Apesar de hoje não estarmos falando de um filme tão antigo, em compensação o filme em questão é uma ou senão a obra mais famosa de toda uma década, responsável pela consagração de Quentin Tarantino e cheia de fãs espalhados por todo o canto. Nunca ação e humor negro foram tão bem colocados num filme só.
Antes de Pulp Fiction, Tarantino já havia nos presenteado com Cães de Aluguel (1992), seu filme de estreía contava com ingredientes que seriam usados nesse com muito mais complexidade: humor negro, muita ação e um roteiro brilhantemente estruturado de maneira não-linear, essa maneira original de contar a história garante a Tarantino um status de genialidade incomum e a nós um ritmo totalmente desenfreado de puro entretenimento. Porém, para o filme ser bem aproveitado, ele merece um pouco mais da sua atenção, já que as cenas não estão em ordem.
Toda a estética de montagem usada aqui serve pra contar três histórias, histórias onde
há personagens em comum e que se ligam entre si de maneira perfeita no final.
O filme se inicia com uma pequena introdução de um casal de assaltantes planejando um assalto numa lanchonete, após isso, a primeira história nos é apresentada: Vincent Vega (John Travolta) precisa levar a mulher de seu chefe, Mia Wallace (Uma Thurman) para se divertir enquanto o chefe vai para a Flórida cuidar de negócios particulares, a segunda história se trata do boxeador Butch (Bruce Willis), que é considerado velho demais para retornar aos ringues e pra isso recebe uma quantia de Marcelus Wallace para perder a luta. A terceira história é focada no parceiro de Vincent Vega, Jules Winnfield (Samuel L. Jackson), onde ambos devem limpar o carro após um violento assassinato no banco traseiro.
Á medida que o filme passa, tudo parece meio sem sentido e mostrado de maneira esquisita, como já havia dito antes, o filme necessita de uma maior atenção, ao analisar os pontos de ligação entre as cenas, percebemos que tudo foi muito bem pensado, como histórias aparentemente simples em um filme fazem dele uma grande obra-prima? Esse é o mérito do longa do início ao fim, o roteiro montado de forma não-cronológica, diálogos fortes e bem construídos, naturalidade perante situações peculiares, atuações incríveis do elenco e o enriquecimento da trama por meio de detalhes fazem de Pulp Fiction uma das obras mais originais do cinema.
O elenco é algo importante a detalhar: Pulp Fiction foi o responsável pela grande ressureição da carreira de John Travolta, onde recebeu 150.000 dólares para interpretar Vincent Vega, Travolta está ótimo em todo o filme, principalmente nas cenas com mais tensão. Samuel L. Jackson é outro caso a parte, atuando muito bem como Jules Winnfield, o jeito que ele usa o cabelo e o cavanhaque imortalizaram sua imagem, sem contar a clássica cena da leitura da passagem da bíblia de Ezequiel.
Nesse filme, Tarantino também fez uma pontinha, ele interpreta Jimmie, o homem que cede sua casa para Vincent e Jules limparem o carro. Tarantino estava em dúvida se atuaria como o traficante que vende drogas a Vincent ou Jimmie, acabou por escolher atuar como Jimmie porque queria estar atrás das câmeras na pesada sequência onde é retratada uma overdose.
Particularmente, o maior pró de todo o filme é a sua trilha sonora, simplismente demais, músicas agitadas nos fazem ficar ligados a tudo que está acontecendo na tela, e a música tema de Uma Thurman é inesquecível.
Pulp Fiction foi o vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original e foi indicado a outras seis categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (John Travolta), Melhor Ator Coadjuvante (Samuel L. Jackson), Melhor Atriz Coadjuvante (Uma Thurman) e Melhor Montagem. Ganhou a cobiçada Palma de Ouro, no Festival de Cannes, e os prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Ator (John Travolta) no Festival de Estocolmo.
Algo Contra? Talvez a versão nacional do DVD, onde não há nenhum extra e a qualidade da imagem não é a das melhores, do contrário, elogios não são suficientes pra explicar a tamanha genialidade do filme, responsável por dar uma nova cara ao cinema independente americano, grandioso e pretensioso, e que deu certo, e bota certo nisso, um dos maiores filmes dos anos 90, é Tarantino em sua grande forma.
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