Com muito mais ação e humor, Homem de Ferro 2 mantém o nível do primeiro filme e cumpre seu principal objetivo: divertir.
A diversão pode ser um fator interessante em "Iron Man 2". Nesta sequência, não são necessárias explicações de como surgiu o super-herói, nem de apresentações dos personagens principais e do que gira ao redor deles. Quando o primeiro filme saiu em 2008, muitas pessoas sairam dos cinemas decepcionadas com o que viram. Homem de Ferro possuia grandes efeitos visuais, mas eles eram pouco mostrados devido ao número limitado de cenas de ação. Boa parte do filme havia sido preenchida com sequências de explicações e apresentações da trama do protagonista, o que garantiu um ritmo mais lento à história e acabou decepcionando alguns espectadores, que esperavam uma dose de diversão maior. Em "Homem de Ferro 2", como já foi dito, tais explicações não são mais exigidas, o que dá ao diretor Jon Favreau maiores possibilidades de trabalhar em cenas de ação. E acabou sendo esse o principal fator pelo sucesso do filme pelo mundo. Em menos de duas semanas, a produção já havia arrecadado mais de 467 milhões de dólares em todo o planeta, um valor impressionante que lhe dá, entre outras características, o rótulo de "blockbuster". Mais tarde, "Homem de Ferro 2" encerraria sua passagem pelos cinemas com uma arrecadação total de mais de 622 milhões de dólares, um valor acima das expectativas.
Depois de anunciar para quem quisesse ouvir que era o Homem de Ferro, Tony Stark garantiu ainda mais fama para sua imagem de playboy narcisista. Dono de um arsenal bélico poderosíssimo, Stark agora suporta a pressão exercida pelo governo e pela mídia para que ele revele os segredos da sua avançada tecnologia. Muitos querem saber como é feita a armadura do Homem de Ferro, mas Stark é irredutível e está disposto a ficar de boca fechada. Ele, com medo de que os seus segredos sejam revelados e as informações de sua tecnologia exclusiva cheguem a mãos erradas, acaba, aos poucos, perdendo muito da confiança que as pessoas tinham sobre a figura do super-herói que o próprio Stark contruira.
Mas aquilo que ele temia acabou se tornando realidade, já que Ivan Vanko, filho de um físico russo muito conhecido, surge impressionando a todos com armas de última tecnologia. Stark, agora com menos credibilidade e com fama ainda maior de exibicionista, procura, ao lado da amante Pepper Potts, do amigo James Rhodes e da secretária Natalie Rushman, acabar com o poder de destruição de Vanko, que conta ainda com a ajuda financeira de Justin Hammer, principal rival de Tony Stark.
Depois de lida a sinopse, fica evidente que Jon Favreau não poupa o espectador de uma tonelada de clichês intermitentes, os quais fazem a história ficar bem mais simplista e superficial. Favreau usa da velha fórmula do super-herói versus vilão russo; tecnologia exclusiva versus tecnologia avançadíssima; anti-herói pra cá, tramas e traições pra lá. Tudo é muito previsível, o que prejudica e muito o andamento do filme. Favreau, no entanto, é competente ao dirigir as cenas de ação, agora com muito mais destaque. A sequência de Mônaco, por exemplo, é a melhor do longa e possui um ritmo acelerado e corretíssimo. Desta vez os efeitos especiais, mais uma vez grandiosos, estão presentes de forma mais discreta (se é que isso é possível em meio a tantas explosões e capotes). Apesar da barulheira, das várias batidas e do uso incansável da tecnologia tão comentada ao longo do filme, a cena do GP de Mônaco possui uma dose interessantíssima de realismo, proporcionado graças à boa direção de Favreau e ao bom senso que ele demonstrou ter ao não extrapolar no uso dos efeitos.
E posso até cair no lugar-comum ao dizer isso, mas não existe ninguém melhor que Robert Downey Jr. para interpretar Tony Stark. A personificação de personagem criada pelo ator funciona perfeitamente e, somando a imagem de playboy do protagonista com o carisma inigualável do intérprete, temos, no mínimo, (mais uma) atuação brilhante. Na minha opinião, assim como Jack Sparrow está para Johnny Depp, Tony Stark está para Downey Jr.: o personagem de sua vida.
O restante do elenco aparece de forma mais discreta, o que dá à Mickey Rourke, responsável pelo vilão mais interessante dos dois filmes, a chance de apresentar uma boa interpretação. E ele o faz. Rourke, que voltou com tudo em O Lutador, não parou de ser chamado para os mais diversos papeis no cinema desde então. Como Ivan Vanko, muito provavelmente o personagem mais diferente que ele já interpretou na vida, ele entrega mais uma atuação competente. Outras duas figurinhas novas da história do Homem de Ferro são a Viúva Negra de Scarlett Johansson e o James Rhodes de Don Cheadle. Este último, na verdade, apareceu com destaque no primeiro filme sob a pele de Terrence Howard, mas voltou no segundo sob a responsabilidade de Cheadle, que entrega apenas uma atuação correta, sem brilhos. O mesmo vale para Natalie Rushman (ou Natasha Romanoff), a Viúva Negra que traz a belíssima Scarlett Johansson como intérprete. A atriz não ganha muito destaque e sua personagem, apesar de estar em uma das cenas mais divertidas de todo o filme, não é muito bem desenvolvida. Assim, Johansson aparece da mesma forma que Cheadle: apenas correta. Mas o filme ainda conta uma figurinha repetida. Pepper Potts continua à cargo de Gwyneth Paltrow, uma atriz cuja carreira vive de altos e baixos. Aqui, ao contrário do primeiro filme, ela encontra o tom certo para a sua personagem.
Com muito mais diversão e com uma dose extra do carisma de Robert Downey Jr., Homem de Ferro 2 não apresenta nem uma evolução, nem um retrocesso em relação ao longa original. Mantendo o mesmo nível, Jon Favreau realiza um bom trabalho, mas continua falhando no comando da história, recheada de clichês. Os efeitos continuam ótimos e são muito mais bem utilizados. Desta vez, pode-se dizer sem perigo que a diversão veio, e veio pra ficar.
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