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Melhores Filmes de 2020 - Leitores

Chegamos ao resultado final!

Depois de um ano complicado, não poderíamos deixar nossa tradição de lado e apresentamos aqui os 10 Melhores Filmes de 2020, segundo os Leitores do Cineplayers!

A votação aconteceu entre os dias 3 e 9 de janeiro e contou com a participação de 26 usuários. Cada um escolheu 10 filmes, onde a posição do top indicava uma determinada quantidade de pontos para contabilização. O resultado final você encontra abaixo. A lista completa dos votados pode ser encontrada nos comentários abaixo.

Um agradecimento especial aos nossos leitores João Pedro Duarte, Carlos Eduardo, Sergio Gregorio Araujo Silva, Walter Prado, Rudemir Duarte e Rodrigo Miranda de Andrade por terem contribuído com suas palavras para ilustrar o especial.

Muito obrigado a todo mundo que participou e até o ano que vem!

++ Lista dos editores

CONTRIBUA COM O CINEPLAYERS


10. Uma Vida Oculta (450 pontos)

Terrence Malick é um artista particular. Amado por uns e odiado por outros, possui um estilo notório de se fazer cinema com tomadas longas, câmera na mão, enxerto de imagens que vão se auto complementando ao longo da narrativa e por aí vai. Entretanto, seus últimos três filmes haviam decepcionado até aqueles que idolatram sua filmografia. Foi então que surgiu "Uma Vida Oculta". Um filme que apresenta um estudo da relação do protagonista com o ambiente em que se encontra, uma mensagem sobre amor familiar genuína e uma reflexão intimista sobre a guerra. Tudo isso realizado de uma maneira mais rústica, com imagens trêmulas, levando à forma de filmar a atmosfera opressora e agressiva daquele período histórico no qual o nazismo contaminou boa parte do mundo e o levou a um dos momentos mais sombrios da história da humanidade. Algo que vale muito ressaltar é como o personagem cria seus escapismos quando preso pelo Terceiro Reich. A religiosidade, tema tão trabalhado por Malick ao longo de sua filmografia, se torna base de sobrevivência para o protagonista, mas o diretor busca o espiritual no mundano. A presença e o amparo surgem não por meio de feitos fantásticos, mas pela conexão de Franz com a natureza. Depois dos últimos deslizes, Malick volta a um estilo mais acessível e resgata seu brilhantismo realizando um dos melhores e mais memoráveis filmes de 2020.

- João Pedro Duarte


9. O Oficial e o Espião (480 pontos)

A cena de abertura de O Oficial e o Espião nos mostra em um belíssimo plano aberto a cerimônia de degradação do capitão Alfred Dreyfus. Dreyfus, competentemente interpretado por Louis Garrel, é posicionado no centro do pátio da École Militaire de Paris cercado por milhares de soldados que assistem solemente ele ser despido de suas listras e dragonas e sua espada dramaticamente ser rompida ao meio. Dreyfus, abalado pelas acusações inverídicas de espionagem, grita: “Sou inocente, vocês condenaram um inocente!”. A partir daí, se desenrola um thriller político clássico através da saga do oficial Picquart (Jean Dujardin) para reverter esta injusta condenação após descobrir provas da inocência de Dreyfus. Polanski exibe na tela a dificuldade kafkiana de lutar contra o sistema e o conformismo abordando a importância do papel da imprensa, preconceito étnico e religioso, polarização política, conspirações... É a França de mais de 100 anos atrás, mas como Polanski nos mostra, poderia muito bem ser o mundo dos dias atuais. Ao olhar este relato do ponto de vista histórico, Polanski e Harris trazem uma mensagem de não-conformismo com injustiças que não envelhece, assim como a habilidade do cineasta francês de continuar construindo obras cinematográficas de relevância histórica.

