Feliz da criança que através da imaginação consegue criar um mundo paralelo e então se resguardar nele da dura realidade que a cerca. E não se trata de uma fuga. Na infância ainda não se tem como discernir que tal momento lhe vem como válvula de escape, só sente a necessidade de se estar nessa fantasia até para lhes restaurar as forças. Como também ainda nessa fase não se tem ideia de que essa tensão fica guardadinha até que algo no futuro a traz à tona…
É Pamela Travers quem nos conduz numa viagem de volta ao seu próprio passado onde mais do que resgatar a menina que fora se vê tendo que revisitar velhos fantasmas. Um em especial e para o qual tinha um apreço muito grande: seu próprio pai, Travers Goff. E por que isso ainda era algo tão dolorido se o amara tanto? Se fora com ele que aprendera a dar asas a imaginação? Essa é a história que temos como pano de fundo em “Walt nos Bastidores de Mary Poppins“, mas que na realidade é também a principal já que fora esse trecho de sua vida também a fonte de inspiração para a história do livro.
Quem vive Pamela Travers é uma das grandes divas do cinema: Emma Thompson. Não tem como não se encantar como também não se emocionar com sua performance. É de se acompanhar também com peso no coração quando adentramos em seus pensamentos e então como num passe de mágica nos vemos diante dela em menina: a pequena Ginty, que era como o seu pai a chamava. É onde também encontramos uma outra performance magistral: a de Annie Rose Buckley. Que Annie tenha uma carreira longa! Meus Parabéns também para o Diretor John Lee Hancock, não apenas pela escolhas de ambas as atrizes, mas também pela passagem de uma personagem para o da outra! Perfeito!
Pamela Travers tentou por quase duas décadas se esquivar de Walt Disney, em ceder a ele os direitos em filmar sua heroína, Mary Poppins. Até que seu advogado Sr. Russell (Ronan Vibert) lhe traz de volta a uma outra realidade. Até por se encontrar sem inspirações para novos livros, o dinheiro estava terminando, e que a levaria até a perder a casa que tanto amava. Ele então lhe lembra da nova proposta de Walt Disney: de que lhe deixariam mexer no Script… Sem mais ter como manter a recusa viaja para Los Angeles: para o mundo de fantasia do Wall o qual não via com bons olhos…
Pelo tempo em que insistia… Walt Disney ia retirando as barreiras que ela colocava. Uma fora até benéfica a todos nós fãs das Animações principalmente para essa então Disney. É que no início basicamente eram filmes com Mickey Mouse, Pato Donald… Então para agradá-la ele começou a filmar outros Clássicos da Literatura Infantil como Cinderela, Alice no País das Maravilhas, Peter Pan… Pois é! Tudo isso porque Walt Disney desde que lera o livro pela primeira vez lhe veio o querer levar “Mary Poppins” para a telona, e até por um pedido de sua filha de quem ganhara o livro. Vira todo o potencial da história de Travers. O que não deixa de ter sido um gênio em sua arte!
Quem interpreta Walt Disney é Tom Hanks. Ele que já nos presenteou com personagens memoráveis… Nesse filme ficou meio travado. Não sei se pelo peso da maquiagem, mas não ficou espontâneo, ficou caricato. E olha que nessa história nem precisaria ser ou ficar parecido com Walt Disney. Bastaria apenas demonstrar a paixão pela indústria do Cinema, pela magia gerado por ela e que encanta crianças e adultos… Mas enfim, mesmo Tom Hanks não tendo uma performance memorável, mesmo que a história em si lhe confira um certo peso a essa figura tão importante… em suas passagens por “Walt nos Bastidores de Mary Poppins” Hanks as cumpriu bem! Muito embora na cena final onde de fato vem o porque do título original – Saving Mr. Banks -, e que enlaça toda a trama, eu queria me emocionar também com ele, e não apenas com a Miss Travers!
A parte cômica concentram-se nas reuniões entre Pamela juntamente com o Roteirista Don DaGradi (Bradley Whitford) e os Irmãos Sherman, Bob (B.J.Novak) e Richard (Jason Schwartzman), os responsáveis pela parte musical do filme, e sem esquecer da “moça das gulodices” (Melanie Paxson). As falas são ótimas e a que se refere as músicas não deixa de ter um fundo de verdade já que uma delas nos “acompanha” até uns dias após assistir o filme. Mas também não deixa de ser engraçado! Enfim, ganhamos nós nessa guerra de nervos onde por parte deles pesa a dose extra de paciência para a quase sempre do contra Pamela… São cenas também apaixonante para quem ama musicais em filmes!
Seguindo ainda pelas falas… e até por aquelas deixadas no ar… Me levaram a comprar o livro de onde foi inspirado esse filme. É o “Mary Poppins e sua criadora – A vida de Pamela Travers“, de Valerie Lawson. Um livro que pelo início já senti que será um daqueles que levarei um tempo maior para ler por ir parando para copiar certas citações, frases, passagens… Estou amando!
Voltando ao filme… Destaque também mais alguns personagens. Dois que fizeram dobradinhas com a personagem: ela na do passado e com a do presente. Assim, com a doce e meiga Ginty, temos o pai: um sonhador, um cavaleiro errante… Travers Goff não se enquadrava até as convenções mais básicas: de que deveria ser o provedor de sua família. De que o mundo não era só de fantasias. Uma excelente performance de Colin Farrel! Onde até pelo gestual, sentimos todo o drama da menina. E no presente, a dobradinha com a um tanto ranzinza Pamela, o motorista designado por Walt Disney para acompanhá-la por Los Angeles, Ralph. Performance excelente e encantadora de Paul Giamatti! Ralph parecia ter a chave mágica para adentrar no coração de Pamela. Passado e presente que emociona muitíssimo!
“Todos nós precisamos sentir que estamos em busca da magia… de que uma varinha mágica irá surgir… Contudo, somos nós mesmos que temos que sacudir essa varinha…“
Assim, se lá no início do século passado, em um lugar no continente australiano, uma menininha pressente que os ventos do leste não trariam boas notícias… Por volta dos anos 60, em Londres, então adulta, pressente por ele que terá que reviver tudo outra vez… E revive enquanto revisa página por página daquele roteiro que lhe é tão caro, tão dolorido… Minhas lágrimas também desceram junto com as de Pamela no final… Um filme que irá agradar principalmente a quem Mary Poppins fez parte do imaginário infantil. Para ver e rever! Nota 10!
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