"Um Domingo Maravilhoso" é o tipo de obra que reitera minha paixão pela sétima arte. Trata-se de uma película que nos olha ao mesmo tempo em que é olhada. Melhor: preenche-nos ao atravessar a tela com o espírito da vida e, como num golpe, rouba-nos, intrinsecamente, com a sua austera realidade.
Aqui, Kurosowa apresenta um casal lutando para sobreviver a um Japão pós-Segunda Guerra. Entretanto, à medida que amor e os sonhos sobrepujam esta realidade, passa-se a encarar o mundo de outra maneira. Manifesto que Kurosawa transmite não só em relação à realidade fílmica vivida pelo diretor, mas à nossa própria condição humana, pois apesar das nossas dificuldades, não podemos deixar que silenciem nossos sonhos.
Lírico e sincero. Atuações impecáveis de Isao Numasaki e Chieko Nakakita. A conclusão da obra é simplesmente sensacional: o poder dramático e poético que a cena no anfiteatro projeta arrebata e, como uma voz em uníssono, transporta-nos à trama, como espectadores ativos. A sinfonia inacabada de Schubert ainda ecoa em mim. Esta, sem dúvida, é uma obra-prima do mestre Akira Kurosawa.
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