É interessante observar que em seus dois primeiros atos o filme vive em diferentes paralelos. Um é o clichê comum de filmes de ação e o outro é com um pano de fundo que tenta aproximar-se ao máximo do western, o que seria um western modernizado. O filme traça os dois paralelos para que resulte em um terceiro ato que, na teoria, seria o retorno definitivo e perfeito de Schwarzenegger, com muita violência, pancadaria, porrada e tiro. Não por coincidência esse paralelo foi utilizado, os dois gênero tem muito em comum, a iniciar pela oportunidade de realizar um filme de extrema violência e a de enaltecer a figura do protagonista, no caso a do nosso querido Schwarzenegger.
O fato é que o filme é totalmente dele, todas as atenções voltadas para ele, e o roteiro foi escrito especialmente para que ele fosse o destaque, sem dar qualquer espaço para os demais personagens. Vamos ao enredo: Um perigoso traficante (Peter Stormare) consegue realizar uma fuga, e, em seu carro esportivo e uma refém, indo em direção à uma fronteira. Tendo o FBI em seu encalço, o traficante ainda desconhece de seu principal problema, é o Xerife da cidade da qual localiza-se a fronteira, Ray Owens (Schwarzenegger). O xerife recruta alguns delegados e tentará impedir a passagem do traficante.
Ao contrário do que muitos imaginavam Schwarzenegger está em boa forma, dispensando dublê em várias cenas. Nem de longe lembra aquele brucutu da década de 80 e 90, em filmes como O Predador (Predator, 1987) e Comando Para Matar (Commando, 1985), mas ainda tem "gás", realizando boas cenas de ação. O último filme que o ator havia protagonizado foi há dez anos, em 2003, no terceiro filme da franquia O Exterminador do Futuro, portanto ninguém sabia realmente como estava Schwarzenegger, que poderia expor-se ao ridículo em um retorno, o que não ocorreu, apesar de não ter sido espetacular em sua atuação.
Porém é importante lembrar que, com o filme focado "totalmente" nele, todas as responsabilidades são de Schwarzenegger, com isso o diretor Jee-Woon Kim e o roteirista Jeffrey Nachmanoff ficam com as costas limpas no caso de um fracasso. A primeira direção do coreano em solo americano é mediana. Digamos que ele faz apenas o "feijão com arroz", buscando ângulos simples, e em alguns momentos toma alguma liberdade de experimentar algo diferente (como na cena da conversa do fazendeiro com o bandido, onde o diretor coloca a câmera em lugares incomuns). O roteirista Nachmanoff, por sua vez, não cria nada que não tenhamos visto antes: várias perseguições, violência gratuita, personagens inócuos - o personagem de Johnny Knoxville é especialmente irritante -, explosões e etc.. Além de diálogos tediosos e piadinhas relacionadas a idade de Schwarzenegger.
O filme ainda consegue realizar uma interessante homenagem ao gênero western em seu final, quando é realizado um duelo homem a homem, na ponte fronteiriça. Porém diferente dos faroestes clássicos, o duelo foi realizado sem armas, apenas com luta corporal. Poderia ser bem mais interessante se bem executado pelo diretor, sendo que o clímax deveria ser melhor trabalhado, mas parecia tudo muito apressado e ficou bastante embaraçoso.
Clichê não é ago necessariamente ruim, porém não é normalmente bom, o filme consegue se estabelecer exatamente no meio de bom e ruim, não é algo marcante, um filme descartável mas que diverte enquanto dura. Schwarzenegger não marca seu retorno definitivo - a sua pequena participação em O Mercenários 2 (The Expendables 2, 2012) foi bem mais interessante - mas é válida, e o projeta para filmes mais ambiciosos.
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