Phil Tippet já lançara em 2013 uma versão do que viria a ser essa sua obra-prima. "Mad god" combina elementos surrealistas em um futuro distópico e embrutecido pela destruição, com uma fotografia escura que lembra os momentos iniciais de "Wall-E", mas sem elementos fofinhos e de escape. O silêncio reina, exceto pelas bombas, tiros e a trilha sempre fúnebre.
É um trabalho de imersão impressionante, com utilização de uma técnica stop-motion, um pouco de CGI e muito de live-action, apenas coroando a criatividade do cineasta, inspirado em elementos expressionistas e catastróficos.
Confesso que fiquei confuso, especialmente nos momentos finais onde há uma sucessão de imagens, no entanto, o efeito é esse mesmo. Assim como os momentos mais letárgicos têm o efeito de focar nos detalhes (a câmera passeando naquele cenário focando em estátuas, paisagens e objetos ricos em nos transportar ao universo).
É interessante ver que a humanidade que nós conhecemos, sob a perspetiva do sapiens, até aparece no meio das tantas, para logo ser destruída. É como se o universo criado em "Mad God" fosse para além do universo humanizado, mostrando as diversas facetas das eras geológicas, longe do referencial antropocêntrico, não à toa o enfoque no relógio, nas diversas formas de contar o tempo, algumas bizarras e outras convencionais. É uma tentativa de afastar-se do humano para coroar um caos e uma devastação amplas, que realmente nos causa a sensação de angústia pretendida.
Por mais que me incomode esse silêncio, é desafiador, e provoca muita reflexão. Saiu um pouco do tom ao final, mas nada que apague a experiência sensorial que é este filmaço.
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