- Carlos Eduardo


8. Destacamento Blood (510 pontos)

O momento do lançamento de Destacamento Blood não podia ser mais oportuno, pois o filme saiu com pouco tempo de distância para o assassinato brutal de George Floyd por um poilicial branco nos EUA, fato esse que desencadeou vários protestos mundo afora mesmo em meio ao isolamento social provocado pela pandemia do COVID-19. Mas as qualidades desta obra se expandem além deste oportunismo involuntário. O sentimento de camaradagem dos Bloods é tangível graças ao roteiro bem formulado, com diálogos que nunca soam forçados e às performances maravilhosas dos 5 Bloods, em especial Delroy Lindo, com atuação que se destaca como a melhor de sua carreira, e Chadwick Boseman, que em seus últimos filmes entregou seus melhores trabalhos. Discurso antibélico, antiracista e antifascista se misturam numa trama de absurdos (mistura de Tesouro de Sierra Madre com Apocalypse Now) que se desdobra até um clímax e um final não menos explosivos, o que resulta em 2 horas e 36 minutos que passam voando. O cinema de Spike Lee é um cinema de confronto, de luta frontal contra injustiças históricas, especialmente o racismo, tão entranhado na sociedade norte-americana. E Destacamento Blood potencializa isso ao máximo, parecendo um coquetel Molotov que Spike jogou na Netflix para gritar a plenos pulmões que vidas negras importam.

- Carlos Eduardo


7. Soul (540 pontos)

Com o passar dos anos, nos acostumamos cada vez mais com a ideia de associar animações com o público infantil. Contudo, hora ou outra, surgem algumas produções que parecem tentar reverter essa impressão equivocada nos apresentando filmes maduros, criativos e emocionantes. A Pixar, que se especializou nesse tipo de animação, abusou mais uma vez da criatividade de Pete Docter (Divertida Mente) e lançou diretamente em streaming a provável melhor animação de 2020, Soul. A própria premissa já merece destaque pela originalidade, principalmente no âmbito das animações de grande escalão: um homem morre no dia em que está para realizar o grande sonho de sua vida e passa a vagar no mundo das almas, onde, através de uma inesperada amizade, começa a refletir (e nos fazer refletir) sobre a vida, a morte e o significado da nossa existência na Terra. A cereja do bolo se dá pela formidável trilha sonora (o nome Soul não é por acaso), pelo humor maduro, sem deixar de ser atraente para as crianças, e como é de costume, por um trabalho de animação digno dos grandes clássicos da Pixar.

- Sergio Gregorio Araujo Silva


6. Jojo Rabbit (780 pontos)

A primeira vez que ouvi falar de Jojo Rabbit foi quando este venceu o prêmio do público no Festival de Toronto, em 2019. Confesso que fiquei com receio. Como um filme pode fazer humor com o holocausto? Como fazer piada com um dos maiores genocídios da história da humanidade, onde o preconceito e o etnocentrismo foram levados às suas últimas e mais terríveis consequências? Então, Taika Waititi consegue. E consegue da melhor maneira, realizando um filme muito engraçado e que não cai no mau gosto em nenhum momento. O curioso é como ele faz isso. Ele ironiza de forma lúdica os eventos daquele período e distancia os nazistas do filme de qualquer semelhança com os nazistas reais que são atestados nos documentos históricos da guerra. Os nazistas de Jojo Rabbit, além de exagerados, escandalosos e afetados, são obcecados com a guerra e acreditam que os judeus são seres demoníacos. Ressaltando esses absurdos, Jojo Rabbit faz a gente rir. E podemos rir com gosto sem ser culturalmente insensível ou politicamente incorreto, pois não estamos rindo das tragédias do holocausto, mas sim das representações e da imagem construída do nazismo no filme. E o principal expoente dessa visão de mundo exagerada é o próprio Hitler do filme, que é (e não por acaso) o amigo imaginário de Jojo e não o Führer de verdade. É assim que se faz humor com o holocausto (aprenda, Larry David!). Quando o filme ganha contornos dramáticos, além de não perder o tom, apresenta um processo de amadurecimento único do protagonista e trabalha corretamente o sentimento de desilusão (sem cair no clichê da auto explicação e da afetação sentimental).

