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Críticas

Desventuras em Série

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Um bom filme, que vale como espetáculo visual, mas peca como adaptação.

'Desventuras em Série' vem de uma série de livros, 13 exemplares sobre as aventuras dos órfãos Baudelaire, Violet, Klaus e Sunny, que perderam os pais em um incêndio que destruiu toda a mansão onde eles moravam. Nesta adaptação para o cinema, o roteirista Robert Gordon aproveitou para unir os três primeiros livros em um filme só. Mesclando e alternado a ordem dos acontecimentos, Gordon colocou em seu roteiro as partes mais importantes dos livros: "Mau Começo", "A Sala dos Répteis" e "O Lago da Sanguessugas". Ora sendo razoavelmente fiel aos livros, ora fugindo do tema, apelando para a comédia e inventando acontecimentos bizarros, que definitivamente não ocorrem nos livros, o roteirista errou principalmente ao tratar do personagem princiapl, Conde Olaf, interpretado pelo exagerado Jim Carrey, como um vilão engraçado, atrapalhado, que tem suas "sacadas" geniais. Não é desse jeito que o pseudônimo de Daniel Handler, Lemony Snicket quis descrever o personagem nos seus derradeiros livros, sendo que em cada um, uma tragédia diferente acontece com três pobres crianças desafortunadas.

Para falar do filme, é preciso explicar um pouco também de onde exatamente a história original veio. No primeiro livro, "Mau Começo", as crianças recebem a péssima notícia que seus pais foram mortos no incêndio que devastou sua mansão. Depois, os órfaos Baudelaire vão para a casa do Conde Olaf, que quer pegar toda a fortuna da família Baudelaire para si, onde assim como no filme, são maltratados e obrigados a fazer tarefas domésticas como escravos. Depois, segue-se algumas fracassadas tentativas de Olaf para matar os órfãos, incluindo o lastimável episódio do trem, onde nem um gênio matemático do gabarito de John Nash poderia sair vivo, com um trem vindo a mais de 100 km/h a todo o vapor vem diante deles. No entanto, usando completamente da imaginação e das descrições oferecidas pelo autor a respeito dos personagens, Gordon conseguiu criar uma situação que certamente agradaria à crianças, e principalmente à crianças que não leram os livros. Durante a projeção dof ilme, logo depois de escaparem completamente ilesos do quase fatítico e muito mais do que provável acidente de trem, vem uma sequência senão pior, tão ruim quanto à anterior. Tirar a guarda dos órfãos de Olaf, porque o Sr.Poe, amigo da famíla Baudelaire pensou que vira Sunny, o bebê (que mal falar sabe), posto para dirgir o carro. Uma situação absolutamente ridícula em termos de adaptação. Depois, eles são mandados diretamente a um familiar mais próximo, o carismático tio Monty, que os leva para o Perú e lhes dão um quarto para cada um, enquanto eles o ajudam a criar e alimentar a sua imensa variedade de répteis de estimação, cenas que já fazem parte do segundo livro, " A Sala dos Répteis". Depois de pensarem que tudo estava absolutamente bem, as crianças se deparam com um provável mas nem um pouco engenhoso ajudante de Tio Monty, que logo sacam que é o inescrupuloso Conde Olaf, que após uma série de atrocidades e cenas abomináveis, logo se vê com a mão no dinheiro das crianças. Mas seus sonhos são mais uma vez destruídos pela pequena Sunny, que (mais uma vez), apesar de não saber ler (...), consegue acabar com o disfarce de Olaf. Após todos esses péssimos acontecimentos, lá se vão os órfãos novamente para a casa de mais um parente. A Tia Josephine mora no topo de uma colina, a beira de um lago, que logo é revelado ser repleto de sanguessugas famintas por seres humanos. Como não poderia deixar de ser, a Tia é mais um parente completamente anormal, paranóica e solitária. Como um encalço desgastante, o Conde Olaf aparece mais uma vez disfarçado, agora como um capitão careca e sem uma perna. Mesmo com um visual completamente diferente, as crianças logo percebem que se trata do Conde mais uma vez, mas logo se vêem em uma situação ainda pior do que se encontravam anteriormente. Na cena do furacão, do bilhete, tudo isso está no livro "O Lago das Sanguessugas", o terceiro, inclusive a Gruta e o ataque das sanguessugas ao barco. Mas uma série de erros de continuação, que mal caberiam nesse parágrafo terminam com a reputação do roteiro do filme, que já estava muito abalada. Espere, depois de inverter a ordem do final do primeiro livro para o final do filme, que corresponde à cena do casamento, o orteiro se torna algo ainda piro do que já estava ruim. E como se fosse possível piorar ainda mais as coisas, o Conde Olaf antes de ser trancaficado a sete chaves na prisão, teve que passar por todos os apuros MORTAIS que fez as crianças passarem, logicamente, não sendo tão esperto quanto elas, ele simplismente NÃO MORRE. Um final ainda mais ridículo e abominável do que o roteiro do filme como um todo.

Deixando bem claro a incompetência do roteirista Robert Gordon, o pior de tudo é que todas essas bobalhadas e falhas do roteiro funcionaram, pelo menos com o público alvo dos produtores, o infantil, que adoraram o modo como o Conde fora retratado e deram boas risadas com as caretas medonhas de Jim Carrey.

A direção de Brad Silberling, se não é tão desastrosa como o roteiro de Gordon, é competente o suficiente para deixar todo o clima que a narrativa do roteirista propôs. Um clima artificial e infantil, como não poderia deixar de ser, completamente infiel à obra original, que faz questão desde o início de tratar da história como um enredo triste, onde são raras as coisas boas que acontecem, mortes trágicas, assassinatos, crueldades, abusos. O nome da coleção de livros é "Desventuras em Série" e do filme também. Não é para ser uma história engraçada e muito menos com personagens e diálogos cômicos, o Conde Olaf dos livros é um personagem frio e aproveitador, que suas únicas passagens de descontração são à base de ironias e cinismos. Os livros não são para crianças pequenas, que inclusive não acompanham a avançada linguagem apresentada nas 13 edições. E se fosse para fazer uma adaptação no mínimo fiel à obra original, Gordon deveria ter apelado para o drama e o suspense, censurando o filme para crianças até dez anos, que certamente não leram os livros.

Mas certamente 'Desventuras em Série' não é um filme totalmente desafortunado de elogios. A parte técnica é algo sublime e muito bem feito e pensado. Se há algo de bom neste filme, é sem sombra de dúvida, a arte. Bem, se a interpretação d eJim Carrey convence a poucos, a maquiagem usada pelo ator é admirável. Demorando três horas para enfeitar o rosto de Carrey com as mais diferentes massas de silicone e outros aplicativos, ela ficou simplismente brilhante e perfeita, ganhando por seus justos méritos, o Oscar. Os sensacionais cenários do filme couberam como uma luva para as nossas fantasias e imaginações de como seriam os locais do livro. Em um trabalho absolutamente competente da dupla de diretores de arte John Dexter e Martin Whist, sob o comando do desenhista de produção Rick Heinrichs, os cenários ficaram bem fietos e altamente imaginativos e criativos. Os figurinos de Colleen Atwood e Donna O'Neal não ficam atrás. Lindamente desenhados, também couberam como uma luva até mesmo para o clima fácil de 'Desventuras em Série'.

A trilha absolutamente belíssima e criativa de Thomas Newman é uma delícia de ser escutada. Com passagens de violino para trompetes, tambores para violoncelos, as faixas musicais do compositor são muito bem feitas e merecem com muito gosto, a indicação ao Oscar.

