Superman é considerado o maior de todos os super-heróis. Kal-El é um alienígena, que ao crescer e viver na Terra adquire super-poderes. Seu alter-ego, Clark Kent é uma pessoa inerentemente boa, sempre busca fazer o correto e, como Superman, defende a Terra e o bem-estar de seus habitantes. Após 5 filmes já realizados sobre o personagem e a onda de heróis “pé-no-chão” trazida pela trilogia do Batman de Christopher Nolan, a Warner decidiu recontar a origem do herói buscando o máximo de realismo possível.
Agora Kal-El (o filme é muito mais sobre ele do que sobre Clark) possui conflitos internos sobre sua posição em nosso planeta. E isso deriva das visões de seus dois pais: Jor-El, seu pai biológico, acredita que Kal é uma espécie de benção para os humanos e que trará desenvolvimento e prosperidade para nossa raça. Já Jonathan Kent, humano que encontrou e criou Kal na Terra, teme pela reação da sociedade ao descobrir que um alienígena vive em nosso planeta.
É nessa dicotomia e no paralelo com Jesus que o filme se desenvolve. Ou pelo menos tenta. Aliás, a ideia de que Kal é Jesus nos é martelada o tempo todo. Desde a cena de seu nascimento (com os questionamentos de sua mãe biológica), passando pela cena da igreja com o herói e Jesus dividindo o mesmo enquadramento até o momento que, de fora da Terra, Jor-El diz para seu filho salvar a Terra enquanto este plana de braços abertos. Em tempo, Clark tem 33 anos. Mas o filme para por aí. Sem muito tempo para respirar e louco para chegar às cenas de ação, o diretor Zack Snyder cria apenas uma cena em que Kal mostra-se numa briga interna entre assumir seu papel de deus ou não, a já citada cena da igreja.
Quem obriga o herói a se revelar é Zod. Kryptoniano condenado à prisão que sobreviveu à destruição de seu planeta, Zod procura Kal-El e o Codex (único instrumento capaz de garantir a continuidade de sua raça) por todo o universo, e os encontra na Terra, obrigando os habitantes do planeta a entregá-los. Zod é uma figura diametralmente oposta a Kal, já que nasceu com um único propósito: garantir a segurança de seu planeta e de sua raça. A trama do vilão é muito bem desenvolvida, de modo que o enxergamos como um homem preso pelo próprio destino, sem a mesma oportunidade de escolha que Kal tem.
Encarnando brilhantemente Zod temos Michael Shannon. O ator transmite toda a obsessão e angústia do kryptoniano em sua missão. Repare na cena em que ele implora para que Superman não acabe com a última chance de Krypton. Liderando o filme como Kal-El, Henry Cavill se sai bem nas poucas cenas que é exigido (como quando vive um Clark adolescente), ainda mais se contarmos o peso imenso que é substituir Christopher Reeve (que é homenageado tendo seu rosto fundido com o de Cavill numa cena). Russel Crowe e Kevin Costner transmitem toda sabedoria que se espera dos mentores de Superman, Jor-El e Jonathan, respectivamente. Fechando o elenco principal Amy Adams também confere peso a Lois Lane como sendo a única pessoa no mundo a ter alguma relação com o Homem de Aço. É uma pena que na segunda metade do filme sua personagem se torne completamente descartável.
Talvez o ponto que o filme mais chame atenção sejam as lutas. Diferente de tudo que já vimos no cinema, presenciamos embates entre verdadeiros deuses. Esqueça o termo “contagem de corpos”. Aqui temos é “contagem de prédios e carros”. Surpreendendo, Snyder abre mão de suas câmeras lentas e aqui possui outro fetiche: o zoom. Em várias cenas temos um plano aberto para então o diretor focar em algum ponto da batalha. Esse recurso, aliado ao altíssimo nível de CGI e câmera tremida, dá a impressão de estarmos jogando video-game. Se isso é bom ou ruim vai de cada espectador. A câmera na mão aliás é usada mais do que deveria, inclusive em cenas calmas como uma conversa entre pai e filho. Isso tudo faz parte do realismo almejado pelos realizadores.
Talvez o ponto em que o longa acerta em cheio seja a ordem em que a história é contada. Após a introdução em Krypton, pulamos diretamente para Clark adulto percorrendo o mundo atrás de sua origem. A medida que o protagonista se vê diante de algum dilema, vemos flashbacks de sua infância e os importantes ensinamentos de seu pai. É uma bem-vinda diferenciação dos outros filmes de origem.
Contendo ainda easter-eggs e uma cena final inspirada, essa mistura de Árvore da Vida com Dragon Ball Z empolga em alguns momentos e aborrece em outros. Mesmo não atingindo a complexidade desejada em torno do protagonista, Man of Steel é um bom início para a jornada do Azulão.
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