- João Pedro Duarte


5. Joias Brutas (810 pontos)

Adam Sandler é daqueles atores que, quando saem da zona de conforto, sempre entregam algo acima da média para o público. No caso de Joias Brutas, uma história sobre ação e consequência, sobre limites e excesso, sobre vícios e perdição. Um filme que dialoga bem com essa nova geração urgente, de consumo rápido, acompanhando a mente de um homem que pensa acelerado e entra numa bola de neve de ações inconsequentes. O filme é ágil, de montagem frenética que quase não dá para acompanhar. Você torce por ele ao mesmo tempo em que sente raiva a cada decisão que toma, a cada linha que ultrapassa e a cada um que faz de idiota. Está muito longe de ser um herói; está mais para uma pessoa comum que acertou em alguns pontos e errou em muitos, muitos outros. Talvez por isso alguns fiquem tão chocados com o realista final, porque a gente sempre tem esperança de que, pelo menos nos filmes, o fim seja diferente da realidade em que vivemos.

- Rodrigo Cunha


4. Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre (840 pontos)

Em 2007, o filme 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias estreou em Cannes causando enorme furor e seguiria arrebatando críticos e espectadores do mundo todo. Fica quase impossível não se lembrar do jovem clássico romeno quando, em 2020, às vésperas da pandemia de Coronavírus estourar no ocidente, a diretora Eliza Hittman traz às telonas este delicado drama sobre duas jovens primas do interior que se deslocam, sozinhas, até Nova York para um procedimento de aborto da personagem Autumn. Mas os perrengues acabam sendo maiores do que elas imaginavam. E é aí que reside o grande encantamento do longa, a relação de cumplicidade, de apoio das duas personagens é a alma do filme, ancorada na química e nas ótimas performances de Sidney Flanigan e Talia Ryder. Hittman e suas atrizes se debruçam em cada dificuldade enfrentada de forma singela, cadenciando o ritmo e pavimentando o caminho até chegar à memorável cena que dá o título à obra. Adotando uma abordagem realista a partir de seus enquadramentos e iluminação, Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre é cativante e admirável, e, assim como Autumn e Skylar, faz jus ao seu primo mais velho.

- Walter Prado


3. 1917 (860 pontos)

Muitas vezes, as pessoas cobram demais da história de um filme, exigindo um roteiro inteligente, complexo e com diálogos ricos. Toda essa expectativa faz com que o público muitas vezes estranhe filmes cuja experiência visual e sensorial estejam acima da própria história, assim como eram os primeiros grandes filmes da história do cinema, como os espetaculares curtas de George Méliès. Inspirado nessas possibilidades proporcionadas pela sétima arte, Sam Mendes nos entregou neste último ano uma poderosa peça do cinema espetáculo intitulado 1917, com a ideia de contar a jornada de dois soldados que tem a missão de entregar uma mensagem a um pelotão aliado em meio à Primeira Guerra Mundial. O grande destaque de 1917 não está na história, ainda que ela seja bastante interessante, mas sim na técnica cinematográfica, apostando em um espetáculo imersivo que apenas o cinema pode proporcionar. Grandes histórias existem no cinema, na literatura, no teatro e nos games, mas o que foi mostrado em 1917, só é possível no cinema.