Uma pena que somente Meryl Streep valha a pena em um elenco como esse. Jim Carrey é sem dúvida, o mais ousado e o mais exagerado de todos, portanto, não faz um bom trabalho, com expressões que não dão medo nem em um bebê recém nascido, em pensar que Johnny Depp poderia fazer o papel de Conde Olaf em seu lugar, certamente sairia algo muito melhor. Billy Connely é o exemplo de ator enfadonho que com um empurrãozinho não faz um papel tão ridículo em cena. As crianças são pessoas absolutamente sem sal, os dois mais velhos são verdadeiros seres pasmados, sem qualquer expressão no rosto e em tentativas frustrantes de choro, chega a ser risível. As gêmeas Hoffman, que interpretam a mesma personagem são duas atrizes (atrizes?), que se não fosse pelo livro, seriam descartadas ao primeiro indício de idéia que aprovasse a existência da personagem Sunny. Nem mesmo as participações do bobo Timothy Spall, do razoável para ruim ator Luís Guzmán e do fantástico e lendário mestre do cinema Dustin Hoffman, que tem a menor atuação de sua carreira (duas cenas), valem a pena neste elenco, que ainda por isso tem a péssima Jennifer Coolidge, como uma das integrantes da trupe de Olaf.

'Desventuras em Série' é um bom filme infantil que diverte e erra feio em termos de adaptação. As crianças vão adorar, mas quem leu o livro e ainda não conferiu o filme, não sabe a decepção que o aguarda. Certamente não foi um "Mau Começo", se é que virão sequências por aí, mas poderia ser melhor, há se podia.

Críticas

Arquivo X - Eu Quero Acreditar

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Nunca acompanhei o seriado na televisão, mesmo sendo o sucesso que foi. Apesar disso, eu sabia quem eram os agentes Mulder e Scully e tinha razoável idéia sobre o que se tratava o seriado, mas, obviamente, meu conhecimento no geral é ínfimo. O bom é que posso analisar o filme por si só.

Não vou dizer que não gostei do que vi, Arquivo X: Eu Quero Acreditar funciona em boa parte do tempo, mas infelizmente ele possui certas falhas que o tornam aquele tipo de filme que jamais veríamos uma segunda vez. Conversando com um amigo que acompanhava o seriado, pude perceber que antigos fãs irão gostar muito mais da experiência.

O filme começa de uma maneira frenética. São duas cenas intercaladas. Numa cena vemos uma mulher chegando em casa, no meio da noite, num local ermo e na outra, já de dia, vários policiais procurando alguma coisa num grande espaço coberto por neve. Aos poucos descobrimos que essa mulher é uma agente do FBI e que ela foi raptada. Os policiais estão seguindo as indicações de Padre Joe - um suposto vidente - para encontrar uma pista da agente. E eles encontram.

O FBI vai precisar da ajuda de um especialista em assuntos paranormais para resolver o caso e o jeito é ir atrás do ex-agente Fox Mulder, que vive num tipo de exílio, já que estava fugindo do próprio FBI. Quem deve convence-lo a aceitar o trabalho é a Scully, que é medica em um hospital católico. Não demora muito e Mulder decide colaborar.

É evidente que o assunto mais interessante do filme é o Padre Joe e sua complexidade. É um padre com histórico de abusos de 37 crianças e que teoricamente recebe visões para ajudar outras pessoas. Infelizmente, os roteiristas Frank Spotnitz e Chirs Carter - que também é o diretor - preferiram utiliza-lo mais como uma ferramenta para a investigação do caso, que acaba sendo a razão de ser do filme. Diga-se de passagem, Arquivo X: Eu Quero Acreditar se transforma num filme policial com um enredo um tanto batido. Pelo menos, o padre e suas visões colaboram para discussões entre a cética Scully e o totalmente oposto Mulder. Os atores David Duchovny e Gillian Anderson demonstram uma boa química, o que é previsível, pois trabalharam juntos por mais de 9 anos. Gillian Anderson concedeu uma entrevista curiosa, na qual disse que pensava que seria muito fácil voltar a interpretar a agente Scully, mas que na verdade foi difícil reencontrar o tom da personagem.

Há uma subtrama envolvendo a Scully e um menino com uma doença terminal. Ela não é totalmente inútil, pois serve pra testar a fé de Scully, mas por mim nem precisava existir.

Outra coisa que me incomodou foi a insistência do pessoal do FBI em não dar crédito ao Padre Joe e suas visões, mesmo ele tendo acertado várias vezes. Só posso crer que isso tenha sido uma forçada de barra do roteiro para tentar surpreender o público com uma reviravolta posterior. Só tentar, mesmo.

Tecnicamente o trabalho é bem feito. A bela fotografia que explora toda a desolação que uma cidade do interior tomada pela neve pode provocar. Além do bom trabalho de edição que conseguiu criar um ar frenético em algumas cenas.

Pesquisando no google pude descobrir que existem dois tipos de episódios de Arquivo X: os que falam sobre ETS e teoria da conspiração, que são chamados de MITHOLOGY e os que apresentam um caso esporádico envolvendo algo sobrenatural, os chamados MONSTER OF THE WEEK. Se o diretor/roteirista Chris Carter escolhesse um episódio do tipo Mithology com certeza o resultado seria melhor. De qualquer forma, o filme me deixou com vontade de assistir ao seriado. Vai ser um empenho ir atrás das 9 temporadas, mas acredito que valerá a pena... ao menos, eu quero acreditar.

Críticas

Entre Dois Amores

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Uma bela e comovente produção dirigida por Sidney Pollack, onde as lindas paisagens africanas quase roubam o filme para si.

Entre Dois Amores é um daqueles filmes interessantes de serem conferidos pela história que apresenta. O trabalho do diretor american Sidney Pollack baseia-se em um dos trabalhos de Isak Dinesen, pseudônimo da real escritora dinamarquesa Karen Blixen que viveu durante o ínicio do século XX e escreveu aproximadamente sete livros. E é justamente por um deles que esse "Out of Africa" se baseia. "A Fazenda Africana" foi o segundo livro da escritora européia, publicado em 1936. Nele, Dinesen conta a sua própria história, de quando ela se casou e foi morar com o seu mardio Barão em uma fazenda do Quênia, em meados de 1913, pouco antes da Primeira Guerra Mundial eclodir e no meio da colonização inglesa sobre os países africanos. No filme de Pollack, Karen Blixen é interpretada por Meryl Streep, com seu sotaque caprichado. Ela, que se casou com o Barão Bror Blixen-Finecke unicamente pelo interesse com o título de baronesa, e ele pelo dinheiro da rica família de Kaen, se instala comodamente na luxuosa e típica casa aristocrata européia do início do século passado. Ela passa então a comandar a arriscada plantação de café, que costuma não vingar em solos tão altos, como são as colinas quenianas onde a fazenda está localizada, enquanto o marido sai a procura de caças e mulheres. Sentindo-se terrivelmente solitária e abandonada, apesar de não querer demonstrar seus sentimentos a nenhum de seus fiéis empregados kikuios, ela conhece Barkeley (Michael Kitchen) e o jovem aventureiro Denys Finch Hatton (Robert Redford), com quem logo se tornam amigos. Demonstrando grahnde talento para contar história, ela parece seguramente certa de que não sentiria a falta de seu marido (um casamento sem amor algum). Quando a Primeira Guerra parece inevitável, seu marido parte junto ao Exército para defender o país. Sentindo uma certa inveja do liberalismo masculino da época, Karen atravessa o Quênia até o local onde todo o exército inglês está concentrado. Lá, ela recebe a terrível notícia que está com a doença sífilis e se vê obrigada a voltar para a Dinamarca com 50% de chances de cura. Ela volta porém, curada e pronta para recomeçar, mesmo sem poder ter filhos. Enquanto o marido se ausenteia por mais vários dias, ela passa a conhecer o homem individualista que é Denys e passam a ficar juntos, como amantes. Em meio ao amor existente entre os dois, nota-se a diferença entre os dois. Ela, que preza muito pela família e pela casa, e ele, que prefere ficar à solta, e ir para onde quiser. Como todo casal com pontos de vistas completamente opostos, os dois enfrentariam problemas sérios, menos sérios do que Karen passaria a enfrentar depois do divórcio com o Barão.

