Holanda país de cultura única e diversificada do restante do mundo, podendo assim classifica-lo como, "Onde se pode tudo". Podemos ver em um dos diálogos mais marcantes do cinema no filme Pulp Fiction, a dupla de assassinos profissionais Jules Winnfield e Vincent Vega, falam das diferenças culturais dos países da Europa em relação à América, entre eles a Holanda, que segundo Vincent em sua passagem pelo país descobriu que são servidas cervejas em canecas nos Cinemas de Amsterdã, logo vemos que o título que a Holanda recebeu não é nenhum absurdo. E o que esperar de um Cineasta nascido em Amsterdã, formado em Física e Matemática? Sem limites assim a grande maioria define Paul Verhoeven, diretor que não tem medo de expor sua visão em seus filmes, não se preocupando com as críticas ou premiações.
Depois da comédia Negócio é Negócio, Verhoeven filma aquele que é a síntese de seu Cinema, Turks Fruit ou como é chamado no Brasil Louca Paixão, até que dessa vez o título em português não ficou ruim como é de costume. Drama Erótico lançado em 1973, onde conhecemos o mundo compulsiva e obsessivo por sexo de Eric(Rutger Hauer), que logo no início em uma cena bem pesada para época, se masturba diante de um simples desenho feito por ele mesmo. Artista plástico frustado que encontra no sexo a saída, se relacionando sexualmente com quem encontrasse pela frente, em mais um desses encontros casuais acaba se apaixonando por Olga( Monique Van de Ven).
A química dos personagens principais é sensacional, onde o telespectador presencia a exploração máxima de atuação de ambos protagonistas. Dois seres que se amam da ponta do pé ao último fio de cabelo, uma paixão doentia que chega até ser violenta em alguns momentos. Bem a cara do diretor mesmo, o que pra muitos pode ser nojento, tudo fica mais realista sobre a sua ótica. No ano das filmagens 1973, o país se encontrava em um processo de mudanças principalmente a juventude que recusava os costumes mais tradicionais, se tornando sem limites assim como o casal Eric e Olga.
Paixão incontrolável que foge dos limites onde os protagonistas passavam a maior parte do dia trepando, mas como tudo enjoa nessa vida até mesmo o sexo, depois de mais de uma hora de sexo explícito, os 30 minutos finais dão lugar à uma crise de casamento, onde tem de conviver com o problema de saúde de Olga, logo as relações sexuais passam a ser recusadas por ela, dando início a um estado de loucura de Eric. Foi o primeiro filme da fase Holandesa do diretor que eu vi, e apesar de ter visto mais seus filmes Americanos, o Verhoeven em seus domínios é muito mais louco, no bom sentido da palavra. A grande maioria lógico tem interesse nessa fase mas, por não ser tão acessíveis ao público poucos viram.
O filme apesar do conteúdo Erótico, não se caracteriza como um do gênero, até porque o erotismo não é vulgar, eu o classifico como o romance definitivo, pois retrata o relacionamento de forma aberta, explícita, o retrato daquela juventude desenfreada mostrado de forma genial por Verhoeven. Não tão polêmico quanto O Último Tango em Paris, devido única e exclusivamente por se tratar de um filme Holandês, que posteriormente recebeu o título de melhor obra Holondesa de todos os tempos. Algo que dificilmente aconteceria em países mais conservadores, com certeza iria ser taxado como pornô, e receberia uma enxurrada de críticas negativas, devido ao conteúdo adulto, sorte nossa ser um legítimo Verhoeven.
O que resta de uma paixão tão maluca?
Culpa?
Lembrança?
Ou apenas sucata, de onde viemos e um dia retornaremos?
Assim encerra o filme de forma sensacional, com esses levantamentos que antecedem os créditos finais, onde resta a Eric jogar o resto de uma Louca Paixão no triturador de um caminhão de lixo, e ao subir os créditos finais fazemos a mesma pergunta que ele, o que resta de uma paixão tão maluca?
Valeu ai pelas dicas.😁
Não concordo que seja o romance definitivo, mas é um ótimo exemplar da fase holandesa de Verhoeven. Melhor dele que já vi.
O texto ficou bacana!
Valeu Patrick! Acho que a maioria discorda da minha opinião, mas toda opinião é válida quando se tenha argumentos, mesmo que cause opiniões adversas.
Pois é, Darlan. Pra mim, o romance definitivo é Brilho eterno de uma mente sem lembranças, por mostrar melhor a minúcias de um relacionamento, incluindo seus altos e baixos, seus encontros e desencontros.