos problemas de audição foram causados pela negligência da mãe. Com Daniel (Jimmy Bennett), o irmão mais velho, há um atrito que ela parece contornar com sua gentileza.
Pouco a pouco, no entanto, a menina começa a mostrar suas garras. Primeiro, vem a tortura psicológica na irmã surda-muda. Em seguida, ameaças e “acidentes” com os colegas de classe. Logo, Esther centra suas atenções em John, por quem possui uma estranha obsessão.
Kate é a única a perceber as intenções da garota. No entanto, o jogo de manipulação da menina a torna uma presa fácil.
Com os ruídos, silêncios e os sustos habituais do gênero, A Órfã é o típico mais do mesmo que tem um algo mais a oferecer. Mesmo que o filme do diretor espanhol Jaume Collet-Serra ( do fraco A Casa de Cera) se prenda em estereótipos do gênero, o elenco se esforça em contornar a previsibilidade do roteiro com mais competência que outros exemplares lançados na temporada.
Se não conseguem retirar o filme da mediocridade, Vera Farmiga e Isabelle Fuhrman ao menos garantem bons momentos de tensão e algumas remexidas na poltrona. O desfecho pode não ser de cair o queixo, mas só pelo fato de não se valer de uma solução mirabolante já basta para o espectador não sentir aquela vontade engolir o ingresso. O que é raro, nesses casos. Ou melhor, nesses filmes…
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