'Entre Dois Amores' é um grande filme unicamente por sua história envolvente e apaixonante. E coube ao diretor Sidney Pollack leva-la às telas de cinema. A idéia de adaptar "A Fazenda Africana" para os cinemas já foi cogitada pelos diretores Orson Welles (comandante do poderoso e revolucionário Cidadão Kane), David Lean (de A Ponte do Rio Kwai e Lawrence na Arábia) e Nicolas Roeg (de Inverno De Sangue Em Veneza). Mas foi o renomado e determinado diretor Pollack, que já dirigira grandes produções cinematográficas como Tootsie, A Noite dos Desesperados e Ausência de Malícia, que ficou a cargo de comandar essa importante história para o cinema. Para dirigir com afinco 'Entre Dois Amores', Pollack devorou inúmeros livros sobre as culturas, tradições e rituais, hábitos e línguas dos povos do Quênia, tão diversificados e opostos, quanto os sentidos que os atraem. Pollack decidiu filmar 70% do filme nos territórios quenianos, tendo que se submeter às diferentes leis do local, e que importar leões treinados vindos da Califórnia para o país, já que nã se permitiam o uso de animais locais em filmagens cinematográficas. O diretor quis também que o filme tivesse um impacto visual arrebatador, tal como Apocalypse Now de Francis Ford Coppola, priorizando a uma fotografia mais realista e uma direção de arte idêntica aos cenários europeus das décadas de 10 e 20 (verdadeiras réplicas). Segundo o próprio Pollack, para que esse seu desejo se tornasse realidade, ele teria que ser extremamente fiel ao livro de Dinesen, que "fez a África parecer tão maravilhosa e poética!". Toda essa vontade de causar impacto visual na produção foi justamente para amenizar temas mais profundos e complexos que vêm junto com o pacote no livro. Os sub-temas mais penosos como a Primeira Guerra Mundial, a colonização na África (que viria a render inúmeras Guerras Civis e lutas pela repressão européia no continente), assim também como as liberdades para homens e a condenação de mulheres na sociedade sairam até mais suaves e amenos, sem causarem tanto alvoroço quanto o desejo de Pollack, que também foi o responsável pela produção do filme, negava desde o início. "Produzo meus próprios filmes há 20 anos, o que significa que preciso falar com menos pessoas.", ele dizia. Em geral, a direção de Sidney Pollack está excelente, correta e muito realista, mantendo o clima e ritmo certo, apesar de deixar a atuação dos atores de lado.

Ele os deixou trabalhar da maneira como queriam, apenas orientando a respeito do sotaque e de como deveriam se postar (como se Streep e Redford precisassem de algum tipo dessa orientação). De resto, confiou tudo o que podia e o que não podia no talento dos atores, que na verdade não decepcionam, mas simplismente não brilham. Só mesmo a sempre fantástica Meryl Streep, que é a melhor do elenco, com seu sotaque correto e suas ironias femininas a fazwm brilhar mais uma vez no cinema. Os minutos finais são realmente divinos, onde Streep demonstra ser tão grande quanto era anos antes de ganhar seu primeiro Oscar, e que foi incrivelmente garantindo mais talento e prestígio ao redor do mundo.

É interessante notar como a atriz é curiosa e multi talentosa, capaz de atuar em qualquer tipo de filme, fazer qualquer tipo de papel. "Interpretar não tem a ver com ser alguém diferente. Trata-se de encontrar similaridades no que é aparentemente diferente e depois se encontrar nelas.". É o que Meryl Streep revela cada vez que algum repórter ou jornalista a questiona de onde vem tanto talento. Ela ainda completa que quando não se sente confiante o suficiente para atuar um personagem à margem da perfeição no cinema, simplismente nem tenta, uma vez que se diverte com o que faz, segundo a própria atriz: "Acho tão divertido, que parece até ser ilícito ser tão divertido. Tenho curiosidade em relação às pessoas, essa é a essência da minha atuação. Estou interessa em como seria se eu fosse você.", revela ela em uma entrevista. O fato é, que nem esquecer a estaueta do Oscar que ela ganhou pela sua atuação de coadjuvante em Kramer Vs. Kramer de 1979, nos faz esquecer que ela é a recordista imbatível de indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro, disparada a atriz mais reconhecida e respeitada de Hollywood e em todo o mundo.

Meryl Streep é sem dúvida a melhor de todo o elenco, e mesmo o talento a ser posto em prática de Robert Redford não consegue driblar o da atriz americana. Redford se mostra ser melhor dirigindo filmes do que atuando neles. Seu verdadiero charme está atrás das câmeras, onde parece ter mais liberdades e que talvez esteja muito mais à vontade. O mais insosso do elenco é justamente aquele que venceu o Globo de Ouro de Melhor ator Coadjuvante pelo papel do Barão de Karen, Klaus Maria Brandauer. O ator austríaco é um verdadeiro fenômeno lá, assim como o futebol é no Brasil e o cinema é nos Estados Unidos. O ator é aclamado por todo o país europeu, mas neste "Out of Africa", apesar de sua indicação ao Oscar, não demonstra ser nada além de um coadjuvante normal, que não faz feio e que também não faz nada de mais, simplismente entra em cena, diz as suas falas e sai, do jeito que entrou.

O roteiro de 'Entre Dois Amores', como já foi comentado, é extremamente fiel à obra original. A adaptação ficou a cargo do roteirista Kurt Luedtke, que já trabalhara com Sidney Pollack em 'Ausência de Malícia' de 1981. O script ficou um tanto longo e monótono, mas se é exatamente assim que o livro de Denisen é, o melhor é aproveitar e curtir cada momento de diálogos e cenas prazeirosas, como a cena do inesquecível vôo de avião, que sobrevoa as belíssimas paisagens do Quênia, passando por cima do azul Oceano Índico, as belas colinas e contornando o monte mais alto do país e o segundo maior da África, o "Quênia" com mais de 5.000 metros de altura, que só perde para a magnetude do Monte Kilimanjaro, situado no território da Tanzânia. A impressão que no meio para o final do filme, o roteiro deixa, é que ele demora um pouco para chegar à conclusão que o espectador tanto espera. Passa por detalhes importantes no livfro, mas que poderiam ser facilmente descartados na edição final.

Falando em edição, vamos falar dela. Na minha opinião só funciona nas cenas de golpes de imagens, como na do avião, ou em outras envolvendo os protagonistas, em cavalgadas e tiros. Em relação à duração do filme, como já dito, uns 10 ou 15 minutos poderiam ser tirados fora, caso houvesse uma esperta redução do roteiro, que tem esse problema como o principal defeito, além de ter ocultado importantes passagens do livro que poderia pelo menos entrar no lugar das descartadas, como a do aborto natural que Karen sofre ou no local exato (e mais provável), que ela e Denys se conheceram pela primeira vez.

