"It's easy to deceive,
it's easy to tease,
but heard to get released..."
Sabe aquela música "Eyes Without a Face", do Billy Idol, que se tornou um dos maiores hits mundiais durante a década de 80? Pois bem, provavelmente se você já ouviu falar dela e a curte, há uma grande chance de conhecer este clássico do terror, no qual a mesma canção se inspira.
Falo do homônimo "Os Olhos sem Rosto", filme francês de 1960, dirigido pelo cineasta Georges Franju e adaptado do romance de Jean Redon. Ele traz a história de um famoso cirurgião, que após desfigurar a filha num acidente de carro, lança-se no desenvolvimento de uma nova forma de transplante facial a partir de uma doadora viva, fato este que o levava a matar suas pacientes para roubar-lhes os rostos.
A primeira coisa que chama a atenção no filme é naturalmente sua bizarra sinopse. Afinal, que ser humano, em sã consciência, faria algo assim? Até que ponto alguém pode ir para corrigir um erro quase irreparável? Antes de responder, lembre-se que estamos diante de um conto sobre obsessão e culpa, e não, apenas de um fanático louco que quer se passar por Deus.
A partir daí, o que vemos, então, é o mesmo ciclo, as inúmeras mortes. Já não existe ética ou moral. Tampouco resta expressão sob a máscara emborrachada de Christiane. Porém, se seu rosto pudesse dizer algo, compartilharíamos de sua esperança evaporada. Ela grita: "Pára!", seu pai continua. "Olha, minha filha, conseguimos uma nova doadora!". Dias depois, outra tentativa frustrada, outra face necrosada.
Os Olhos sem Rosto é o inferno do permanente. Como na visão dos cachorros, figuras tão representativas ao longo da história, a bela fotografia se fundiu em preto e branco e a melancolia parece não ter precisado vir de outra galáxia para destruir o mundo dos personagens. E quem poderia imaginar que seria na trilha do jovem promissor Maurice Jarre que encontraríamos verdadeiras notas de horror? Bernard Hermann que me perdoe...
No fim, em meio a elementos fantásticos e outros realistas, sinta-se convidado. Convidado a conhecer vidas dilaceradas. Tudo isso não é muito diferente daqueles filmes sobre zumbis que assistimos e achamos graça. Hoje, contudo, os seres dotados de polegares opositores não estão atrás de cérebros, eles querem beleza. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.
Agora que já vi o filme, posso confirmar: sua crítica está ótima!
A trilha sonora é maravilhosa, como bem citado em um dos parágrafos, e as conclusões a que você chegou são bem parecidas com as minhas.
Parabéns novamente, rapaz! 😋
Levei de baixar haha....Não quero levar bronca 😏😏
A obra-prima de Franju. Grande filme. Ver o pai tentando salvar a filha ao mesmo tempo que vai matando-a aos poucos é angustiante. Filme muito intenso e que alcança uma proximidade psicológica enorme.
*Lembrei* Citizen kkk
Ta na hora de colocarem uma ferramenta de edição de comentários aqui haha