Em Full Metal Jacket, mantem-se o singular estilo Kubrick de expor ao expectador o drama da mediocridade humana, onde, nós, deleitados pela exímia obra de arte que são seus filmes, ficamos ao final com o vazio interior ao refletir e se perguntar o porquê do mundo ser assim tão podre!
Kubrick é um gênio da dramaturgia no cinema, nem tanto pelo aspecto plástico das imagens ou cáusticos de suas cenas, mas pelos roteiros profundos e simples que possuem o dom de tocar o expectador... forçando-o a rever seus conceitos do que o mundo dita como padrão de certo e errado. São filmes que sutilmente gritam: "Acordem! É esse o mundo que você gostaria de viver?!"
No caso do tema do filme em questão, tenho a acrescentar que patriotismo é o sentimento medíocre que somos incentivados a cultivar como algo bom. Pura mentira. Não existe patriotismo, ou melhor, o único patriotismo que deveria existir é o sentimento de ser Patriota da Vida, pois somos seres humanos, não brancos e negros, americanos ou russos, capitalistas ou comunistas... somos seres humanos, ou deveríamos ser.
Patriota é o pobre ignorante que acredita ser melhor que os outros porque se iludem com os déspotas que os governam.
Há uma frase que gosto de citar. Uma frase que expressa com perfeição a máxima da incoerência, contradição e do paradoxo humano:
"Os seres humanos são os seres mais desumanos que existem!"
Assistir aos filmes de Stanley Kubrick é assistir uma aula, uma aula de vida, de reflexão que nos permite ser pessoas melhores.
Para me fazer assistir um filme de guerra só mesmo o Kucrick. Realmente o filme deixa a desejar um pouco da segunda metade para o fim, mas nada que comprometa a grandiosidade da obra.