Nos quesitos técnicos, 'Entre Dois Amores´é um primor de beleza. Cada cena é uma verdadeira pintura. A fotografia sensacional de David Watkin encanta os olhos de todos, com cores africanas, o nascer do sol, a silhueta de pessoas perante à imensidão da reserva nacional do Shaba, onde algumas cenas foram filmadas e amplamente melhoradas em imagem com o competente trabalho de Watkin. Quem também não merece desprezo algum é a equipe de diretores de arte, que incluem Colin Grimes, Cliff Robinson e Herbert Westbrook e o desenhista de produção Stephen B. Grimes, que demoraram mais de um ano para finalizarem os cenários perfeitos que enfeitaram as cenas internas do filme. Após uma profunda pesquisa de Pollack sobre cada detalhe dos locais, da decoração, eles trabalharam fundo e conquistaram, assim como o dietor de fotografiza Watkin, o Oscar em suas respectivas categorias.

Merece destaque ainda mais especial a trilha sonora de John Barry. Considerada pelo American Film Institute (AFI), a 15ª melhor trilha sonora já composta na história do cinema, Barry foi imensamente feliz ao criar um conjunto de faixas musicais que entraram para a história como uma imensidão de idéias e reflexões sobre os problemas que o mundo aflorava no início do século XX, em meio à paisagens exuberantes da África. As músicas de Barry também pontuavam o sentimento de solidão e aventura que a personagem de Meryl Streep, Karen sentia conforme o seu envolvimento com Denys, mostrando ao espectador uma mistura de temas com seus diversificados gêneros.

Os problemas que a produção de Entre Dois Amores enfrentou foram bem poucas na verdade. Eles teriam que conversar com mestres nativos como conseguir figurantes das localidades e como poderiam aproveitar a área deles para filmarem algumas cenas externas. O maior problema mesmo, deve ter sido a cena em que Meryl Streep tenta espantar o leão com o chicote. Naquela cena, o leão deveria estar preso a uma corrente de aço, para caso fosse atacar a atriz, mas ele não estava. Portanto o rosto de horror que Meryl demonstrava na cena era real, e ela estava de fato, correndo um sério perigo de ser atacada por um leão, que apesar de ser treinado, estava faminto de verdade.

"Out of Africa" é um excelente filme de amor, que mistura problemas e acontecimentos históricos em meio a uma paisagem belíssima e melhorada por uma equipe de arte altamente qualificada. Comprovando mais uma vez o talento da inaufraguável Meryl Streep, Sidney Pollack comanda um filme vencedor de 7 Oscars, dos 11 que disputava, além de 3 Globos de Ouro. com um orçamento de US$31 milhões, o diretor e também produtor esntre ao público mais uma adaptação de primeira linha, que como todo roteiro baseado em uma história famosa, possui os problemas de enredo.

Críticas

Garage Olimpo

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Invejavel, este é o adjetivo que melhor se aplica a esta obra de nossos "hermanos", uma analisie sobre a ditadura e o regime militar muitissimo bem transposta para as telas de forma vivida e real onde sobram aplausos e elogios para esta belissima performance argentina.

A trama é bem simplista, Maria(Antonella Costa) é uma ativista radical disfarçada de professora, ela acaba sendo capturada e sofre todo tipo de tortura para delatar os seus companheiros e salvar sua pele do regime militar.

Dentro da equipe de tortura, ela reconheçe Felix(Carlos Echevarría) um velho amigo, que agora veste a farda da ditadura, ele por sua vez acaba se apaixonando por ela e sua trama percorre um desfecho previsivelmente tragico.

Logo de cara, ja fica evidente a performance técnica dos atores, as cenas de tortura são impressionantes no seu grau de realismo e por que não dizer no seu grau de audacia, pois tudo é filmado em tempo real e pouquissimos cortes, Antonella Costa da um show a parte, impossivel não se sensibilizar com a sua tragetoria de sofrimento e coragem diante do rigor autoritario da ditadura, o filme exige bastante dos atores e os atores retribuem a altura esta condição.

Buenos Aires é uma cidade linda, e o seu diretor Marco Bechis faz questão de ressaltar suas paisagens com tomadas aéreas, que no créditos finais fazem todo sentido e se encaixam perfeitamente ao seu final dando uma conclusão coesa e marcante. Bechis que é de origem italiana, vivenciou a ditadura na pele e por isto pode fazer um filme de carater biografico através de suas proprias experiencias vividas na pele e isto realmente conta para a criação de um filme, pesa e muito na hora das considerações finais .

Garage Olimpo é um orgulho para o cinema argentino e um belo exemplo para o cinema brasileiro, com cenas fortes e marcantes, tem um historia coesa e muito bem ambientalizada com tramas muito bem amarradas, a sensação que fica é de se estar viajando no tempo e aprendendo um pouco mais da historia de nossos hermanos, totalmente desapercebido do público brazuca, Garage Olimpo mereçe ser prestigiado e faz o cinema brasileiro ficar com dor de cotovelo .

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Espelhos do Medo

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Por mais que alguns não aceitem minha opinião, digo que Alexandre Aja até agora não errou, se mostrando como um verdadeiro e respeitoso diretor do cinema de terror, tão amado pelos fãs do gênero. Ele simplesmente foi bem em seus trabalhos: ALTA TENSÃO, VIAGEM MALDITA e P2 – SEM SAÍDA. E em ESPELHOS DO MEDO não foi diferente. Ele não é um filme ruim. O problema é que ele não atendeu as grandes expectativas de um público que delirou com o seu remake há dois anos atrás do filme homônimo de Wes Craven, QUÁDRILHA DE SÁDICOS. O remake fez com que o público ficasse mais exigente com o diretor. Não é normal um remake ter o privilégio e mérito de superar o original não. E nem tão pouco ser considerado já como um clássico do horror moderno; um clássico de já um outro clássico! Simplesmente ele está sendo julgado (e porque não dizer mal julgado?), assim como o indiano M. Night Shyamalan, que carrega até hoje a sombra do karma do seu premiadíssimo O SEXTO SENTIDO: a cada lançamento de um novo filme seu, cria-se a expectativa de uma nova obra-prima. E é exatamente isso que está acontecendo com Aja. Seus filmes seguintes não superam o seu primeiro arrasa-quarteirões, mas também não quer dizer que são horríveis!

Ben (Kieffer Sutherland, da conhecida série ‘24 horas’) é um policial afastado temporariamente após uma ação desastrosa na qual matou seu próprio colega de trabalho. Tudo na sua vida vai mal e vai piorar ainda mais quando aceita o emprego de vigia noturno numa grande loja de departamentos incendiada há alguns anos atrás. Ele descobre que o lugar é assombrado pelos espelhos que estão no local. E que essas assombrações que se escondem nos espelhos o seguiram até sua casa, onde mortes horripilantes podem acontecer com a sua família. E Ben luta contra o tempo para se livrar desse grande mal.

Uma das boas coisas do filme é o seu cenário. Um cenário ideal para um filme de terror: um shopping abandonado, mal iluminado, com suas paredes acabadas e escuras e manequins que mais parecem cadáveres chamuscados. Os sustos são regulares e alguns às vezes convencem. Os relances dos reflexos dos espelhos atacando ou fazendo medo aos personagens são legais. As poucas mortes também são das mais violentas possíveis. A da banheira então meu irmão, nem se fala! Mas o telespectador acaba perdendo o bom pique da coisa, quando dá de cara com os efeitos digitais. Os efeitos visuais mais distraem do que chocam. Tudo que é de morte e de sangue são realizados por computação gráfica. E é este o grande erro do filme. O público do gênero não gosta de ver sangue em efeitos visuais, e sim sangue falso. Sem falar de outras coisas que também podem ser feitas com computação gráfica. A cena em que o personagem Ben vê sua imagem no espelho pegando fogo é frustrante.

