Mad Max: Estrada da Fúria tem todas as premissas para ser um blockbuster: foi caro, com um custo a ultrapassar os 150 milhões de dólares, está repleto de cenas de ação e efeitos audiovisuais de tirar o fôlego e conta com a estética "sujinha refinada" que Hollywood incorporou depois de Sin City, possível graças aos avanços da Computação Gráfica na criação de fotorrealismo.
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De fato, George Miller é um grande diretor e não poupa na fotografia excelente, nos enquadramentos deslumbrantes do deserto com nuvens de poeira a varrer os céus como ondas de um mar estéril e na violência surreal embalada por cenas de ação convulsivas.
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Estes realmente são seus pontos positivos. Mas analisando a obra com olhos de lince e um senso crítico mais exigente, o que temos é uma espécie de steampunk futurista com uma agenda feminista bastante polêmica encarnada na personagem de Charlize Theron, a Imperator Furiosa. O próprio diretor consultou Eve Ensler, autor de Monólogos da Vagina, para criar uma personagem feminista empoderada e até pedante.
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Enquanto o filme desanda, homens são mostrados como vilões escravocratas que raptam mulheres para fins dantescos, ao tempo em que sua protagonista, Imperator Furisoa, tenta ao lado do pálido Tom Hardy, o Max Rockatansky, resgatá-las.
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Quem viu Tom Hardy como o memorável Bane de Batman-O Cavaleiro das Trevas Ressurge, pode se decepcionar: Simplesmente, não há Mad Max. Há um capacho de uma Charlize Theron grosseiramente disforme. Sem resquícios de feminilidade e muito autoritária. Se Quentin Tarantino manteve a essência feminina de Uma Thurman em Kill Bill, Miller destruiu esse ideal para agradar as feministas "puro sangue" ao tempo que conseguiu criar uma obra panfletária poderosa, suficientemente repleta de testosterona, tendo em vista, não perder o público masculino. Enfim a propaganda perfeita para vender sua agenda.
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O próprio crítico David Ehrlich observa o tom engajado do filme com velhões jargões frankfurtianos, "um retrato mítico sobre a necessidade de comando feminino em um mundo onde os homens precisam ser salvos de si mesmos", escreveu.
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Infelizmente, essa obsessão "anti-patriarcal" de George Miller e Brendan McCarthy,terminou em um filme com roteiro pífio, sem tramas paralelas, mas com uma produção orgásmica e muito cara. Max simplesmente não é chato, não se faz de negado, é subserviente, e acaba por perder muito de sua personalidade fatalista. Veredito: Assista, mas não pense muito.
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