Interessante, mas sem maiores atrativos. A biografia da mulher que revolucionou a moda tem uma história chamativa, mas tropeça no próprio pé ao não ousar nem inovar. Exatamente o oposto do que fez Gabrielle Chanel.
Não que isso tenha uma importância maior do que lhe deva ser oferecida. Coco Antes de Chanel segue o título ao pé da letra. É, como o próprio nome diz, a história da garota que virou ícone da moda quando estava viva. Mas não se engane pensando que vai ver um filme onde a jovem, porém experiente estilista que trouxe para o mundo o "pretinho básico", os chapéus, bolsas e sapatos diversificados, conquista as passarelas do mundo todo e revoluciona a moda para sempre. Aqui acompanhamos a sua trajetória desde a infância, quando é largada pelo pai em um orfanato de freiras, até o seu primeiro grande desfile, mas para por aqui. O roteiro de Anne e Camille Fontaine sintetizam a vida de Coco antes de virar Chanel, mas o faz sem ousar em praticamente nada. Pois bem, essa cinebiografia é sobre uma mulher que trouxe modernismos e ousadias para o mundo da moda, mas as semelhanças do filme com Piaf - Um Hino ao Amor são logo notadas.
Ao contrário do filme de Olivier Dahan, o longa dirigido pela diretora Anne Fontaine não acompanha a vida da protagonista até a sua morte. Mas passa por todos os processos de sofrimento, vida e carreira daquela que está sendo "homenageada". Claro que essa análise não será feita apenas de comparações, mas é bom intensificar que existem claras inspirações na biografia da cantora Edith Piaf em "Coco Avant Chanel". Mas se existe uma diferença que salta aos olhos entre os dois filmes é justamente a atuação da personagem principal.
Audrey Tautou, ao contrário do que fez Marion Cotillard com sua espantosa personificação em 'Piaf', atua de forma correta e nada mais. Sua interpretação segue uma linha reta e não demonstra emoções nem qualquer outro aspecto que mereça elogios. Equivocada, a jpvem atriz francesa não encontra o tom necessário para interpretar Gabrielle Chanel, embora seja extraordinariamente parecida com a estilista (foram usados poucos recursos de maquiagem na atriz).
Anne Fontaine, pela experiência que tem, ficou devendo na direção do filme.A cinebiografia é interessante até um certo ponto, depois começa a virar enrolação e os espectadores perdem parte do interesse pela história quando nada de confiltante acontece. A narrativa linear cansa em vários momentos e nada existente no roteiro, adaptado do livro de Edmonde Charles-Roux, é capaz de tirar o longa do lugar comum que acabou caindo. Na verdade, são diálogos frios e nada impactantes que deixam tudo ainda mais aquém do que poderia ter sido apresentado.
Mas se existe algo no filme que merece o máximo de atenção são os figurinos (peças importantíssimas para a construção da narrativa) e a excelente trilha sonora de Alexandre Desplat. Como não poderiam deixar de ser, as fabulosas vestimentas desenhadas por Catherine Leterrier saltam aos olhos em meio há tanta extravagância da época. Para os ouvidos, Desplat cria um conjunto de faixas musicais extraordinário, com músicas suaves e bem orquestradas, provando ser um dos compositores mais competentes em ação.
Se a história de Gabrielle "Coco" Chanel é marcada pelo papel que essa corajosa mulher representou no mundo fashion, a sua cinebiografia ficou devendo principalmente neste aspecto. Um filme de razoável entretenimento para quem curte assuntos de moda. Mas equivocado, sem grandes interpretações (com excessão do hilário Benoît Poelvoorde) e morno, sem nada de novo há ser proposto.
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