Volto a repetir, ESPELHOS DO MEDO ainda não é o primeiro filme ruim de Aja. Coisa que fico satisfeito. Porém que vai perdendo brilho quando lembro que o próximo trabalho do diretor vai ser o remake de PIRANHA.

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Dia de Cão, Um

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Al Pacino brilha mais uma vez em um filme dirigido por Sidney Lumet, baseado no primeiro assalto transmitido pela televisão.

Um Dia de Cão, apesar de ter um roteiro completamente original, livre de qualquer tipo de adaptação, foi inspirado em um dos assaltos mais conhecidos e populares da história da cidade de Nova York. Era verão de 1972 quando dois homens adentraram em um banco novaiorquino a fim de assaltá-lo. O que era para durar apenas alguns minutos se prolongou por várias e difíceis horas de negociações e provocações, com a chegada da polícia.

A idéia de trazer esse episódio importante na história da polícia de Nova York para os cinemas veio de um amigo do produtor Martin Bregman, que logo se interessou pelo artigo publicado na revista "Life", escrito pelas mãos de P.F. Kluge e Thomas Moore a respeito do tal assalto. O produtor comentou que ficou curioso pela história por se tratar de um tema pouco expansivo e ainda não muitas vezes visto no cinema. A história vai muito além de um simples assalto com negociações normais. O principal assaltante, John Wojwicz e seu parceiro não eram bandidos experientes e não faziam a menor idéia do que diabos estavam fazendo. Durante todas as horas de duração do assalto, os assaltantes não feriram e maltrataram ninguém, eles simplismente tratavam bem e se preocupavam com os reféns. Logo a história se torna mais inédita e exclusiva ainda, quando a "mulher" de John aparece no local do assalto, a pedido dele. Acontece que essa "esposa" era um travesti, com quem John casou-se em uma Igreja, apesar de já ter uma mulher e dois filhos. As principais exigências de John, eram na verdade muito simples, ele queria um ônibus para ele e seu parceiro poderem serem levados ao aeroporto e mebarcarem em um jatinho para a Argélia. Foi com o propósito de mostrar essa diferente história na televisão, que Bregman procurou o roteirista Frank Pierson para escrever o seu roteiro.

Pierson poderia fazer uma história extremamente fiel ao artigo publicado naquela revista em 1972, porém ele decidiu ser o mais criativo possível. Adotando o ponto de vista do assaltante e não da polícia e muito menos das emissoras de televisão. Além disso, Pierson decidiu relatar a história somente no dia do assalto, mostrando os detalhes, como o fato de ser o primeiro sequestro de reféns transmitido ao vivo pela televisão e também a multidão que se aglomerou em volta do banco, para acompanhar as negociações, assim como o comportamento revoltante contra a polícia e a favor do assaltante, que foi logo vítima de simpatia e carisma com o público ali presente. A partir daí, John virou Sonny, interpretado por Al Pacino. Esses fatos só engrandecem essa história bastante incomum que rendeu em um dos melhores filmes daquele ano de 1975 e foi talvez o melhor e mais produtivo e corajoso filme que Sidney Lumet já dirigiu.

O roteirista porém, enfrentou alguns problemas para escrever o seu roteiro, uma vez livre de qualquer peça que fosse importante para uma adaptação, ele queria pelo menos entender como os verdadeiros reféns se sentiram nas mãos de um assaltante tão diferente e mal preparado. Frank Pierson também entrevistou os policiais que lá estavam presentes e alguns moradores do local, tal como certas pessoas que estavam em meio a toda aquela multidão. Ele conseguiu reunir informações o bastante, mas Pierson ainda queria falar com o próprio assaltante. depois de uma série de insistências mal sucedidas, John Wojwicz decidiu não falar com o roteirista e ele teve que escrever o seu roteiro de acordo com o que ouviu nos relatos de quem teve a oportunidade de entrevistar. Ele também criou algumas partes, os diálogos foram livremente escritos e muitas vezes alterados.

Logo que recebeu o convite para escrever o roteiro do filme, Pierson pensou nos nomes de Sidney Lumet e Al Pacino, para dirigir e interpretar o assaltante, respectivamente. Lumet aceitou de primeira, mas Pacino demorou um pouco para aceitar o papel, já que estava cansado e havia acabado de filmar 'O Poderoso Chefão: Parte II', que lhe exigiu muito. Mas acabou cedendo e as gravações começaram logo.

Era outubro de 1975, quando as filamgens finalmente começaram. A previsão era que elas durassem aproximadamente mais de um mês, mas devido a rápida execução dos acontecimentos, duraram apenas três semanas. Apesar de se passar em um dia quente de verão, o mês de outubro nos Estados Unidos já é outono e faz frio. Por isso, os atores que filmavam cenas nas áreas externas tiveram de pôr cubos de gelo na boca, para não sair aquela fumacinha da boca, típica de uma manhã de frio. Apesar de finalizarem as filmagens antes do prazo final previsto, a equipe sofreu com alguns imprevistos e contratempos. Os atores John Cazale e Lance Henriksen tiveram uma crise de riso incontrolável, um pouco antes de gravarem as cenas finais. Segundo os que estavam por perto, essa crise de riso durou aproximadamente uma hora. Outra curiosidade, que serviu para atrasar um pouco as filmagens foi por conta da atriz Penélope Allen, que interpreta Sylvia simplismente não quis sair do ônibus quando deveria fazê-lo, na cena em que os policiais abordam o furgão, a fim de prender Sonny. Ela disse que não queria deixar Al Pacino sozinho no ônibus e o diretor Sidney Lumet, antes de iniciar a próxima tomada, pediu para a atriz sentada ao seu lado que a empurrasse caso ela não quisesse cair, e que um dos policiais ao lado do ônibus, a amparasse se ela caisse. Fora esses pequenos problemas, as filmagens foram rápidas e fáceis.

Como o excelente diretor que é, Lumet sempre exige o máximo de seu elenco. Na cena em que o personagem Sonny fala com Leon no telefone, o diretor queria que ele logo em seguida falasse com a sua mulher também. Como são muitas as falas, Al Pacino ficou exausto, até porque teve que repetir algumas vezes. Na verdade esse era o objetivo de Lumet, cansar o ator ao máximo, para assim ele não saber exatamente o que estava fazendo. Segundo Pacino algumas cenas e passagens do filme eram simplismente insuportáveis de serem filmadas, devido ao cansaço tremendo que os atores sentiam em um ambiente tão abafado como era o local onde as filmagens internas aconteciam. Na verdade, o filme todo não foi gravado em estúdio, já que o diretor queria que houvesse uma entrosamento do local das filmagens (no filme, o banco) com a rua, onde várias cenas seriam gravadas. Então a locação ficou no Brooklyn, onde havia funcionado uma oficina mecânica. Os cenários, resposáveis por Douglas Higgins, deixaram o local idêntico a um banco normal.

Lumet também dava certas liberdades a um elenco novato e muito nervoso. Querendo que eles apenas se lembrem de que estão interpretando funcionários de banco, o diretor liberou-os para usarem as próprias roupas, tiradas de seus armários e a pedido de uma das atrizes, ele também liberou-as para improvisarem algumas falas, caso fossem necessárias, o que provocou algumas mudanças no roteiro de última hora. No assalto real, havia uma grande multidão ao redor da cena principal. Para mostrar isso no filme, o diretor chamou algumas pessoas que circulavam por lá naquele momento, assim como estudantes que matavam aula, caminhoneiros, donas de casa, etc. Ao todo, 200 pessoas se amontoaram em volta para servirem de figurantes. Mas logo depois, os próprios moradores do local, como outras pessoas que andavam por lá naquele momento, foram se reunindo ao grupo de figurantes. No final, mais de 1200 pessoas estavam presentes, e quando o personagem de Al Pacino aparecia, eles gritavam algumas palavras, por vezes de acordo com a orientação do diretor Lumet, outras sem a mesma.

