Hoje vou escrever sobre algo que vai além do cinema e técnicas cinematográficas. No fim de semana assisti a Eu Te Amo, Cara e me rendi ao filme, que, diga-se de passagem, não é necessariamente bom, mas me cativou de forma espantosa. Afinal, tenho que admitir que até então nunca havia entendido o prazer imutável das mulheres em assistir comédias românticas. Para mim o gênero não passava de um filme previsível em que o publico feminino se deleitava com piadas sobre relacionamento e a busca implacável pelo amor perfeito. Assistir a uma comédia romântica sempre foi de certa forma, torturante, principalmente quando se trata de um Sex and The City ou mais recente Ele Não Está tão Afim de Você.
Porém, contrariando todo meu preconceito eu me deleitei com Eu Te Amo, Cara de John Hamburg. Só para enfatizar, mais uma vez, não estou aqui para julgar o filme em suas dimensões cinematográficas, até porque é um filme 100% comercial, mas sim porque o gênero comédia romântica chegou ao universo masculino, e com toda a sinceridade, é muito bom.
Correndo o risco de me colocar num estereótipo totalmente criticável, e ao mesmo tempo não me importando muito com isso, Eu Te Amo, Cara é o filme de “mulherzinha” para homens, simples. Talvez algumas mulheres não entendam o porquê da nossa (sim, estou generalizando) identificação com filme, assim como não entendemos a delas com as trivialidades dos enlatados.
O filme
Eu Te Amo, Cara conta a história do corretor imobiliário Peter Kleven (Paul Rudd) que está prestes a se casar e percebe a preocupação da sua noiva (Rashida Jones) com suas amizades, já que Peter não tem amigos homens. Ele começa então uma busca constante por um padrinho e em fazer novos amigos. O filme mostra bem o universo masculino e suas banalidades, às vezes coisas irracionais como uma disputa entre dois times para ver que bebe cerveja mais rápido. O fato é que o filme resgata esses valores banais e os expõe na telona para todo mundo ver. Nós estamos acostumados em ver nos filmes o sofrimento feminino pelo amor perdido ou a felicidade delas em almoçar com as amigas e conversar sobre relacionamento. Agora, chegou a nossa vez.
Eu Te Amo, Cara mostra isso e muito mais do mundo dos homens (sem querer ser machista, claro). No filme Peter encontra um amigo extrovertido e até um pouco excêntrico, mas extremamente carismático, Sydney (muito bem interpretado por Jason Segel). Juntos eles fazem e falam coisas tipicamente masculinas, o que é até estranho para nós homens ver isso assim, exposto. Falam da eterna masturbação masculina, passam tardes inteiras tocando guitarra na garagem de Sydney, vão à um show de Rock e se divertem sozinhos tocando air guitar. Isso só os dois, sem contar dos outros homens da trama. Como Barry (outro personagem muito bem construído e interpretado por Jon Favreau) marido de Denise (Jaime Presly) que tem religiosamente reservada uma noite por semana só para os amigos jogarem poker, ou a luta de esgrima entre amigos em que quando um perde xinga o companheiro como se fosse um desconhecido, mas depois fica tudo bem, coisa de homem.
O humor
Além desses momentos que são curiosíssimos e divertidíssimos, até porque nós nos identificamos com as cenas, o humor é de muito bom gosto. É uma mistura do seriado The Office com o humor apelativo de Kevin Smith. Esse tipo de humor é baseado nas banalidades da vida, o cômico não está na piada, mas nos momento constrangedores ou simplesmente no que é mais trivial. Por exemplo, Peter quando liga para Sydney sempre tenta falar alguma gíria cool, e acaba dizendo coisas pateticamente cômicas, como um tiozão que fala gírias que não são do seu universo. Ou então quando quer mostrar para sua noiva a musica do Rush, sua banda favorita, ele cria uma grande expectativa afirmando que é um som incrível. Porém, quando ele toca a música em seu notebook as fracas caixinhas de som fazem toda a expectativa cair por terra, o que é hilariante. Em um filme qualquer esse momento seria narrado diferentemente, as caixas de som seriam mais potentes e o momento seria grandioso. Isso é um ponto altíssimo no filme, que faz o rompimento de que todo momento especial é grandioso e emocionante.
O grande pecado do filme, o que decepciona um pouco, é o final. Além de ser previsível, o diretor escolheu pelo pior: solucionar todas as tramas secundárias. Mas, isso é pequeno perto do sentimento que fica, de que outros filmes de “mulherzinha” para homens virão! Por isso, chegou a nossa vez!
Caio Maciel
Ressalvas
Os personagens do filmes são todos muito bem construídos. Não quis me estender, mas reparem.
Sex and The City – Citei esse por ser um dos mais famosos do gênero, mas é um filme muito ruim, com uma temática elitista e uma narrativa em terceira pessoa pessimamente construída.
Mulheres – O Sexo Forte – Esse sim é um bom filmes do gênero. Recomendo para quem gosta de comédia romântica. Uma narrativa inteligente, boas atuações e construção de personagens, além de uma temática moderna e viva, apesar dos clichês. Desafio à encontrarem um homem no filme.
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