Muito tempo passou desde 1984, ano da elogiada estréia de Ethan e Joel Coen com o filme Gosto de Sangue. De lá pra cá, a dupla ganhou mais dinheiro, mas prestígio e alguns fios de cabelos brancos. O que não mudou foi a cabeça deles ainda inspirada por uma contumaz obsessão pelo mórbido.
Se com Fargo os irmãos Coen marcaram território na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas , com Onde os Fracos não Tem Vez eles urinaram com vontade sob o tapete vermelho e nas quatro carecas douradas que faturaram em 2008 no Oscar. .
Embora tenham levado pra casa os melhores prêmios da festa, não foi preciso fazer nada de diferente do que faziam há mais de vinte anos para se consagrarem. Basicamente há dois tipos de filmes dos irmãos Coen: as comédias mais “leves” que iniciam numa boa e repentinamente, lá pela metade do filme, começam a pegar fogo.
Dessa vertente situam-se Na Roda da Fortuna, O Grande Lebowsky e o recente Queime depois de ler. Já outros como Fargo e Gosto de Sangue possuem um verniz mais pesado com dimensões mais bizarras e apelo apurado ao grotesco.
Onde os Fracos não Tem Vez faz mais o gênero desse segundo grupo. O filme é encabeçado por Josh Brolin (Planeta Terror) é Llewelyn Moss, um ex-combatente do Vietnã que durante uma habitual caçada pelas terras áridas do Texas encontra acidentalmente uma maleta de dinheiro cercada por cadáveres.
Em vez de chamar e polícia, ele fica com o dinheiro, mas comete um erro quando deixa de liquidar um traficante xicano, sobrevivente do massacre. Ao tentar reparar a falha, passa a ser perseguido por Anton Chigurh (Javier Bardem), um assassino da pior da espécie e que fará de tudo para recuperar o dinheiro.
A caçada com ares de gato e rato resulta num banho de sangue. Sempre um passo atrás da pilha de corpos está o xerife Ed Bell, homem da lei desacreditado que não entende a violência e a crueldade que se instaurou no condado nos últimos tempos. Marcado por momentos e situações singulares, o filme é bem conduzido, seja na parte técnica - fotografia, montagem e edição de som - ou na concepção artística, com um roteiro impecavelmente adaptado e direção inspirada.
Boa parte da trama gira em torno desses três personagens - um homem comum, um homem da lei e um fora da lei- e suas diferentes motivações. Como em todos os filmes dos Coen, os personagens vão gradualmente perdendo o controle dos seus destinos. O desfecho em aberto é menos um recurso dramático e mais um deboche dos diretores.
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