Na cena em que Sonny é preso, as filmagens ocorreram de longe, pois o diretor optou pelo uso da lente teleobjetiva, para que assim não houvesse nenhum tipo de intervenção por parte de Lumet.

Deixando de lado os bastidores da produção, é hora de comentar sobre o elenco de 'Um Dia de Cão'. Obviamente o destaque de todos os atores é Al Pacino, em uma das melhores atuações de sua carreira. Provando ser um grande e magnífico ator, Pacino interpretou de forma correta, sem exageros e de forma brilhante e sensacional. Podemos dizer o mesmo do elenco de coadjuvantes, que apesar de alguns não terem experiência alguma em frente às câmeras, como os funcionários do banco, as tais liberdades que o diretor permitiu certamente fizeram efeito e todos eles estavam muito mais a vontade em seus respectivos papeis. John Cazale também está ótimo, seco e brilhante. Ele já havia trabalho anteriormente com Pacino nos dois primeiros filmes de 'O Poderoso Chefão', antes de falecer de câncer, em 1978. O novato Chris Sarandon também demonstrou ter talento como o travesti do filme. Na cena em que ele fala por telefone com Sonny (totalmente improvisada, diga-se de passagem), o ator mostrou ser grande e capaz de feito incrivelmente maiores. O fato é que a direção correta e liberal de Sidney Lumet ajudou e muito na preparação dos atores, que ficaram muito mais a vontades de expressarem seus talentos, e como no caso dos mais experientes (Pacino e Cazale), provarem e expandir seus talentos.

A escolha da atriz para interpretar a mãe de Sonny foi muito interessante. A atriz Judith Malina foi escolhida para o papel porque Sidney Lumet sabia que Al Pacino a tinha como um ídolo. Ela trabalhava no grupo vanguarda "Living Theatre". Malina já esteve no Brasil em 1971, enquanto ensaiava um peça em Ouro Preto. Porém, ela e seus companheiros de teatro foram presos e depois, expulsos do país. Eles foram acusados de ligação com o "movimento subversivo nacional", que era altamente condenado na época.

A parte técnica do filme também não deixa nem um pouco a desejar. A belíssima e simples fotografia de Victor J. Kemper fez de algumas cenas verdadeiras pinturas. A montagem de Dede Allen e Angelo Corrao, que foram indicados ao Oscar por esse trabalho, também é competentíssimo, com cortes de cenas certíssimos e deixando um filme tão complexo com pouco mais de duas horas de duração. É interessante notar que o filme não possui trilha sonora alguma, mantendo um clima mais tenso possível.

'Um Dia de Cão' talvez seja o filme mais corajoso dos anos 70. Além de retratar um assalto famoso, julgar a polícia americana, que na época já estava bastante desmoralizada devido a inúmeros escândalos já é uma atitude admirável. Além disso, é um dos primeiros filmes a retratarem a questão gay e adotar em parte a questão transsexual. Uma das falas mais ousadas do filme talvez seja a que Sonny dita em voz alta no seu testamento: "A Leon, a quem amo como nenhum homem jamais amou outro homem...". Realmente, foi uma escolha bastante corajosa, devido ao alto índice de preconceito que tinha nos Estados Unidos durante a década de 70.

Apesar de ter um ritmo acelerado, já que a história se passa toda em apenas um dia, o filme tem um tom um tanto melancólico e as cenas finais, apesar de serem as melhores, ajudam para que o filme se torne algo ainda mais melodramático e tenso. Quem espera um filme de ação, com perseguições e tiros vai se decepcionar. O barulho de uma arma disparando acontece somente duas vezes em todo o filme.

"Estou morrendo aqui". Esta fala é um exemplo do quão melancólico o filme se torna. Ele repete isso uma centena de vezes, e na verdade le não é nenhum psicopata e ninguém que poderia fazer mal a outra pessoa. É apenas um modo de conseguir o que quer, e em determinadas situações, ele pode conseguir ou não.

No artigo publicado por Kluge e Moore, eles comentaram abertamente que o assaltante tinha feições parecidas com os atores Al Pacino e Dustin Hoffman, por coinsidência ou não, quando Pacino estava prestes a abandonar de vez o papel antes de aceitá-lo, Hoffman chegou a ser chamado para substitui-lo, caso Pacino não realmente se recusasse a atuar no filme.

Uma outra curiosidade é que o assaltante verdadeiro, John Wojwicz assistiu ao filme 'O Poderoso Chefão' no dia do assalto, no qual, como já foi dito, Al Pacino e John Cazale trabalharam juntos. Ele também declarou, depois de conferir o filme, que poucas coisas foram fiéis à história original e que ele nunca havia cogitado a hipótese de abandonar o seu companheiro Sal. Ele elogiou as interpretações dos atores do filme, dizendo que se mantiveram fiéis aos personagens reais.

É altamente recomendado a todos aqueles que apreciam um filme diferente, com uma história ousada e um elenco brilhante, experiente e iniciante, na mesma proporção. Sidney Lumet se torna um dos diretores mais respeitados de sua época por dirigir esse filme. Um filme "do cão", no bom sentido.

Críticas

Casablanca

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Uma obra-prima imortal, atemporal e sensacional: é o que Casablanca é!

É muito difícil fazer uma crítica aprimorada sobre um dos maiores clássicos do cinema norte-americano, considerado por muitos como a sua obra-prima máxima. Apesar de uns venerarem de maneira incontestável e outros ainda apenas achar que é um dramalhão superestimado, a verdade é que Casablanca é um dos filmes mais importantes do cinema mundial e imortal.

Muitos são os fatores para que se considere de tão valor artístico. Talvez pelas dificuldades que existiram para que uma história política em plena década de 40, sob a égide da Segunda Guerra Mundial, se transformasse num belíssimo roteiro de um grande romance ou pelas questões técnicas que impressionam até hoje.

O roteiro conta a estória de Rick, dono de um bar em Casablanca, uma pequena cidade em Marrocos na qual é rota de fuga dos refugiados da Segunda Guerra Mundial, a fim de buscarem vistos para viajar a Lisboa e depois à tão-sonhada América. O enlace principal ocorre quando Ilsa, uma ex-amante de Rick, aparece na cidade com o seu marido Laszlo, um resistente Tcheco procurado pela polícia alemã. Aí surgem as memórias da antiga paixão vivida por Rick e Ilsa e a busca por uma solução para o amor dos dois e para a fuga de Laszlo.

O roteiro é o que há de mais brilhante, em minha opinião. Adaptado de uma peça teatral escrita por Murray Burnett e Joan Alison, mistura, de forma esplêndida, uma situação política real da Segunda Guerra Mundial, envolvendo países como Alemanha, França, EUA, Marrocos e muitos outros. Ademais, desenvolve entre essa questão histórica da década de 40 um romance muito bem planificado entre os horrores da guerra e marcado por uma situação de amor bastante agradável para quem assiste. Uma dualidade interessante e presente apenas em grandes escritos.

