Sean Penn leva as últimas consequências seu ativismo político em prol de todas as formas de esquerdismo e progressismo existentes: Bajulador do castrismo, das ditaduras sangrentas e assassinas no oriente médio, é conhecido crítico da sociedade ocidental, mas desconhece a forma humilhante com que as minorias são tratadas nos países sob a defunta égide do socialismo.
Em Milk, não poderia ser diferente, ele fecha a chave de ouro do progressista de esquerda moderno, interpretando Harvey Milk como se fosse uma militante moderado dos direitos humanos, mas ignorando o viés ditatorial politicamente correto e o submundo de drogas e sexo promíscuo que havia na São Francisco dos anos 70.
Milk tinha visões extremadas da sociedade e procurava impor seu ponto de vista sobre as demais visões, e disso pouco se fala, com o objetivo de remodelar a sociedade e inverter a lógica do preconceito: se antes os gays eram discriminados, por que não jogar sobre os cristãos a pecha de conservadores nojentos e hipócritas, por que não perseguí-los por cada oposição ao movimento, transformando-os em paria? Era o preconceito invertido. É de sua gerente de campanhas, Anne Kronenberg, as palavras:
"O que diferenciava Harvey de você ou de mim era que ele foi um visionário. Ele imaginou um mundo virtuoso dentro de sua cabeça e, em seguida, ele tomou providências para criá-lo de verdade, para todos nós. "
Vê-se que a mudança da realidade e a adaptação da sociedade, baseando-se no preceito das minorias, mas ignorando e marginalizando totalmente as opiniões vigentes, era a tendência da política de Milk. Contrário a invasão dos EUA no Camboja, em 1970, país formentador das maiores atrocidades contra os direitos humanos, ele deixava transparecer claramente um viés meramente político e situacionista em muitas de suas convicções.
Porém, Milk teve um papel decisivo na sociedade daquela época movida por extremo conservadorismo: Se hoje há excessos por parte dos militantes GLBT, com paradas gay pornográficas regadas a drogas e a criminalização do conservadorismo, na época os homossexuais eram perseguidos em seu direito individual de existir e nesse sentido, descontando todo o extremismo de esquerda, Milk tinha um objetivo nobre em muitos pontos. Embora algumas de suas tendências, como colocar o estado como tutor de todo o bem estar social, incluindo a monitoria dos pensamentos individuais, pudessem ser encaradas como comunismo puro e simples.
Como obra de arte, Milk tem um grande apelo, uma bonita película, com bela fotografia e excelente atuação de Penn. Mas como reprodução verídica da história, o filme peca em muitos aspectos, chegando a parecer uma panfletagem GLBT pura e simples, sem se ater aos detalhes draconianos do movimento e aos pontos de vista negativos de quem vivia na sociedade de São Francisco dos anos 70 e simplesmente estava cansado do movimento hippie e das drogas que destruíram muita gente, inclusive homossexuais honestos e trabalhadores. A liberação sexual da época (hetero e homo, diga-se de passagem), foi o canto do cisne que desencadeou a lepra dos novos tempos, a AIDS, e muito do que foi feito em termos políticos naquele período acabou sendo diluído pela epidemia que devastou, e ainda devasta, uma geração.
Como não poderia deixar de ser, a censura politicamente correta esteve presente, o dublador escalado para a versão brasileira de Milk foi censurado por se negar a dublar a personagem, e as pessoas que se opoem ao casamento gay também levaram mais um tapa da mídia e de Hollywood, tendo em Penn seu cicerone. Uma forma lamentável de preconceito com sinal invertido, visto que democrácia é respeito as diferenças, mesmo aquelas que consideramos mais execráveis.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário