Brutalidade e Melancolia nos mesmos moldes dos filmes de Kitano, só que aqui é uma animação, e tudo fica mais lindo e perfeito!
Animações nunca foram minha unanimidade na hora de escolher um filme para ver. Logo, vi pouquíssimos filmes do gênero, mas sempre que vejo uma animação espero algo bonitinho, personagens engraçados algo que serveria só para entretenimento, não que chocasse ou fizéssemos ficar pensando com o que tinha acabado de ver. Aconteceu comigo ao ver O Túmulo dos Vagalumes, para minha surpresa nunca imaginei encontrar em uma animação algo tão brutal e triste, fazendo assim esquecer todos os conceitos de "bonitinhos" que devem ser os filmes do gênero. Prepare-se para se emocionar e se divertir, para chorar e sorrir, ao presenciar a história de dois irmãos inseparáveis, Seita o adolescente, e Setsuko a irmã caçula, que perdem os pais durante os ataques ao Japão durante a Segunda Guerra Mundial.
Os horrores causados pela Segunda Guerra Mundial, é algo recorrente no Cinema, facilmente um dos temas mais vezes adaptados dos livros para as telonas. Em P&B ou colorido, por grandes diretores ou ruins, mas talvez nenhum teve tanto êxito quanto a animação de Isao Takahata, devido a inocência de seus personagens e convenhamos um filme infantil com esse nível de fazer ir além da imaginação é bem mais notável, até porque não estamos acostumados a ver. Assim como todo filme de guerra, vemos corpos ensanguentados, casas destruídas, pessoas aos prantos, falta de alimentos mas, Isao Takahata foi genial ao mesclar momentos tristes com belas imagens, aumentando assim o valor da obra. Diferentemente de outros filmes de guerras que tem vilões como em Bastardos Inglórios, o Coronel Nazista Hans Landa um ser totalmente violento sem coração, aqui o próprio vilão é a guerra, vistos sob a visão de inocentes se caracterizando ainda mais terrível e brutal que o próprio Hans Landa.
Relação Seita e Setsuko: A relação dos irmãos é o ponto máximo da obra, a amizade que logo após a perda dos pais, vira amor paternal por parte de Seita que junto com Setsuko passam a morar na casa de parentes. Acompanhar as aventuras dos irmãos em um país que se encontra totalmente em estado de destruição alterna momentos de aflição e sorrisos, que com a belíssima trilha sonora arranca momentos de alegria, mesmo que a tristeza sempre esteja presente por quase toda obra. Os momentos em que os Vagalumes brilham no ar em diversas cores protagonizam os momentos mais hipnotizantes tanto no espectador qunto nos personagens, principalmente em Setsuko que logo após adoecer, os Vagalumes meio que serviam como dose de remédios, e assim tornando a única razão de viver. Logo após o primeiro ato, o filme também se caracteriza como drama de sobrevivência. Seita e Setsuko tenta sobreviver em meio a pobreza, falta de alimentos, fome e a grave doenças, se tornando cada vez mais inevitável a lágrimas de espectadores mais sensíveis. Também é notável a intolerância dos adultos com os mais jovens, sempre explorando ou no trabalho ou na repartição dos alimentos.
A partir de 1988 os adultos deveriam acabar de vez com a tese que animações são para crianças, O Túmulo dos Vagalumes é o maior exemplo disso. A trágica cena final é também a primeira cena do filme, despertando ainda mais a curiosidade do público, que nem desconfia da tragédia anunciada desde o início. Chocante do início ao fim, belo por natureza, é chover no molhado afirmar que se trata de uma das melhores animações da história, se não a melhor.
Valeu Bandeira!
Ótima critica! 1988 teve O Túmulo dos Vagalumes, Meu Amigo Totoro e Akira, foi o ano para os animes!
Obrigado Lucas. Realmente 88 foi o ano das animações :) três obras-prima.
"Esses parênteses dão um charme especial à uma frase, desde já, histórica. " - Katz
De fato mein freund...