Além disso, as interpretações são marcantes. Humphrey Bogart é o cinismo em pessoa, marcado pela arrogância e poder do seu bar em Casablanca. Contudo, o seu papel muda de ares nos momentos de paixão vivido com Ilsa, demonstrando um sentimentalismo e uma mudança de atuação incrível. Ingrid Bergman dá o toque sensual e feminino ao filme, mais do que necessário em grandes obras, passando através de sua beleza e de seus olhos uma atuação simplesmente brilhante. Paul Henreid não fica muito atrás no papel de um líder da esquerda política. Porém, destaco a atuação do inglês Claude Rains, que interpreta o corrupto Capitão Renault. Seu trabalho é sensacional, dando em certos momentos o tom de sutileza cômica que equilibra o filme em inúmeras formas teatrais.

Por sua vez inesquecível, a música de Casablanca, criada por Max Steiner, se eternizou na história do cinema mundial. As Time Goes By é um hino do cinema, dando ao romance dos protagonistas a sutileza indispensável a um grande clássico. Com certeza Casablanca não seria o que é na história do cinema se não fosse pela belíssima música de Herman Hupfield, tocada por Sam, interpretado por Dooley Wilson, numa das cenas mais inesquecíveis do filme. Entre uma cena e outra também se ouve tocar a linda Marselhesa, hino da França.

A direção de arte em preto e branco cativa o espectador e dá um brilho único a grandes filmes, ficando, às vezes, uma indagação aos cinéfilos: será que teria o mesmo resultado filmado em cores? Não sei, mas creio que não teria o mesmo charme.

Um dos maiores romances do cinema mundial, com um roteiro brilhante para quem gosta tanto de um drama sentimental como para aqueles que gostam de uma boa música ou apenas de uma história política.

Incrível que assim como O Poderoso Chefão, do mestre Coppola, Casablanca, com as inúmeras dificuldades que teve, tinha tudo para dar errado, mas Michael Curtiz fez com que tudo desse certo e mais do que isso.

Ainda que haja detalhes dos quais eu não goste, eu não consigo deixar de assistir Casablanca e me enquadrar na categoria dos que veneram esta obra absolutamente imortal, a razão eu não sei responder, mas ela me satisfaz completamente, talvez pelo seu gracioso charme talvez pela sua história.

Um filme para ser visto inúmeras e inúmeras vezes, com grande satisfação!

“Estou de olho em você, Garota!”

Críticas

Kill Bill - Volume 2

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Após você assistir ao volume 2 de Kill Bill, acaba que sugere uma sensação de que Kill Bill realmente trata-se de um obra homogênea que nunca deveria ter sido dividida. Nessa segunda parte, a narrativa chega a perder um pouco o fôlego, no sentido em que são criadas respostas não tão convincentes e criativas às lacunas abertas na primeira parte. É mais forte a presença de diálogos, única luta interessante fica por parte do duelo entre A Noiva, ou agora, já com o nome revelado, Beatrix Kiddo (Umma Thurman) e Elle Driver, interpretada por Daryl Hannah (Blade Runner e Wall Street - Poder e Cobiça), onde vemos uma boa interpretação das duas, isso claro, marcado pelos competentes diálogos criados por Tarantino.

Todavia, como já dito, essa segunda parte há uns deslizes do roteiro de Tarantino. Por exemplo, o treinamento de Betrix Kiddo com o mestre Pai Mei (personagem dos anos 70, tirado dos filmes de samurais dos irmãos Shawn) se se estende demais, com tiradas de humor fora dos padrões de Tarantino, sem o humor negro habitual. Além de que nessa parte prevalece o estilo western spaghetty,com cenas menos voltadas as artes marciais, característica forte do volume 1.

O caráter de unidade dos dois filmes se revela forte nessa obra pelo fato de Tarantino manter a mesma intensidade e apuro técnico, seja na Trilha Sonora espetacularmente original, seja na fotografia, encaixando em alguns pontos, como a cena do casamento (ensaio deste) onde o tom preto-e-branco dá reforça o estilo western que prevalece nessa cena.

As atuações continuam seguras. Umma Thurman consagra seu papel e mostra toda sua desenvoltura, fruto de longo processo de preparação. Umma é sim o ponto de equilíbrio entre as atuações, não apenas no sentido em que a história gire em torno de sua vingança, mas também pelo fato de sua personagem ter, e o é, de adaptar-se a todas as diferentes situações por qual ia passar. Chega a ser meio épico a sua busca desenfreada por vingança.

Destaca-se também, David Carradine, como Bill, que aparecerá bastante nessa seqüência. Carradine, que não era a primeira opção para o papel, antes dele havia dois atores, incluindo Kevin Costner, cotados para assumir o pivô do conflito. Daryl Hannah está sexy e cínica como Elle Driver, uma personagem que ganha força em um momento necessário da trama, já que a verborragia de Tarantino já havia preenchido boa parte do tempo da trama, a luta entre Elle e Beatrix serviria como contraponto aos extensos diálogos. Luta essa que figura-se entre as melhores de Kill Bill, uma espécie de duelo de samurais em pleno clima de western, com sabres cortantes e pitadas bem trash, como a hora em que Betrix arranca o olho de Elle.

Ao final, quando Beatrix finalmente encontra Bill, Tarantino nos prega uma surpresa, onde a presença da filha de Beatrix e Bill, B.B. Kiddo( Beatrix fazia parte do bando de Bill e estava grávida do memo, percebendo isso, decide se afastar deste em busca de uma nova vida, aí está a explicação para a chacina que motiva a vingança de Beatrix) serve pra amenizar a tensão do provável confronto entre seus pais. Na solução desse confronto, Beatrix finalmente realiza sua vingança, graças a uma técnica aprendida com mestre Pai Mei, o que chega a ser uma solução barata, simples até. Não é uma luta épica de grandes proporções, demorada.

Enfim, o saldo final entre as duas partes de Kill Bill é positivo. Tarantino consegue transpor a tela grande parte de suas influências, com seu estilo original de sempre. Kill Bill tem sim seus deslizes, mas o que realmente fica como sua marca é o seu estilo único, ousado. O trabalho mais requintado tecnicamente de Tarantino. Essa segunda parte teve uma bilheteria de $152.159.461 em torno do mundo. Saldo positivo.

Críticas

Kill Bill - Volume 1

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Uma salada de gêneros orquestrados por um diretor corajoso, que como ele mesmo aponta: "Kill Bill serve pra mostrar o quanto eu sou bom, serviu pra elevar ao máximo meu sentido enquanto diretor". Ao seu gosto, Tarantino cria seu própio universo, utilizando referências a filmes que marcaram sua formação enquanto diretor. Kill Bill acaba usando a "Violência real", sem exageros, em se tratando das referências a que se propõe dialogar. E mais, Tarantino mostra ser um diretor de talento não só em desenvolver sua mitologia, mais de compor toda uma particularidade de técnicas pra essa sua mitologia, sendo seu grande mérito não se perder nesse universo, ao contrário, Tarantino, como uma espécie de divino sob seu panteão mitológico ordena toda a situação com habilidade sobre-humana.

Kill Bill é uma história simples: uma mulher conhecida por "A Noiva" (Umma Thruman) tem futuro marido e amigos brutalmente assassinados no ensaio de seu casamento, ela mesma, fica em coma por longos quatro anos. Acordando, decide se vingar daquele que planejou tudo: Bill (David Carradine). Só que aí, pego uma fala de O-Ren Ishii (Lucy Liu): “Você não achou que ia ser tão fácil não é?". Diante disso, Tarantino vai jogando referências/influências como do filme japonês de 1973 "Lady Snowblood" no qual uma mulher mata a gangue que assassinou sua família; A Noiva Estava de Preto (1968), de François Truffaut; western spaghetti; blaxploitation; filmes de kung fu dos anos 60 e 70; o traje amarelo de Uma Thurman é uma réplica do usado por Bruce Lee, em Brucee Lee no Jogo da Morte; Jornada nas Estrelas, no provérbio: "A vingança é um prato que se come frio", que foi retirado do segundo filme A Ira De Khan (1982); filmes trash, vide a abundância de sangue jorrado (450 galões de sangue falso nos dois filmes) a até aqueles que dizem que a referências a Matrix, Tom & Jerry, Loucademia de Polícia, mas eu acho que são apenas semelhanças, não algo intencional.