- Sergio Gregorio Araujo Silva


2. O Farol (870 pontos)

O horror continua forte. Não lembro de um filme desse gênero, ainda mais dos últimos vinte anos, que tenha ido tão a fundo na imersão e na sua proposta de discutir a paranoia e o processo de enlouquecimento de seus personagens. Esqueça os remakes de filmes asiáticos que assolaram as telas de cinema no início do século, ou os exageros do torture-porn encabeçados por "Saw" e "Hostel", e esqueça também os inúmeros found footage que fomentaram o gênero até a metade da última década. O Farol está acima disso e coloca em evidência um subgênero do horror que muitos desprezavam quando surgiu, lá em 2015, com esse mesmo diretor: o Pós-horror. Um subgênero que em essência sempre existiu, mas que não tinha esse desprezo e nem esse nome (quando Bergman fazia isso lá em 1968 ninguém falava nada, né?!), mas que faz de cineastas como Eggers, Ari Aster e Jordan Peele os mais relevantes da atualidade. O Farol transcende os limites da tela ao impor uma imersão única em seus recursos audiovisuais e cria uma tensão sexual entre seus personagens enquanto os mesmos buscam sempre estarem acima um do outro. Buscam sempre o farol! Todas essas ideias só dão certo porque o filme é excelente como cinema, seja pelo seu trabalho com as imagens e tudo o que vemos em cena, seja pela opção de não verbalizar para o público suas principais teses, ou, claro, pela interpretação de seus dois atores que seguram o filme sozinhos por 110 minutos. Nasce um clássico.

- Rudemir Duarte


1. Retrato de Uma Jovem em Chamas (980 pontos)

A diversidade torna as relações humanas mais ricas e fascinantes; na arte então, é fundamental. Céline Sciamma já é uma das melhores diretoras e roteiristas da atualidade e Retratos de Uma Jovem em Chamas veio para confirmar isso. Os olhares aqui são arrebatadores e transmitem, com sensibilidade única, a complexidade dos sentimentos das duas ótimas protagonistas, que em um primeiro momento até parecem opostas, mas que durante a jornada se descobrem cúmplices de vida, da paixão pela arte, do desejo carnal e de um contexto social implacável com as mulheres. Céline nos dá o privilégio de sermos espectadores de um romance ousado, reescrevendo o papel da mulher com sua ferramenta mais poderosa, o cinema. A técnica atinge a perfeição nas cores, na iluminação, nos enquadramentos e na música. Esta última sendo responsável por entregar, ao final, uma experiência sensorial impactante como poucos filmes conseguem proporcionar. Que o cinema continue promovendo olhares cada vez mais diversificados e brilhantes como acontece aqui.

- Rodrigo Miranda de Andrade


Como é tradição no Cineplayers, segue um artigo para os leitores votarem nos seus filmes favoritos do ano, tendo sido lançado comercialmente no país, seja cinema ou streaming. Festivais ficam de fora, pois não são todos que podem acompanhar e não seria justo com eles e nem com os filmes, que teriam votos divididos entre 2020 e 2021.

Alguns pedidos especiais:

- São 10 filmes por usuário.

- Não fiquem conversando nos comentários. Isso facilita minha apuração.

- Usem o nome em português do filme.

- Cinema e Streaming apenas. Festivais não valem.

- Pontuação será simples esse ano, de 100 pontos para o primeiro lugar até 10 para o décimo.

Vamos colocar de prazo dia 9 e divulgação dia 12?

Valendo!

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Comentários (42)

Rodrigo Cunha | quinta-feira, 21 de Janeiro de 2021 - 12:35

Alguém pode escrever sobre Joias Brutas? Senão eu faço aqui sobre ele. Não podemos esperar mais não pq já estamos quase em fevereiro rs.

Mauricio Antunes | sábado, 06 de Fevereiro de 2021 - 21:23

Olá! Já foi publicado a lista?

Rodrigo Cunha | segunda-feira, 08 de Fevereiro de 2021 - 17:41

Publicamos hoje.

Obrigado a todos que participaram. :))))

João Pedro Duarte | quinta-feira, 18 de Fevereiro de 2021 - 15:42

Achei que Joias Brutas ficaria em primeiro. Gostei do ranking. Todos os textos muito bem escritos!

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