O Roteiro foi desenvolvido por ele, Tarantino, e Umma, durante as gravações de Pulp Fiction.

Nessa primeira parte, já que a idéia era que o filme tivesse 4 horas de duração (Tarantino e a Miramax resolveram dividilo em dois - o grande erro do filme) temos bons momentos, boas lutas além de que o roteiro nos encaminha habilmente a esse universo tarantinesco. Passamos a nos contagiar com a história, desejamos a vingança da Noiva.

Nesse sentido, na primeira parte reveza boas atuações de alguns atores, com deslizes de outros. Enquanto Umma Thurmam segura a barra em todos os capítulos, nessa primeira parte temos como destaque negativo a presença de Lucy Liu (Chicago e As Panteras), apática como sempre a nova-iorquina reafirma sua incapacitação em demonstrar um pingo de noção de gestualização pra seu papel. Há também Julie Deyfrus, como membro da gangue de O-Ren Ishii, que serve apenas para compor um papel superficial e até desnecessário, como a sino-italiana Sofie Fatale. Por outro lado, nesse volume 1 o destaque fica por conta de Vivica A. Fox, como Vernita Green, personagem envolvida no massacre do casamento, e que protagonizará uma sangrenta luta com a noiva logo nas primeiras cenas.

No Vol. I, a parte técnica é exigida ao extremo, vemos os ângulos de que Tarantino simpatiza, além de belas tomadas por cima dos personagens; a Edição de Sally Menke (Editor dos filmes de Tarantino, Indicado ao Oscar por Pulp Fiction) é espetacular, precisos cortes nas cenas de luta trazem um ritmo mais frenético a elas. A Fotografia de Robert Richardson (indicado por Platoon, Nascido em 4 de Julho, Neve Sobre os Cedros e vencedor por JFK - A Pergunta que Não Quer Calar e O Aviador) abusa de cores fortes, sendo cheia de brilho na cena de luta em um quintal de casa japonesa.

Trilha sonora fantástica, eclética, utilizando de vários estilos em cenas imprevisíveis, fato que poucos teriam tanta coragem como Tarantino (o impacto de distorção e efeito é semelhante à Kubrick jogar música clássica para os confins do universo).

Enfim, a Mitologia (digo isso por mera referência ao que Tarantino sempre menciona, como sua Mitologia) tarantinesca pode parecer lixo cultural pra uns, você pode realmente não gostar do western spaghety ou não se empolgar com os filmes trash, ou com a pancadaria dos filmes de Kung Fu, mas com Tarantino, essas referências ganham um novo sentido, ousado. Se essas referências são “artes de baixa qualidade” não sei, mas o resultado de Tarantino é bem próximo de uma grande realização artística. Kill Bill teve um orçamento de US$ 55 milhões, os dois filmes, vacilam em certas partes da história que se tornam desinteressantes, isso fica bem presente na segunda parte, mais o brilho do roteiro de Tarantino, aliado à precisão técnica jamais igualada em seus outros filmes faz de Kill Bill - Volume 1 um bom começo.

Críticas

Crepúsculo

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Vi o filme sem ter lido o livro, porém ainda consigo relacioná-lo a outras histórias vampirescas que conheço e por isso vou tentar separar as diversas impressões que o filme me causou.

1º a de espectador sem nenhum conhecimento de mundo:

O filme não foi nada bom, o roteiro é medíocre, tudo parece sem sal, é um romancezinho bonitinho, com personagens e atores bonitinhos, onde nada acontece e o único momento de ação "propriamente dita" que podemos ver é a perseguição do tal vampiro rastreador à humana. Além disso os efeitos especiais não são especiais e parecem que foram tirados de algum seriado de baixo orçamento dos anos 90.

Resumindo, o filme é ruim porque eu não consegui entender a sutileza do filme, não consegui prever que ele terá uma continuação com mais 3 filmes, não tive a capacidade de saber realmente do que se tratava o livro que deu base para o filme, e ainda sim expresso minha opinião de como o filme foi medíocre.

2º a de espectador que não leu o livro, mas ainda sim tem conhecimento de mundo suficiente para relacionar o filme com esse conhecimento e assim dar sua opinião:

Bom, ver o filme sem ter lido o livro é péssimo porque geralmente as adaptações cortam algumas cenas de êxtases e sutilezas que acontecem nos livros e que nos permite entender melhor as personagens e suas motivações, imaginem quais seriam as notas aqui no cineplayers para O Senhor dos Anéis se ninguém da equipe tivesse lido o livro; além dessa dificuldade existe ainda a proeza de avaliar um filme baseado em um livro que é dividido em atos, novamente posso me remeter ao filme O Senhor dos Anéis; tendo isso em mente acho que deixei claro as dificuldades de avaliar esse filme, e vou levar tudo isso em conta na minha critica.

Mesmo sem ter lido o livro dá para perceber claramente que o filme/ livro tem por base uma nova abordagem sobre vampiros que vem sendo adotada recentemente , essa nova abordagem para mim tem uma forte influencia do cenário de RPG World of Darkness principalmente do livro/jogo de RPG Vampiro a máscara e Lobisomem o apocalipse, veja os pontos em comum:

Vampiros se sentem como monstros incapazes de ferir a raça humana à qual um dia eles pertenceram, isso fica claro no filme, e apesar de ter alguns vampiros que fogem a essa regra isso também é previsto no cenário de RPG que eu citei.

Vampiros e lobisomens são raças inimigas, apesar de eu não ter lido o livro dá para perceber de cara que o amigo de Isabella que mora na tal reserva é um lobisomem, e que a rixa entre vampiros e lobisomens invariavelmente vai aparecer nos futuros filmes

Certos poderes vampirescos como: Visão do futuro, Leitura de mentes, só aparecem nesse filmes com essa tal abordagem moderna, e que reforçam mais ainda a influencia do RPG que citei.

Não temer a cruz ou a alho, o temor a essas coisas é muito comum na mitologia vampiresca porém nessa nova abordagem isso é só lenda.

Esses são apenas alguns, dentre muitos, pontos em comum com os livros/jogos de RPG citados.

Levando essa nova abordagem em consideração, os fãs de Stoker não tem nada a reclamar, já que o filme não foi baseado na interpretação da mitologia vampiresca que Stoker fez e sim nessa nova abordagem da mitologia que eu expus, indo mais fundo ainda vemos que o filme não tem problemas estruturais em relação ao enredo já que a autora do livro faz sua própria interpretação da mitologia vampiresca.

E já que podemos avaliar a abordagem dramática do filme como “banal” e “rasa”, também não podemos esquecer que o filme terá mais quatro atos, e que provavelmente se aprofundara ao que se propôs.

Esse filme traz a tona uma das grandes dificuldades que críticos do mundo inteiro têm, a de avaliar um ato de uma trilogia sem levar em consideração a obra completa, e como eu disse no começo da minha avaliação, quais seriam as notas do senhor dos anéis aqui no cineplayers se só levássemos em consideração um de seus atos.

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